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Reconhecimento de terreno

Por Willian Douglas

18/07/2012 09h00

 

Apesar da recente suspensão do concurso da Polícia Federal e das alarmantes denúncias de fraudes em concursos de prefeituras por todo país, os concursos retornaram com força total e é necessário estar preparado para eles. Por conta disso, na coluna deste mês, falei sobre tipos de prova e bancas examinadoras, oferecendo um panorama, mesmo que parcial, do que esperar nos concursos que estão por vir.

 

Cada banca organizadora possui seu estilo, mas antes de apresentar as características das principais bancas, é necessário saber o básico sobre a realização das provas. Nesse sentido existem três tipos: objetivas de múltipla escolha; dissertativas; e orais. Falarei, a seguir, sobre cada uma delas.

 

 

Múltipla escolha

 

O que é?

Esse tipo de prova é muito utilizado nas primeiras fases dos concursos, o provão; seleciona os candidatos que têm nível de conhecimento semelhante, tornando a disputa, na segunda fase, mais equilibrada. Na maioria dos casos, aborda os aspectos mais relevantes dos assuntos, sem se aprofundar muito.

 

Como fazer?

Primeiramente, dê uma “olhada geral” na prova, passe pelas perguntas sem se preocupar com as respostas. A seguir, comece a resolver as questões. Recomendo separar a prova por matéria e fazer primeiro as que você domina, aquelas que você estudou mais. Este deve ser seu ponto de partida para a realização da prova.

 

Reserve um tempo razoável no final da sua prova para a marcação do cartão de respostas; isso evitará que você vá e venha e perca o ritmo. Para não se perder, utilize a folha de prova como régua.

 

 

Dissertativas

 

O que é?

 

Normalmente, são as provas específicas dos concursos. É a hora de o candidato mostrar seus conhecimentos pela redação. O texto, tendo ele um ou cinco parágrafos, deve ter inicio, desenvolvimento e conclusão, e sustentar o seu argumento.

 

Como fazer?

 

Para não se perder, anote os tópicos referentes a cada uma de suas respostas. Organize-os logicamente. Faça um roteiro da resposta. Controle bem o espaço que foi destinado para aquela questão. Reduza o tamanho das letras e utilize siglas, se necessário; o que importa é respeitar o direcionamento.

 

 

Orais

 

O que é?

 

Primeiro, anote-se que acontece apenas em parte dos concursos. Ela pode ser do tipo entrevista ou prova de tribuna e é eliminatória na maioria dos concursos jurídicos. São provas que, mais do que avaliar o conteúdo, medem como você o apresenta. Essencialmente, é uma avaliação de sua postura e de sua segurança ao falar.

 

Como fazer?

 

Preste muita atenção às perguntas; é essencial que você responda ao que foi proposto pela banca. Responda de modo simples e claro; a projeção de voz é importante. Não tente enrolar o examinador. Caso você não saiba especificamente um assunto, fale sobre os conceitos básicos que norteiam seus princípios.

 

A prova não é corrida de 100m, fale com calma e pausadamente. Utilize bem o seu tempo: se sentir que ainda tem condições, dê exemplos e faça conexões, mas cuidado para não fugir do tema. Uma forma de ganhar tempo é pedir, educadamente, para a banca repetir a pergunta, mas esta é uma estratégia que não deve ser repetida com frequência.

 

 

Estabelecidos os tipos de prova, é chegado o momento de aprofundar o conhecimento das bancas examinadoras, apontando suas principais características. Para isso, selecionei duas das principais bancas do país, Esaf e Cespe.

 

As provas da Esaf (Escola de Administração Fazendária) têm duas expressões que as define: a “prova-maratona” e “o deserto antes do meu cargo”. E, para todos os concurseiros (sejam eles iniciantes ou experientes), posso afirmar que a dificuldade apenas trará mais sabor à sua conquista. Por isso, encare a prova com tranquilidade e confiança.

 

Diversificada e completa, a Esaf trabalha todas as etapas e tipos de concursos, formulando questões objetivas e discursivas. As provas dessa banca são conhecidas por serem extensas e detalhadas, sem, contudo, perderem a objetividade, exigindo uma leitura aprofundada. Não raro, o próprio enunciado contém a chave para a solução das questões.

 

 

Falando especificamente sobre as questões...

