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Copiloto da Germanwings omitiu doença de empregador, diz fonte

27/03/2015 09h53


Atualizada às 09h46

O copiloto do Airbus A320 da companhia aérea alemã Germanwings que caiu nos Alpes franceses na última terça-feira, matando 150 pessoas, escondeu de seu empregador que tinha uma doença, disseram nesta sexta-feira promotores alemães que investigam o caso.

As gravações da cabine do avião que fazia a rota entre Barcelona, na Espanha, e Düsseldorf, na Alemanha, parecem indicar que Andreas Lubitz se trancou sozinho na cabine, impedindo a entrada do piloto, e provocou a queda da aeronave. Promotores franceses não encontraram ligação do ato com motivos religiosos ou políticos e nem uma nota de suicídio.

Uma fonte da aviação alemã disse hoje foi ter encontrado em sua ficha cadastral no Escritório Federal de Aviação uma observação de que ele necessitava de "avaliação médica regular específica". Essa observação poderia se referir a um problema físico ou mental, o que não estava especificado na ficha, disse a fonte.

Os vizinhos o descreveram com um homem em excelente estado de saúde. "Não fumava, se cuidava muito, sempre saía para correr", disse Johannes Rossmann, que vive próximo à residência dos pais de Lubitz em Montabaur, na Alemanha.

A mídia alemã vem retratando o copiloto como um homem com histórico de depressão que havia recebido tratamento psicológico e que pode ter passado por um rompimento amoroso com sua namorada.

Segundo o jornal "Bild", Lubitz passou por seis meses de tratamento psiquiátrico em 2009 contra uma grave depressão. Citando funcionários do Grupo Lufthansa, do qual faz parte a Germanwings, o jornal "Bild" afirma que o copiloto, na época com 22 anos, teve sua formação interrompida devido a um "grave episódio depressivo e crise de ansiedade".

O afastamento já havia sido informado pelo presidente da Lufthansa, Carsten Spohr, em entrevista coletiva na quinta (26), sem dar detalhes. Ele afirmou que Lubitz passou por rigorosos exames físicos e mentais quando entrou na empresa, ao retomar o curso e ao se formar no curso de pilotos, que o levaram a ingressar na Germanwings em 2013.

Sindicato

Nesta sexta, o Sindicato Nacional de Pilotos de Linha da França anunciou que deverá apresentar uma ação na Justiça contra a Promotoria por haver divulgado o conteúdo de uma das caixas-pretas do Airbus A320 da Germanwings.

Segundo o sindicato, o vazamento de informações antes da entrevista coletiva dos promotores, na quinta-feira, representa um sério descumprimento das normas de investigação de acidentes aéreos.

Jornais como o francês "Le Monde" e o americano "The New York Times" já dispunham de parte das informações na noite de quarta-feira (25), obtidas por membros da investigação que não quiseram se identificar.