Branca de Neve e os Sete Anões Concurseiros
Certamente, você já deve ter ouvido falar sobre a história infantil Branca de Neve e os Sete Anões. Se você é pai ou mãe, não só a conhece como tem que contá-la, vê-la etc. diversas vezes seguidas.
Era uma vez, em um país maravilhoso, chamado Reino dos Concursos, uma professora chamada Branca de Neve. As bruxas malvadas (há muitas!), os parentes e cabos eleitorais incompetentes, os políticos fisiologistas, e outras pessoas más queriam acabar com o concurso para poder ficar com o Príncipe, a maçã e o Reino. Para isso inventavam cargos em comissão, nepotismo direto e cruzado, contratações temporárias, que de temporárias não tinham nada, seleções simplificadas etc.
Branca de Neve, protegida pelas fadas do Mérito, da Dedicação e da Superação Pessoal, trabalhava para que tudo desse certo para todos os interessados, não importando se fossem da cidade, da floresta ou coisa parecida. Ela, assim como o concurso, não discriminava ninguém. E, se isso já não bastasse, ainda ajudava especialmente a alguns, como os deficientes físicos.
Branca de Neve cuidava alegremente de suas tarefas: ensinar, treinar, corrigir etc. Acontece que entre seus alunos a gentil professora contava com sete anões, tal como naquele famoso desenho da Disney. Seus nomes eram: Atchim, Dengoso, Dunga, Feliz, Mestre, Soneca e Zangado. Por incrível que pareça, semelhantemente aos seus homônimos do desenho animado, esses alunos anões davam muito trabalho. Afinal de contas, o problema não era a estatura física, não era o tamanho deles, mas seus desempenhos. Eram desempenhos anões.
Vamos contar algumas características dos alunos de Branca de Neve. Talvez você tenha algum comportamento dentre os sete listados, e o objetivo desta conversa é desafiá-lo a ter um desempenho maior, gigante, com altura suficiente para passar bem por cima das dificuldades, obstáculos e provas que for enfrentar. Para isto, procure descobrir se você age como um desses anões. Se for o caso, procure mudar sua atitude e comportamento, que os resultados mudarão em seguida, talvez não imediatamente, mas com certeza seus resultados irão melhorar.
Em sala, embora talvez você não seja “classificado” como nenhum dos coleguinhas abaixo, experimente observar para ver como eles existem, num formato ou noutro, em quase todas as salas de aula. Caso identifique isso e possa ajudar o colega de sala (quando menos, dando este artigo de presente, rsrs), ajude. Se não quiser se meter nisso, ok, mas procure não ser influenciado por tais condutas.
Eis o time dos sete anões concurseiros:
ATCHIM
Esse aluno anão vive dando desculpas para não comparecer às aulas, aos simulados e concursos programados. Suas desculpas prediletas podem ser resfriado, gripe, cansaço, compromisso..., bem, qualquer coisa. O aluno Atchim sempre arruma algum tipo de desculpa, por mais absurda que ela seja, a fim de justificar a sua ausência nos cultos.
Esse tipo de aluno me faz pensar nos convidados da chamada "Parábola da Grande Ceia" (Lc 14.16-20), os quais, ao serem convidados para a festa, deram as desculpas mais imaginativas com o intuito de justificarem o seu não comparecimento. Não ir à festa é uma decisão pessoal, mas se você já está estudando, creio que o melhor seria entrar de cabeça nesse projeto. Não adianta entrar com um pé só, amigo(a). Não perca a festa! Não se pula um abismo com dois pulinhos!
DENGOSO
Esse aluno anão, como já sugere o seu nome, é cheio de "não me toques". Quando nasceu, ele deveria ter vindo ao mundo embrulhado numa caixa de papelão com a seguinte inscrição de advertência: "Cuidado, Frágil!". O aluno Dengoso é cheio de dengos e frescuras. Seu "temperamento frágil" e a sua baixa autoestima fazem com que ele se sinta ressentido e magoado por qualquer motivo. Reclama de tudo: da vida, dos concursos. Tudo serve de pretexto para ele fazer dengo e querer abandonar, ou abandonar mesmo, as aulas, os livros e o projeto. Uma de suas frases preferidas é: "minha vida é muito infeliz!". A solução para este tipo de aluno é parar de reclamar da vida, de se proteger ou conviver com “não me toques”, e partir para dentro do projeto.
DUNGA
Não o confunda com o ex-técnico da seleção brasileira de futebol! Esse anão é conhecido no desenho animado principalmente por suas avantajadas orelhas, verdadeiras antenas parabólicas de alta potência, que conseguem captar todo o tipo de informação. O problema é que não são as informações certas. Ele perde muito tempo com assuntos que não caem em concursos! Não estou me referindo ao tempo dedicado ao lazer, que é necessário. Estou falando de saber da vida alheia, das novidades, de ler todos os e-mails engraçadinhos que circulam pela internet. O aluno Dunga, tal como um repórter, ama estar informado sobre todas as "novidades" que acontecem na vida dos outros, do país e até do Afeganistão. Sua frase principal é: "Por favor, conte-me tudo. Não me esconda nada!” Na verdade, o aluno Dunga se preocupa mais com a vida alheia do que com a sua própria vida.