 

Objetivas: enunciados precisos e detalhistas com alternativas, usualmente de A a E, elaboradas e extensas – por vezes uma coluna inteira tem só uma questão. A característica mais marcante dessa banca é elaborar questões cuja indicação é a marcação da alternativa incorreta, mais correta ou menos incorreta, o que, em uma leitura menos atenta, pode passar despercebido.

 

Discursivas: com um enunciado tão preciso e objetivo, a banca passa ao candidato muito da responsabilidade pela própria nota. A indicação das questões é absolutamente marcada pelos pontos que são esperados em cada resposta, que devem ser escritas, em sua maioria, sob a forma de dissertação. Na área do Direito, tem por costume chamar a atenção para conceitos fundamentais e jurisprudências, sempre inovando com questões que abordam temas atuais.

 

Muitos concurseiros comentam sobre não ter tempo para fazer rascunhos e se preocupam em como proceder nesses casos. No Como passar em provas e concursos falo sobre este tema, mas a ideia fundamental é: nunca escreva direto!

 

Oral: Última etapa nos concursos da magistratura e procuradoria, a prova oral da Esaf é uma arguição que tem como base os pontos dispostos no edital, conteúdos dentro das diversas áreas a serem desenvolvidos pelo candidato segundo escolha realizada pela banca (geralmente por sorteio) na hora da prova.

 

Uma dica importante para a prova oral, que também serve para a discursiva, é não divagar ou se alongar muito nas respostas. A fundamentação é essencial, mas quanto mais informações apresentar, maior será o risco de falar algo errado ou que não esteja necessariamente ligado ao conteúdo, e perder pontos.

 

É chegado, enfim, o momento de falar de uma das mais temidas e respeitadas bancas que há hoje no mundo dos concursos, o Cespe/UnB ou Centro de Seleção e de Promoção de Eventos. Reconhecida por sua excelência, foi muitas vezes responsável por concursos importantes para a estrutura funcional do país, como o da Polícia Federal. Suas provas, exigentes e estruturadas, são alvo tanto de críticas quanto elogios, mas todos são unânimes em declarar que a banca possui um dos mais claros, honestos e objetivos processos de seleção do país.

 

Falando especificamente sobre as questões...

 

Objetivas: O Cespe trabalha basicamente com dois tipos de prova objetiva: cinco alternativas (de A a E) e o famigerado certo ou errado. As provas com cinco alternativas, mais raras, têm apenas uma alternativa correta, ou seja, o candidato não se deparará com “a mais correta” ou “a menos incorreta”.

 

As questões de certo ou errado, possuem apenas duas alternativas. Normalmente trazem apenas um enunciado, comum a um grupo de questões às quais o candidato deve julgar. São provas cansativas, uma vez que apresentam muito texto, feitas para vencer o concurseiro pelo cansaço, mas, ao contrário do que se imagina, não são cheias de “pegadinhas” ou “casca de banana”; seus enunciados são claros e objetivos. O grande “pulo do gato” é a especificidade: muitas vezes o que está errado na questão é um detalhe, uma palavra que foi alterada, uma vírgula do texto da lei que foi suprimida alterando um pouco o sentido da frase. Para essas provas, portanto, além da compreensão do texto, vale exercitar alguma técnica de memorização.

 

Discursivas: As provas discursivas do Cespe são redações de 30 linhas sobre um ponto do edital, que estará relacionado à atividade profissional e à atualidade. Uma importante dica, portanto, é ler todos os textos da prova. Como as provas são temáticas, os textos falam sobre os mesmos assuntos, o que pode reforçar ou embasar seus argumentos na hora de redigir a sua própria redação.

 

Estão sendo avaliados sua técnica de redação, seu vocabulário e correção gramatical e sua capacidade de concatenar ideias com coerência e coesão, portanto, mantenha a leitura em dia, pois isso contribui muito para que seu texto se torne cada vez mais “agradável” à leitura.

 

Você já conhece um pouco mais sobre tipos de prova e características de duas grandes bancas examinadoras, agora é colocar a mão na massa! Reveja o conteúdo do edital atentamente e refaça provas recentes como se estivesse prestando o concurso, analisando o gabarito e medindo sua estatística de erros e acertos. No final, conte-me sobre sua experiência em meu site www.williamdouglas.com.br.