Graciliano Rocha

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Reportagem

Como o conflito Israel-Hamas bateu aqui e nos mercados globais até agora

Em uma reunião fechada recente, no gabinete do presidente no palácio do Planalto, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) havia dito a Lula que três fatores dificultam uma retomada do crescimento econômico aqui no Brasil, pelo menos até o fim do primeiro semestre de 2024:

  • Alta dos juros americanos (que drena recursos de investidores globais, secando a disponibilidade de capital para mercados emergentes, como o brasileiro)
  • Petróleo em alta (uma eventual aliança Rússia-China, com o apoio velado da Arábia Saudita, pode manter o preço em patamar elevado pelos próximos anos)
  • Uma guerra (da Ucrânia) sem sinais de chegar ao final

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Nos mercados globais, o preço internacional do petróleo, um dos fatores da equação do ministro da Fazenda, subiu quase 5% após o ataque surpresa do Hamas a Israel ter aumentado os temores de um conflito mais amplo, com investidores evitando ativos mais arriscados, como ações, e comprando ouro, títulos globais e o dólar.

Em linha com o rally no resto do mundo, as ações de petroleiras locais também subiram forte nesta segunda. Petrobras, 3R e Prio tiveram ganhos de até 7% no primeiro pregão, depois dos ataques do Hamas e da reação de Israel. Ativos de companhias aéreas caíram no mundo todo. Em São Paulo, as ações da Azul tinham a segunda maior queda da segunda-feira.

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Nesta segunda (9), em reunião do Conselho Empresarial de Economia da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o envolvimento do Irã (apoiador do Hamas) "pode afetar o preço do petróleo."

Segundo ele, o dólar e o preço do petróleo foram dois riscos já mencionados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em seus comunicados.

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Na avaliação feita pelo ministro ao presidente, segundo o UOL apurou, o quadro fiscal brasileiro e a inflação doméstica estariam endereçados com medidas enviadas ao Congresso este ano, como o fim do voto de qualidade no Carf, a tributação de fundos exclusivos e, no futuro, o fim dos JCP (juros sobre capital próprio).

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Os JCP são um mecanismo financeiro que permite que as empresas distribuam lucros aos acionistas de forma mais vantajosa em termos fiscais do que o pagamento de dividendos. Isso ocorre porque os JCP são dedutíveis do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Falta saber quais serão o custo e a duração do conflito iniciado no final de semana.

Reportagem

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