Outra característica desse aluno é a imensa capacidade de saber todas as festas, eventos e shows que irão acontecer nos próximos seis meses, somada à dificuldade de recusar convites para tais tipos de programas. Não estou criticando o lazer, ou o fato de se ir a um evento ou outro, apenas menciono que quem vai a todos, estuda muito menos do que poderia. A solução aqui é simples: defina quais são os assuntos que servem para sua vida (família, saúde etc.) e não deixe que sua atenção seja prejudicada. Aprenda a dizer “não” para o que afasta você do objetivo.
FELIZ
No desenho, esse anão está sempre de bom humor. De fato, trata-se de uma vantagem ser bem-humorado e feliz, isso ajuda. O otimismo tem uma relação direta com o aumento do desempenho, não tenha o leitor qualquer dúvida sobre isto. O problema é que a felicidade do dia seguinte deve ter uma base na realidade. Qualquer que seja a situação de uma pessoa, se ela está viva, costumo dizer, já é um bom começo! Então, diante de sua situação atual, só por estar lendo este texto, posso dizer que você está em situação favorável, ao menos, favorável para chegar aonde quer. Mas é preciso semear. Apenas ficar “zen” e alegre, sem estudar, sem se organizar..., é semear lágrimas ao invés de sorrisos. Para este aluno, recomendo manter a felicidade, a alegria e o otimismo, mas – concomitantemente –, que se municie de seriedade e disciplina para estudar e treinar o que é preciso a fim de aumentar ainda mais essa felicidade.
MESTRE
Esse anão, no desenho, exerce uma espécie de liderança entre os demais anões. Já nos cursos, esse tipo de aluno anão gosta de estar em evidência em tudo quanto faz. Se o nome dele aparece em destaque, fica feliz. Se não..., deprime! Para estar em evidência gasta tempo em que poderia estar estudando e, pior, desfoca sua atenção. Uma de suas características mais complicadas é tentar ser professor do professor, ou encontrar todos os defeitos que puder no professor que está ministrando a aula. Afinal, ele quer ser o “mestre”. Esse tipo de aluno costuma ter vários tipos de problemas. A melhor coisa que um “mestre” deve fazer é ir lá e passar no concurso desejado e, quem sabe, vir a ser professor daqui a algum tempo, mesmo que pouco. Contudo, vale lembrar: para ser professor ou mestre não precisamos apenas do conhecimento técnico, mas também de didática, experiência, humildade e um desmesurado interesse no bem-estar e no sucesso dos alunos. A vaidade é sempre um problema. Solução? Use sua capacidade para passar em concursos, não tenha pressa em se tornar o mestre. Se quiser e realmente estiver bem preparado, exercite esse dom ajudando os colegas menos preparados ou com maiores dificuldades, mas faça isso sem entrar em competição ou choque com o professor da matéria ou do curso.
SONECA
Esse aluno anão, tal como no desenho, é muito fácil de ser identificado. De três em três minutos ele abre a boca durante a aula. Bocejar é com ele! Esse tipo de aluno anão costuma dormir geralmente durante o momento mais importante da aula quer ela esteja boa, quer esteja ruim. Por favor, não confunda esse dorminhoco com outro caso de gente fechando o olho, de tão pesado que fica, durante a aula: sei que para muitos estar no curso é um esforço hercúleo, e que só estão conseguindo estudar porque subtraem – além do lazer e de outras coisas – tempo de sono que está fazendo falta. Estes são heróis do cotidiano, os que não aparecem em filmes nem em revistas, mas são os que mudam as próprias vidas e têm um exemplo a dar. O que dizer, então, para um aluno soneca ou um aluno cansado? No primeiro caso, é dar um jeito de mudar a atitude, e no segundo, mas também com aplicação para o aluno soneca, um dos caminhos é observar as dicas a seguir. Organize seu horário, crie um dia de descanso, pratique alguma atividade física três vezes por semana por cerca de uma hora (há dicas no meu site, no ícone WDPTS) e procure dormir melhor (o primeiro desafio para isso é não pensar em problemas quando encostar a cabeça no travesseiro: deixe para pensar neles no dia seguinte.
ZANGADO
Finalmente, o último da turma é o aluno anão Zangado. Para esse anão, tudo na vida, na sala e no mundo dos concursos o irrita. Este não é um bom caminho. Recomendo adquirir um pouco do humor do “Feliz” e a se educar para encontrar o lado positivo dos acontecimentos e da realidade. Um pouco de “Pollyana” não faz mal a ninguém.
Bem, eu não sei se alguns desses anões também podem ser encontrados na sua sala de aula, mas de uma coisa eu estou bem certo: você pode transformar a si mesmo, deixando de habitar a Nanicolândia. Mude de atitude para ser um gigante! Mude de cidade, venha para o lugar onde os projetos se realizam de forma mais rápida e saudável.
Se você enfrentar seus dilemas, seus defeitos, suas limitações, estou certo que ocorrerá o que todos desejamos: um final feliz para sua história.
Com votos de que você se transforme em um gigante, o colega William Douglas.
Este artigo foi inspirado a partir do “Pastor das Neves os Sete Anões”, de autoria de Carlos Augusto Vailatti, professor de Teologia. O artigo original pode ser acessado aqui.
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