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Homenagem da Disney aos mangás abre Festival de Cinema de Tóquio

23/10/2014 11h51

A première mundial da animação "Operação Big Hero", homenagem da Disney aos mangás de ficção científica japoneses, deu o tom que o Festival Internacional de Cinema de Tóquio procurava para a abertura de sua 27a edição. Inaugurado na noite desta quinta no Japão (período da manhã pelo horário de Brasília), o evento dará ênfase este ano ao que o cinema do país tem de peculiar, aos olhos do mercado internacional: a tradição do animê (produções de animação, muitas delas calcadas nos quadrinhos japoneses, os mangás).

Com lançamento agendado nas salas brasileiras para 25 de dezembro, "Operação Big Hero" foi fortemente inspirado pela cultura japonesa. O jovem Hiro Hamada e seu robô Baymax representam a primeira dupla de heróis nipônicos dos estúdios Disney. O longa-metragem é baseado nos quadrinhos da Marvel "Big Hero 6", criados no final dos anos 1990, por Duncan Rouleau e Steven T. Seagle, que recorreram a elementos de enredo e de design típicos dos mangás.

Com produção executiva de John Lasseter, "Operação Big Hero" é ambientado num cenário futurista chamado San Fransokyo (cruzamento entre San Francisco e Tóquio). Com um corte de cabelo desgrenhado (típico dos adolescentes japoneses), o prodígio Hiro Hamada e sua criação, o robô Baymax, reúnem um grupo de heróis improváveis para combater o crime nas ruas. "Nós fomos muito influenciados pela estética, pela sensibilidade e pela narrativa das animações japonesas", disse Chris Williams, que codirigiu o título com Don Hall. "O traço japonês apresenta uma grande simplicidade, mas sem perder a essência, sobretudo no que diz respeito à expressão das emoções", completou Williams.

A dupla visitou Tóquio há três anos, quando eles iniciaram o projeto de "Operação Big Hero". "Nós fotografamos a cidade de todos os ângulos, para reconstituir o lado japonés de San Fransokyo com uma riqueza de detalhes, em termos de design urbano", contou Hall. O conceito de robô usado no filme já marca a influência da cultura pop japonesa, na visão do diretor. "No Japão, essas máquinas costumam ter um papel positivo, na esperança de um futuro melhor - diferentemente da visão de robôs no ocidente", disse ele.

Após a abertura com "Operação Big Hero", o Festival de Tóquio manterá o foco em animê com outros filmes do gênero, além de retrospectivas e eventos. O cineasta japonês Hideaki Anno mostrará cerca de 50 de seus trabalhos em animação, incluindo filmes, curtas-metragens, telefilmes, vídeos promocionais e comerciais de TV, em retrospectiva.

Um dos títulos selecionados para a mostra Special Screenings foi "Tatsumi", que celebra o trabalho de Yoshishiro Tasumi, um conhecido artista japonês de mangá que terá sua obra adaptada ao cinema pela primeira vez, pelas mãos do diretor Eric Khoo.

A programação do festival ainda inclui a première mundial da animação "Pikmin Short Movies", produzido por Shigeru Myamoto, mais conhecido como o criador do personagem Super Mario, do universo dos videogames.

A maratona cinematográfica será encerrada no dia 31 deste mês, com a projeção de "Parasyte", filme de Takashi Yamazaki, baseado num manga japonês que cruza elementos de horror com os de ficção cientifica.

Até uma convenção de cosplay (abreviação de costume play) foi programada durante o festival para homenagear, ainda que indiretamente, a tradição do mangá e do animê. Foi o Japão que popularizou o cosplay, hábito de se vestir como personagens de manga, animê, videogame ou filme. Neste domingo, os mais famosos cosplayers, vindos de 22 regiões japonesas e de outros países, participam da convenção. O encontro será realizado extraordinariamente pelos líderes do World Cosplay Summit, evento organizado apenas uma vez por ano, em Nagoya.