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Juros futuros sobem com Grécia e expectativa de alta da inflação

26/01/2015 17h40

Depois de esboçarem uma arrancada pela manhã com a escalada do dólar até R$ 2,60, os juros futuros perderam força ao longo da tarde e fecharam em leva alta nesta segunda-feira na BM&F. Segundo analistas, os motores para o aumento dos prêmios de risco foram as tensões provadas pelo desfecho da eleição na Grécia e a rodada de piora das expectativas de inflação no boletim Focus.

Com máxima de 12,74%, DI janeiro/2016 chegou ao fim do pregão a 12,71% (ante 12,68%). DI janeiro/2017 atingiu 12,42% na máxima, mas encerrou a sessão regular girando a 12,36% (ante 12,34%). Na ponta longa da curva, DI janeiro/2021 fechou a 11,67% (ante 11,64%), após ter atingido 11,79%.

Embora longe de desencadear um grande movimento de aversão ao risco, a vitória do partido de esquerda Syriza - crítico à austeridade fiscal imposto pela União Europeia - no pleito grego de domingo (25) trouxe certa apreensão, sobretudo pela manhã. Em seguida, ganharam força os argumentos de que uma saída da Grécia da zona do euro, caso o Syriza opte por desfazer os acordos que garantem auxílio financeiro ao país, não seria um evento traumático. Além disso, a partir de março estará na rua programa de afrouxamento quantitativo anunciado na semana passada pelo Banco Central Europeu (BCE), o que garante liquidez farta aos mercados.

Também serviu de escora para a arrancada dos DIs pela manhã o quadro delineado pelo Boletim Focus. A mediana agregada das projeções mostra inflação maior e crescimento mais baixo neste ano. Enquanto a estimativa para o IPCA em 2015 subiu de 6,66% para 6,99%, distanciando-se do teto de tolerância da meta de inflação (6,5%), a expectativa para a expansão do PIB encolheu de 0,38% para 0,13%.

O quadro desalentador é explicado por alguns fatores: o realinhamento dos preços administrados; as chances cada vez maiores de racionamento de energia e água; e as preocupações com paradeira nos investimentos e restrição de crédito por conta da Operação Lava-Jato, que pôs grandes empreiteiras do país nas cordas e pode abalar as finanças de empresas país afora que fazem negócios com a Petrobras.

Já as estimativas para a taxa Selic permanecem em 12,50% ao ano, ou seja, o mercado espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) encerre o aperto monetário em março, com uma alta derradeira da Selic em 0,25 ponto percentual.

O mercado deve acompanhar amanhã a primeira reunião ministerial do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Segundo a jornalista do Valor Claudia Safatle, "uma das principais mensagens que a presidente deixará será o apoio às medidas fiscais" propostas pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento). A jornalista relata que ambos preparam uma apresentação sobre os rumos da economia neste ano e em 2016, que será seguida de pedido "colaboração" dos demais ministros "para o corte de gastos".