José Paulo Kupfer

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Opinião

'Estilo Lula' de bombar gastos públicos explica aquecimento da economia

A atividade econômica está mais forte do que o previsto, no início de 2024, como demonstrou a variação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), divulgado pelo Banco Central, nesta segunda-feira (18). A explicação para o resultado positivo pode ser encontrada no "estilo Lula" de impulsionar a economia, ampliando gastos públicos.

Todas as explicações para a marcha mais acelerada da economia convergem para impulso vindo dos gastos públicos. Programas sociais turbinados e continuidade dos aumentos reais do salário mínimo estão na origem do avanço do consumo de bens e serviços. Os gastos públicos crescem desde 2023 a um ritmo de 6% ao ano, no mesmo ritmo em que cresceram nos dois primeiros mandatos de Lula.

Consumo em alta

Não é sem razão que o mercado de trabalho vive um momento favorável. A taxa de desemprego está em queda, com a absorção de mais mão de obra, inclusive no setor formal. Em janeiro, por exemplo, foram criados novos 180 mil postos de trabalho com carteira assinada, o dobro do volume que era esperado pelos analistas.

Consequência desse quadro, o rendimento real manteve-se em alta pelo oitavo mês consecutivo, encorpando a massa de salários, que está 6% acima do nível de janeiro de 2023, promovem expansão do comércio e dos serviços. Ao lado dos quase R$ 100 bilhões em precatórios pagos no fim de 2023, o crédito um pouco mais acessível também ajudou no impulso à atividade, influenciando não só varejo de bens de maior valor, caso de automóveis, mas também uma retomada de investimentos.

Com expansão de 0,6% em janeiro, pouco menos de três vezes acima do que a média das previsões no mercado financeiro, o ritmo da trajetória do IBC-Br desacelerou em relação a dezembro de 2023, quando a alta tinha sido de 0,8% sobre novembro. Mas ainda deixou um resíduo positivo para o conjunto do primeiro trimestre do ano.

Revisão do crescimento para cima

A partir do IBC-Br de janeiro, as projeções para o crescimento da economia, no primeiro trimestre, estão sendo revisadas para cima. Antes de conhecido o resultado do primeiro mês do ano, as previsões eram de crescimento de 0,3%, no período janeiro-março. Agora, são de alta entre 0,7% e 0,8%, com avanço de 2,4% sobre o forte número do primeiro trimestre de 2023.

Se esse novo e mais acelerado ritmo de crescimento fosse repetido ao longo de todo o ano de 2024, a economia cresceria em torno de 3%. Como as projeções, ainda que avançando, se concentram entre 1,8% e 2,2%, a suposição é a de que a marcha mais forte do primeiro trimestre não se sustentará no restante do ano.

Tal perspectiva de queda no crescimento, nos trimestres seguintes do ano, na avaliação de analistas, seria causada pela tendência de contenção de gastos públicos, e por uma ligeira piora nas expectativas para a inflação, que tem contribuído para um já agora mais disseminado sentimento de que o Copom (Comitê de Política Monetária) reduzirá o ritmo de cortes da taxa básica de juros (taxa Selic), podendo encerrar o atual ciclo de cortes acima dos 9% ao ano, que ainda predominam como taxa terminal.

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O IBC-Br é um indicador mensal, calculado pelo Banco Central, que mede a marcha de atividade a partir de pesquisas de desempenho dos principais setores econômicos. Como é obtido com base em pesquisas — não na produção efetiva —, funciona como uma aproximação da variação do PIB (Produto Interno Bruto).

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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