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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Venda de refinaria na Bahia traz mais competição e opções para o consumidor

Ana Paula Lopes do Vale Saraiva e Rafael Chaves Santos

09/12/2021 04h00

A conclusão da venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, para o Mubadala Capital é um marco no reposicionamento do refino da Petrobras e do Brasil. Esse movimento está inserido na estratégia da companhia de investimento em ativos que têm maior aderência à sua vocação e maior potencial de elevar o retorno esperado do portfólio, de forma sinérgica e sustentável.

No caso específico do portfólio de refino, a Petrobras passa a focar nas unidades mais próximas à maior produção de petróleo, aos maiores centros consumidores e à melhor infraestrutura logística instalada. A venda antecipa o caixa a ser gerado pelas refinarias desinvestidas e proporciona a realocação imediata desses recursos em investimentos já programados, como o desenvolvimento do pré-sal e a modernização necessária das refinarias mantidas.

A Petrobras executará, nos próximos anos, um conjunto de projetos de investimentos no segmento que totalizam aproximadamente US$ 6 bilhões, com objetivo não apenas de manter a sua operação, mas também de posicioná-la entre as melhores operadoras de refino do mundo.

Uma parcela desses investimentos faz parte do programa RefTOP que promoverá o uso intensivo de tecnologias digitais, automação e robotização nas refinarias da Petrobras. O RefTOP prevê ainda iniciativas para o incremento do desempenho energético das refinarias, por meio do melhor aproveitamento de insumos como gás natural, energia elétrica e vapor nas próprias operações. Outro objetivo importante do plano de investimentos no refino é o aumento da produção de derivados de alto valor agregado, como diesel com baixíssimo teor de enxofre e o propeno - matéria-prima da indústria petroquímica para a produção de embalagens e peças para automóveis.

Na perspectiva regulatória, a Petrobras está se adequando às orientações do Estado brasileiro que clama pela abertura e pela presença de mais investidores no setor de energia. Em junho de 2019, cumprindo orientações previas do CNPE, a Petrobras assinou um termo de compromisso e conduta (TCC) com o Cade, comprometendo-se a vender 50% do seu parque de refino.

A abertura é saudável para o Brasil. A produção exclusiva da Petrobras nunca atendeu o mercado de combustíveis do país, impondo importações. Concluída a venda da RLAM, mais de 40% da demanda doméstica por combustíveis precisa ser atendida por outros produtores: produtores de biocombustíveis, outros produtores domésticos e produtores internacionais. É assim que funcionam os mercados: pluralidade de produtores oferecendo escolhas para os consumidores.

O resultado da maior abertura do setor é inequívoco: mercado mais dinâmico, com mais competição entre os produtores, mais escolhas para os consumidores, mais investidores, e mais investimentos. A sociedade ganha. A Petrobras ganha com uma operação mais focada em valor.