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Mães em quarentena: como devemos repensar nossos desejos e nosso consumo?

A diretora de planejamento da Dentsu em "home office e homeschooling" - Divulgação
A diretora de planejamento da Dentsu em "home office e homeschooling" Imagem: Divulgação

08/05/2020 11h44

Ano passado, no Dia das Mães, a consultoria global MamaLab realizou uma pesquisa que apontou que os maiores desejos das mães para 2020 eram: passar mais tempo com os filhos, não ter que escolher entre filhos e carreira e ter menos cobrança de ser perfeita. A pesquisa foi feita este ano também e parte dela está no final deste texto.

Mas quero falar dos desejos do ano passado. De repente, 2020 chegou e parece que o gênio da lâmpada apareceu e falou: "seus três desejos serão realizados". E se vocês lembram da história do gênio, ele costuma ser bastante literal na sua interpretação. Ele não pergunta condições, vírgulas e pormenores dos desejos, ele simplesmente escuta e faz.

Agora, aqui estou eu, mãe de dois, em isolamento social, em home office e homeschooling, pensando naquela famoso ditado: "cuidado com o que você deseja, pode se tornar realidade.

O desejo número um está sendo inegavelmente realizado. Há 50 dias que eu não sei o que é deixar meu filho de 7 anos e minha filha de 4 por um minuto sequer. Tenho certeza que antes disso só havíamos passado tanto tempo juntos quando eles estavam na minha barriga.

Só que hoje, diferente da época da gravidez, me sinto vivendo no dia da marmota, aprisionada no Feitiço do Tempo, igualzinho ao filme de 1993.

O dia começa e com ele vem a mesma confusão do dia anterior para dar conta do ensino à distância, para controlar o tempo no tablet e no celular, para lembrar da hora do lanche, para garantir o tempo de descanso, para arrumar a bagunça dos brinquedos que se multiplicam por toda a casa.

Apesar de parecer bem diferente do que eu havia imaginado quando desejei "mais tempo com meus filhos", é preciso parar e repensar todos os dias: desejei isso por mim ou por eles afinal?

Na primeira semana dessa bagunça toda, quando eu já estava pensando que não daria conta de mais uma semana, meu filho mais velho, Bento, falou: "Sabe mãe, eu não gosto do coronavírus, mas gosto muito que ele deixou a gente mais junto". Escorre uma lágrima e a gente começa mais um dia bagunçado com um sorriso no rosto, entendendo que o valor do que estamos vivendo hoje, imperfeito mesmo como está, é muito maior do que podemos enxergar.

As demissões na volta das licenças maternidade cairão?

O desejo número dois, não ter que escolher entre filhos e carreira, está sendo realizado de forma bastante atrapalhada. Para as mães que estão tendo o privilégio (apesar da pressão) de continuar trabalhando em home office, isso acabou realmente deixando de ser uma escolha. Não temos mais como disfarçar a maternidade no mundo corporativo quando uma criança se pendura em você no meio de uma videoconferência.

Não acho que era exatamente isso que nós mães queríamos dizer quando fizemos esse desejo, mas, de novo, o gênio da lâmpada é literal nas suas interpretações. De qualquer forma, viver tudo junto e misturado está escancarando a realidade de que as mães não são menos produtivas porque são mães.

Quem sabe isso nos ajude, num futuro próximo a transformar a mentalidade do mundo corporativo sobre esse estigma; a diminuir as demissões na volta das licenças maternidade (que ainda acontecem em taxas altíssimas); a mostrar que mães são capazes de alcançar cargos de liderança, se elas quiserem, mesmo que não abram mão de seus filhos.

Perfeição vai precisar ficar de fora (de vez)

Sobre o desejo número três, o gênio realmente foi cruel. Na quarentena, a maternidade e a perfeição foram obrigadas a ficar cara a cara, trancafiadas, precisaram conversar e acertar as contas.

Aqui em casa, pelo menos, está ficando cada dia mais claro que elas nunca foram melhores amigas. A perfeição sempre foi a menina popular do colégio que a maternidade queria imitar.

Mas em situações extremas, percebemos quem são nossos amigos de verdade —e a perfeição vai precisar ficar de fora de vez se quisermos sobreviver com o mínimo de sanidade.

Não, não vai ser fácil abrir mão dela (honestamente, nem sei se vou conseguir), mas vamos combinar que a maternidade aflora qualidades que são bem mais úteis hoje, como pragmatismo, agilidade, capacidade de fazer muitas tarefas ao mesmo tempo, dar valor a intuição e a empatia.

O que querem as mães na quarentena?

Em tempos em que não se pode ter tudo, me parece uma boa troca -e tomara, para muitas de nós, que ela tenha vindo para ficar. A pesquisa completa "Mães na Quarentena" diz mais sobre o assunto.

O estudo entrevistou 347 mães, de todo o Brasil, entre os dias 24 a 27 de março, com filhos de até 12 anos, das classes A, B e C. Segundo o levantamento, a quarentena trouxe um novo hábito de consumo para essas mulheres. Se, antes, os eletrônicos eram os preferidos no momento das compras, agora, os itens para casa tomaram à frente na preferência: 1 em cada 4 considerou comprar itens de cama, mesa e banho.

Para 20% das entrevistadas, os utensílios de cozinha, eletrodomésticos e eletroeletrônicos para a casa ganharam mais destaque na lista de prioridades.

Para esse grupo ainda, brinquedos e jogos também ganharam destaque nessa quarentena, elementos que ajudam a entreter e divertir a família dentro de casa. Itens de informática e novas assinaturas de streaming aparecem em último lugar, com apenas 10% dos votos.

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