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Carla Araújo

Guedes apela mais uma vez a Bolsonaro por compromisso com teto de gastos

07 out. 2020 - Jair Bolsonaro (sem partido) e Paulo Guedes durante o lançamento do programa Voo Simples - Mateus Bonomi/AGIF - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo
07 out. 2020 - Jair Bolsonaro (sem partido) e Paulo Guedes durante o lançamento do programa Voo Simples Imagem: Mateus Bonomi/AGIF - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

08/12/2020 04h00

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, não gostou nem um pouco das notícias de que um substitutivo à PEC Emergencial, de relatoria do senador Márcio Bittar (MDB-AC), já estava sendo tratado por líderes do Congresso e, pior ainda, possuía mecanismos que permitiriam a flexibilização do teto de gastos.

Além de telefonar para Bittar, o ministro decidiu procurar pessoalmente o presidente Bolsonaro e, segundo interlocutores, conseguiu novamente o compromisso de que Bolsonaro não dará aval para que ninguém em nome do governo fale em mexer no teto de gastos.

De acordo com fontes, Guedes saiu da conversa com Bolsonaro convencido de que tem o apoio do presidente e que há compreensão da importância da manutenção do teto de gastos. Segundo relatos, Guedes perguntou mais uma vez a Bolsonaro: "o senhor está comigo, está firme na defesa do teto?". A resposta teria sido que sim.

Bolsonaro aproveitou o encontro com Guedes para fazer uma publicação nas redes sociais. Nada sobre o teto. O presidente aproveitou para tentar marcar posição no debate da vacina contra a Covid-19. A ideia de Bolsonaro foi tentar minimizar o anúncio do plano estadual de vacinação de seu atual desafeto João Dória (PSDB-SP).

Além de dizer que, após a certificação da Anvisa, seu governo ofertará "a vacina a todos, gratuita e não obrigatória", Bolsonaro afirmou que o ministério de Guedes não deixará faltar recursos. E com isso Guedes segue em busca de soluções.

Balão de ensaio?

Apesar de o texto que circulou por Brasília ter sido enviado por aliados de Bittar, o senador assegurou ao ministro da Economia que a versão publicada não era a final e que não descumpriria o combinado.

"O clima agora é para desfazer fofocas e desmentir qualquer intenção neste sentido", disse Guedes a auxiliares.

Alguns interlocutores do governo admitiram que a iniciativa de Bittar e de líderes era uma espécie de "balão de ensaio" com a proposta. Apesar disso, ressaltaram que o senador tem tentado alinhar as propostas com o ministro.

O tema é tão sensível que ontem (7), logo após o Broadcast (serviço em tempo real da Agência Estado) noticiar a versão do texto com a possível manobra a reação no mercado foi imediata.

Apoio público

No dia 12 de agosto, logo após a equipe de Guedes sofrer uma "debandada", o ministro pediu ao presidente o apoio a manutenção do compromisso com o teto de gastos e Bolsonaro o fez publicamente.

"Nós respeitamos o teto dos gastos e queremos a responsabilidade fiscal", disse, na ocasião, ao lado dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia.

Um dia antes, Guedes havia alertado que ministros que tentarem furar o teto poderiam levar o presidente a "uma zona sombria, uma zona de impeachment".

No texto que circulou ontem, que tinha a autoria de Bittar (publicamente negada pelo parlamentar), havia entre as propostas a transferência de dinheiro justamente para áreas dos ministros que o chefe da Economia chama de "fura teto", como Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). Ambos negam qualquer intenção de furar o teto.

Por enquanto, Bolsonaro ainda não veio a público dar mais um recado de apoio a Guedes. O Posto Ipiranga, entretanto, ainda acredita na palavra do presidente.