Inspeção da Anvisa a fábricas da China custou R$ 355 mil a cofres públicos
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Durante um mês, entre 13 de novembro e 13 de dezembro, uma equipe de cinco inspetores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) realizou inspeções na China: na fábrica Sinovac, responsável pela produção da Coronavac, e na Wuxi Biologics, produtora dos insumos utilizados pela Fiocruz Bio-Manguinhos na produção da vacina da AstraZeneca/Oxford.
De acordo com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação, as visitas custaram cerca de R$ 355 mil aos cofres públicos.
Estimativas apontam que o custo da vacina que está sendo produzida pelo Instituto Butantan com a Sinovac seja de US$ 10,30 por dose. Na cotação do dólar desta segunda-feira (R$ 5,12), o custo por dose seria de R$ 52,74. Ou seja, com o valor pago nas viagens de inspeção, daria para comprar cerca de 6,7 mil doses da vacina.
Somente em passagens, o total gasto foi de R$ 152.851,83, uma média de um pouco mais de R$ 30 mil por inspetor. Nas diárias, valores que os funcionários ganham para se manter em atividade fora do país, o gasto, por dia, ficou entre US$ 260 e US$ 280.
Considerando o dólar do fechamento do dia 21 de dezembro e o período que os inspetores ficaram fora do país, o gasto total de diárias foi de US$ 39.507,09 ou pouco mais de R$ 202 mil.
Atividade de rotina
A Anvisa argumenta que as inspeções sanitárias internacionais fazem parte das atribuições e da rotina da agência e "tem como objetivo averiguar as boas práticas de fabricação de empresas que fornecem medicamentos para o Brasil". "Como atividade de rotina, as inspeções estão previstas no orçamento da Anvisa", afirmou a autarquia por meio de sua assessoria.
Nos bastidores do governo, houve crítica em relação ao dinheiro investido em atividades de inspeção. O argumento é que a agência poderia economizar buscando mais acordos de cooperação e analisar a documentação e a inspeção feitas pelos países de origem.
A Anvisa afirma, porém, que as duas fábricas chinesas são novas e não havia informação de outros países ou organismos de acreditação. Além disso, por conta da diferença de fuso horário, a inspeção remota seria mais difícil por causa de fuso e tradução
A expectativa é que a decisão da certificação em boas práticas de fabricação saísse apenas em janeiro, mas ontem à noite a Anvisa publicou as concessões no Diário Oficial da União.
Ontem, o governo de São Paulo afirmou que que o estado vai receber na próxima quinta-feira um lote com matéria-prima para mais 5,5 milhões de doses da CoronaVac — com isso, a expectativa das autoridades paulistas é que até 31 de dezembro o estado tenha 10,8 milhões de doses disponíveis.
Apesar da produção das vacinas, o governo paulista ainda não apresentou os estudos sobre a fase 3 de testes da CoronaVac para a Anvisa. A taxa de eficácia do imunizante também não foi divulgada. Para que a vacina seja aplicada, é preciso registro na agência regulatória.
Segundo o governo de São Paulo, os resultados da fase 3 dos testes da CoronaVac devem ser enviados à Anvisa amanhã (23), ao mesmo tempo em que serão apresentados à agência chinesa. A data de entrega desses estudos já foi adiada duas vezes.
Novas inspeções
Por enquanto, segundo a Anvisa, não há previsão de mais inspeções relacionadas à vacina contra a covid. De acordo com a agência, os processos de certificação das vacinas da Pfizer e Janssen estão em andamento, mas ainda não está definida a modalidade de inspeção.
"A definição pela modalidade da inspeção é feita caso a caso de acordo com as especificidades de cada missão, podendo ser presencial, remota ou por compartilhamento de informações e acreditação", informou a Anvisa.
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