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Setor elétrico volta a pesar, Bovespa perde força e fecha estável

20/01/2015 18h04

A bolsa brasileira começou a terça-feira em forte alta, embalada pelas ações da Petrobras, mas encerrou o pregão estável, pressionada pela baixa das ações do setor elétrico. Os papéis acentuaram as perdas após declarações do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, de que o apagão intencional ocorrido ontem não foi decorrente de falta de energia, mas de uma falha técnica.

Segundo operadores, a fala do ministro não aliviou em nada a sensação de que novos apagões, intencionais ou não, poderão ocorrer. Além disso, cresceu a avaliação de que é apenas uma questão de tempo para o governo decretar racionamento de energia, caso as chuvas não aumentem consideravelmente nos próximos meses.

"Embora seja difícil avaliar a probabilidade de outros incidentes como esse, acreditamos que a medida adotada evidencia a pressão extrema sob a qual o sistema está sendo operado", destacou a analista do Itaú BBA Paula Kovarsky em relatório enviado a clientes. O banco avalia que o risco de racionamento de energia elétrica aumentou para 35%, em relação à estimativa anterior de 26%, assumindo a nova projeção de chuvas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para o mês de janeiro.

As ações do setor voltaram a liderar as perdas do dia: Eletrobras PNB (-5,53%), CPFL ON (-2,68%), Eletrobras ON (-2,59%) e Copel PNB (-2,02%). As elétricas pesaram sobre o Ibovespa, que fechou em alta de apenas 0,25%, aos 47.876 pontos, com volume de R$ 5,364 bilhões.

A maior baixa do índice, pelo segundo dia seguido, não foi uma elétrica, mas a petroquímica Braskem (-6,53%). Além da possibilidade de racionamento prejudicar a empresa, a Braskem sofre diante da expectativa de aumento no custo da energia fornecida pela Chesf.

A companhia, assim como outras empresas como Vale, Gerdau, Paranapanema e Ferbasa, esperavam que o governo prorrogasse até 2042 o subsídio da energia fornecida pela estatal. No entanto, a presidente Dilma Rousseff vetou a Medida Provisória 656 que tratava do tema. O contrato atual da Chesf com essas empresas termina em junho. A Ferbasa já ameaçou desligar 13 dos 14 fornos de produção de ligas de ferro-cromo caso o subsídio energético não seja mantido.

Entre as principais ações do Ibovespa, Petrobras PN chegou a subir mais de 7% e liderar os ganhos do índice pela manhã, após a estatal confirmar que repassará integralmente para os preços dos combustíveis o aumento da Cide e do PIS/Cofins anunciado ontem pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy. Mas o papel perdeu força no fim da tarde, encerrando com ganho de 1,41%.

"O pacote anunciado pelo Levy é uma sinalização positiva. O governo está tentando arrumar a casa para reverter a queda na popularidade do governo nos próximos dois anos", avalia o estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira. "Além disso, a Petrobras demonstrou maior autonomia ao repassar o aumento dos impostos, o que também é positivo."

Itaú PN (0,33%) e Bradesco PN (-0,31%) terminaram o dia em campos opostos, Ambev ON subiu 1,44% e Vale PNA teve leve ganho de 0,57%, mesmo após a confirmação de que a China cresceu 7,4% no ano passado, levemente acima dos 7,3% estimados pelos economistas.

Na ponta positiva do Ibovespa se destacaram Cosan ON (4,47%) e as administradoras de shopping centers BR Malls ON (6,43%) e Multiplan ON (3,60%) As ações da Cosan reagiram ao aumento da Cide e PIS/Cofins sobre a gasolina, o que deve tornar o preço do etanol mais competitivo em relação ao combustível fóssil.

Já as empresas de shoppings sobem diante da queda dos juros de longo prazo, enquanto a expectativa de inflação de curto prazo segue elevada. Pereira, da Guide, lembra que o setor de shoppings, assim como o de concessionárias de rodovias, são boas opções para se proteger da inflação e ganhar com o diferencial de juros, uma vez que os contratos de aluguel de lojas e de pedágios estão atrelados aos índices de inflação.