José Paulo Kupfer

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Opinião

IPCA-15 mostra piora na inflação e previsão para o ano fica perto do teto

Cotação do dólar em alta consistente, variação de preços nas passagens aéreas, aumentos anunciados em combustíveis e imposição de bandeira amarela em energia elétrica empurraram para cima o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de julho, calculado de 15 de junho a 15 deste mês. O quadro de pressões inflacionárias foi completado pela persistência, ao longo do mês corrente, das altas de preços no setor de serviços.

A inflação, medida pelo IPCA-15, registrou, em julho, alta de 0,3%. A elevação ficou acima das expectativas dos analistas, que era de avanço de 0,24%. No ano, até julho, pelo IPCA-15, a inflação já subiu 2,5%. No acumulado em 12 meses, foi a 4,45%, na fronteira do teto do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% a 4,5%, com centro em 3%.

Projeções anuais aceleram

Projeções para a marcha da inflação, mês a mês, até o fim do ano, mostram que a situação vem piorando depois do primeiro trimestre. Em maio, as estimativas eram de que a alta de preços, no conjunto de 2024, se limitaria a 3,6%. Em junho, as previsões subiram para 3,9%. Agora em julho avançaram para 4,2%.

Com base no IPCA-15 de julho, as previsões apontam variação de 0,35% no IPCA cheio do mês, e de altas inferiores à de julho até novembro, entre 0,2% e 0,3% até o fim do ano, exceto em dezembro, quando a inflação pode subir no entorno de 0,4%. Essas são, depois de conhecidos os resultados do IPCA-15 de julho, as projeções do economista Fábio Romão, o experiente especialista em acompanhamento de preços da LCA Consultores.

Se essas projeções se confirmarem, a inflação acumulada em 12 meses, daqui até novembro, deve rondar em torno do teto do intervalo de tolerância do sistema de metas, fechando o ano com algum alívio, nas vizinhanças de 4,2%. Fábio Romão, economista da LCA Consultores

Grupos de preços sensíveis

O sensível grupo dos alimentos deu um alívio neste IPCA-15, refletindo a devolução das pressões com origem na tragédia climática no Rio Grande do Sul, entre maio e junho. Os alimentos devem continuar com preços em queda nos próximos meses. No conjunto do ano, contudo, o resultado, conforme as projeções, será de alta próxima de 5%, o que contrasta, fortemente, com a elevação de apenas 1%, em 2023.

Outro grupo sensível — o de serviços —, que influencia a política de juros definida pelo Banco Central, se não mostra aceleração significativa de preços, também não sinaliza desaceleração digna de nota. No IPCA-15 de julho, por exemplo, o grupo respondeu por 25 pontos dos 30 pontos de alta do índice, ainda que quase metade em razão das altas em passagens aéreas. O ritmo de alta nos preços observado no ano passado, deve se repetir em 2024.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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