Lula cobra em público ações de Dilma para o segundo mandato
O ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou pela primeira vez, em público, ações da presidente Dilma Rousseff e disse que sua sucessora precisa deixar claro o motivo de ter sido eleita para o segundo mandato. Ao participar de um congresso de diretórios zonais do PT na capital paulista, na noite desta sexta-feira, Lula disse que petistas têm reclamado que estão sem argumentos para defender o governo e afirmou que a manutenção do PT depende da aprovação de Dilma.
Para uma plateia de petistas, Lula afirmou que é preciso que o governo justifique o esforço que o partido fez para dar mais quatro anos de mandato a Dilma.
"Nós precisamos a começar a dizer o que vamos fazer no segundo mandato. Qual é a nossa política de desenvolvimento que vamos colocar em prática, qual é o tipo de indústria que vamos incentivar", afirmou Lula, para militantes, dirigentes e parlamentares petistas, reunidos na quadra do Sindicato dos Bancários.
Em meio à crise política enfrentada por Dilma, o ex-presidente tentou acalmar os petistas e disse que "não há razão" para ter dúvida sobre o governo. Lula, no entanto, afirmou que é preciso dizer para o Congresso e para os trabalhadores "o que a gente quer" e "tentar construir outra vez a utopia das nossas conquistas".
"Temos agora que , em alto e bom som, dizer que nós temos 3 anos e 8 meses. Está tudo para acontecer, está tudo para ser feito. Podemos fazer tudo o que queremos. Ela deve anunciar alguma política de desenvolvimento", disse Lula.
O ex-presidente afirmou que o partido não elegeu "uma revolucionária" para "permitir que ela fracasse" e disse que o PT e o governo Dilma têm de estar juntos como "unha e carne". Dessa forma, afirmou Lula, se a presidente fracassar, o PT poderá acabar. "Eu não vim ao mundo para fracassar. O PT não nasceu para fracassar", disse.
Diante do desgaste do PT em seu quarto mandato no governo federal, o ex-presidente afirmou que é preciso inovar. Segundo Lula, não adianta Dilma ficar falando de bandeiras de governos passados, como o Bolsa-Família, a política de valorização do salário mínimo e o Luz Para Todos. "O povo quer mais", disse.
O ex-presidente pediu ainda apoio a Dilma e disse que o partido não pode abandoná-la. "Tenho certeza de que se ela está tendo dificuldade, em vez de se afastar tem que chegar junto e empurrar para que ela continue sendo a Dilma que nós elegemos para presidente da República". Lula afastou a tese de impeachment, defendida pela oposição, e disse que a presidente terminará seu mandato com aprovação em alta.
No discurso para petistas, Lula saiu em defesa do ex-tesoureiro João Vaccari Neto, preso na semana passada, acusado de participar de um esquema de desvio de recursos da Petrobras.
"Será que o companheiro Vaccari pegou algum dinheiro que estava escrito que é propina? Ou ele pegou a mesma nota que pegou qualquer outro candidato deste país? Há muito tempo estou dizendo que estão querendo criminalizar o PT."
O ex-presidente afirmou que o PT "tem que defender não só Vaccari, mas o próprio PT. "Tem que defender companheiros até que se prove o contrário" . Lula reclamou ainda da prisão da cunhada de Vaccari, solta por falta de provas, durante investigações da operação Lava-Jato.
Ao fazer uma autocrítica do partido, o presidente de honra do PT afirmou que a legenda tem que "errar menos". "Não pode fazer aquilo que criticava nos outros. Tem que ser exemplo". Em seguida, afirmou que o partido tem sido atacado injustamente por conta da arrecadação de campanha. " O grave é que neste momento o dinheiro do PT é amaldiçoado e dos outros, santificado. Parece que a campanha dos nossos adversários foi feita com dízimo. Que o dinheiro dos outros foi vendendo churrasco nas quermesses de São João e Santo Antonio. Isso implica que a gente tem que ter claro que o PT tem se ser diferente."
Ao lado do presidente do PT, Rui Falcão, Lula elogiou a decisão de o partido vetar o recebimento de doações privadas, apesar de apontar que o repasse de recurso por empresas não é a única razão da corrupção. Para Lula, a medida será importante para fazer com que os petistas voltem a andar de cabeça erguida.
Ao fim do evento, depois de discursar por 45 minutos, o ex-presidente defendeu a reeleição do prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), em uma citação breve. O diretório municipal de São Paulo, que organizou o evento, se reunirá neste sábado para debater a conjuntura política e começar a discutir a sucessão municipal na capital.
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