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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Pazuello repete Bolsonaro e alega a Exército que ato não teve viés político

Pazuello discursa ao lado de Bolsonaro em ato no Rio - Reprodução
Pazuello discursa ao lado de Bolsonaro em ato no Rio Imagem: Reprodução

Do UOL, em Brasília

27/05/2021 21h20Atualizada em 27/05/2021 21h29

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O general Eduardo Pazuello entregou nesta quinta-feira ao Comando do Exército sua resposta sobre o procedimento disciplinar que foi aberto pela força para apurar a participação do general em um ato político com o presidente Jair Bolsonaro, no último domingo, no Rio.

O documento é sigiloso e não deve ser tornado público pelo Exército. Segundo o UOL apurou, a linha de defesa do ex-ministro da Saúde segue o script que foi apresentado pelo próprio presidente na live desta quinta-feira: de que não se tratava de um ato político.

Um militar que despacha no Planalto disse que a linha defendida pelo presidente e pelo ex-ministro é de que foi "um passeio programado de motociclistas, só isso".

"Parabéns aos motociclistas do Brasil! É um encontro que não teve nenhum viés político, até porque não estou filiado a partido nenhum ainda. Foi um movimento pela liberdade, democracia e apoio ao presidente", disse o presidente nesta noite durante sua live semanal, transmitida de São Gabriel da Cachoeira (AM).

Encontro com comandante

No Amazonas, Bolsonaro se reuniu com o Comandante do Exército, general Paulo Sérgio, a quem caberá decidir a punição que será (ou não) aplicada a Pazuello.

Também estão na mesma viagem os ministros da Defesa, Braga Netto, e o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, ambos generais da reserva e que tentam amenizar os ânimos na caserna fazendo apelos ao Comandante de que não se crie uma crise na instituição e nem com o governo.

Punição ou não?

Militares ouvidos pela coluna dizem que ainda esperam no mínimo uma advertência a Pazuello. O receio segue o mesmo: o Exército não pode deixar brecha para autorizar que outros militares sintam-se a vontade em palanques, ainda mais em ano pré-eleitoral.

Generais da reserva disseram à coluna que consideram o argumento usado pelo presidente e pelo ex-ministro de "ridículo". Alegam que o fato de o presidente não ter partido não significa que ele já não está em plena campanha de reeleição.

Nas palavras de um general, "o presidente só fala e pensa em 2022. Como não é ato político?".

O Comandante do Exército não precisa responder imediatamente as justificativas de Pazuello. O processo pode levar até 30 dias.

"Tenho certeza que o Comandante saberá dar uma punição, qualquer que seja, sob pena de se desmoralizar perante a tropa. Vamos aguardar para ver o que acontece", afirmou outro militar de alta patente.