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Carla Araújo

Planalto vê investigação de Pazuello como mais um capítulo do jogo político

14.jan.2021 - Jair Bolsonaro (sem partido) com o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, em live semanal transmitida pelas redes sociais - Reprodução/Redes sociais
14.jan.2021 - Jair Bolsonaro (sem partido) com o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, em live semanal transmitida pelas redes sociais Imagem: Reprodução/Redes sociais

Do UOL, em Brasília

25/01/2021 20h36

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Já era esperado que o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizasse a abertura de inquérito contra o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, segundo auxiliares do presidente Jair Bolsonaro.

Nas palavras de assessores palacianos está "tudo na programação prevista" e faz parte de mais um capítulo do atual jogo político que tem acontecido durante a pandemia. Para esses auxiliares, o STF tem adotado uma postura considerada como "sempre contra o governo".

Fontes do governo afirmam que é "natural" que se investigue e que o esperado é que, no fim das tratativas judiciais, o ministro possa explicar a sua versão, de que não teria cometido nenhum crime na atuação da pasta no Amazonas. Em janeiro, pacientes morreram asfixiados devido à falta de cilindros de oxigênio medicinal no Amazonas

A abertura de inquérito foi autorizada nesta segunda-feira (25) pelo ministro Ricardo Lewandowski, no STF (Supremo Tribunal Federal), após um pedido enviado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, no último sábado (23), com o objetivo de apurar se houve omissão de Pazuello no enfrentamento da situação crítica no estado. É praxe o Supremo autorizar abertura de investigações após pedido da PGR.

Firme no cargo

Auxiliares palacianos, no entanto, admitem que qualquer investigação da cúpula do governo gera desgaste. Além disso, salientam que isso amplia a pressão para a saída do ministro do cargo. O presidente, porém, segue firme no propósito de manter Pazuello no comando da saúde, afirmam interlocutores.

Guerra de versões

De acordo com auxiliares de Bolsonaro, a investigação contra Pazuello também está sendo vista como mais um capítulo da guerra política que foi criada durante a pandemia do coronavírus.

Apesar de ser aconselhado a não enfrentar e nem rivalizar mais uma vez com o STF, Bolsonaro deve insistir no discurso de que teria sido o STF o responsável por transferir as competências na atuação na pandemia aos estados e municípios. Aliados do presidente, contrários a responsabilização de Pazuello, dizem que o governador da Amazônia, Wilson Lima, é quem deveria responder por eventuais crimes.

O STF, por meio da Secretaria de Comunicação Social, divulgou uma nota na semana passada negando que o tribunal tenha proibido o Planalto de agir para conter a disseminação da doença. "É responsabilidade de todos os entes da federação adotarem medidas em benefício da população brasileira no que se refere à pandemia", diz o texto.

A manifestação esclarece que o plenário apenas deu autonomia a Estados e municípios para, levando em conta o contexto local, determinarem medidas de isolamento social e enfrentamento ao novo coronavírus. Mesmo com as explicações judiciais, Bolsonaro tem insistido na narrativa de que não pode fazer mais porque o Supremo não permitiu.