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Ameaça de debandada na equipe de Guedes fez governo adiar auxílio de R$ 400
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Ontem à noite, em uma longa reunião no Palácio da Alvorada o ministro da Economia, Paulo Guedes, teve que jogar a toalha e aceitar a proposta de Plano B para o novo Auxílio Brasil, com parte dos recursos fora do teto.
Segundo apurou a coluna, Guedes disse que, mesmo contra a proposta, aceitaria os argumentos da maioria. O time dos ministros políticos pedia soluções para o benefício social, diante da proximidade do fim do auxílio emergencial e com dificuldades de aprovação das matérias no Congresso, principalmente em relação à reforma do IR (Imposto de Renda).
A ala política da reunião, representada por Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e João Roma (Cidadania), conseguiu convencer o presidente de que o anúncio tinha que ser feito o quanto antes.
Depois disso, nesta terça-feira (19), quando Guedes comunicou à sua equipe que eles teriam que tirar do papel a proposta de um auxílio de R$ 400, houve reação de pelo menos dois de seus secretários: Bruno Funchal (secretário especial do Tesouro e Orçamento) e Jeferson Bittencourt (secretário do Tesouro Nacional).
Nas palavras de um auxiliar de Bolsonaro, "os homens que têm a chave do cofre ameaçaram pedir demissão".
A informação da suposta ameaça de debandada da equipe de Guedes foi confirmada à coluna por fontes do Palácio do Planalto. Elas informaram que, ao longo do dia, o evento de lançamento do Auxílio Brasil chegou a "ser cancelado" e "remarcado" várias vezes.
O Palácio do Planalto não chegou a informar oficialmente o evento, mas, como mostrou a coluna, ministros receberam hoje o aviso da cerimônia. Pouco antes do horário marcado, o evento foi cancelado.
No Ministério da Economia, pelo menos uma fonte disse que "desconhecia" qualquer informação sobre a ameaça de demissão dos secretários. Segundo essa fonte, a decisão do adiamento estaria ligada à reação do mercado financeiro ao programa, que foi negativa. A Bolsa tombou 3,28% hoje, e o dólar comercial fechou em alta de 1,33%, a R$ 5,594 na venda.
Guedes em situação frágil
Interlocutores de Bolsonaro dizem que o embate entre ala política e econômica nunca foi novo, mas que, em um momento de fragilidade de Guedes, por causa do caso das offshores, o ministro precisaria fazer concessões.
A existência da offshore ligada a Guedes foi revelada pelo projeto "Pandora Papers", do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos). O ministro tem desde 2014 uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas com US$ 9,54 milhões (mais de R$ 52,9 milhões, na cotação atual).
A existência de uma offshore não configura necessariamente um crime. No entanto, parlamentares têm alegado que pode existir um conflito de interesses na manutenção dessas operações enquanto Guedes ocupa o cargo responsável por gerir as políticas econômica e cambial do país.
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