Como ganhar uma cesta básica de R$ 822 todo mês com dividendos de ações
Com a Selic no patamar de 10,50% ao ano, 19 ações na Bolsa de valores conseguem entregar um retorno com dividendos (dividend yield) superior à taxa básica de juros. Mas quanto seria necessário investir nestes papéis para conseguir uma renda mensal que permita comprar uma cesta básica? Valeria a pena aplicar esta estratégia com essas ações?
Quanto investir para garantir uma renda básica?
Levantamento exclusivo de Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos, para a coluna revela qual seria o patrimônio necessário para ter renda de R$ 822,84 todo mês com estes papéis. Esse é o valor da cesta básica em São Paulo para abril, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Veja também quanto tempo demora para alcançar este objetivo, com aportes mensais de R$ 400 nestas ações. Há dois casos: o investidor que reinveste todo o valor recebido de dividendos no período e aquele que gasta os proventos recebidos - e demora mais tempo para juntar o patrimônio necessário.
De acordo com a simulação, na Petrobras (PETR4), seria necessário um patrimônio de R$ 32.874 para garantir uma cesta básica por mês. Se o investidor, aplicasse R$ 400 todo mês nas ações PETR4 e reinvestisse todos os dividendos recebidos, conquistaria este patrimônio em 3 anos e 11 meses. Já se optasse por gastar os proventos, ele chegaria a esse patrimônio em 6 anos e 10 meses.
Foi considerado o preço das ações do fechamento de 13 de maio de 2024. Para ter uma visão mais realista e evitar efeitos extraordinários, o levantamento utilizou o dividend yield médio destas ações nos últimos cinco anos.
Qual foi o retorno médio (DY) dos últimos 5 anos
- Petrobras (PETR4) 30,04%
- Petrobras (PETR3) 27,20%
- Metal Leve (LEVE3) 17,04%
- Bradespar (BRAP4) 13,10%
- Auren (AURE3) 11,92%
- Cemig (CMIG4) 11,12%
- CSN Mineração (CMIN3) 11,08%
- Metalúrgica Gerdau (GOAU4) 11,04%
- CPFL Energia (CPFE3) 10,88%
- Brasilagro (AGRO3) 10,02%
- Lavvi (LAVV3) 10%
- Copasa (CSMG3) 9,67%
- Banco do Brasil (BBAS3) 8,78%
- Cury (CURY3) 6,93%
- Kepler (KEPL3) 6,02%
- Mitre (MTRE3) 5,11%
- Vulcabras (VULC3) 4,01%
- Marcopolo (POMO4) 3,95%
- Valid (VLID3) 2,95%
Quanto você precisa ter investido na ação para receber uma cesta básica todo mês
- Petrobras (PETR4) R$ 32.874,11
- Petrobras (PETR3) R$ 36.299,29
- Metal Leve (LEVE3) R$ 57.940,59
- Bradespar (BRAP4) R$ 75.392,67
- Auren (AURE3) R$ 82.841,39
- Cemig (CMIG4) R$ 88.803,85
- CSN Mineração (CMIN3) R$ 89.087,01
- Metalúrgica Gerdau (GOAU4) R$ 89.445,77
- CPFL Energia (CPFE3) R$ 90.780,98
- Brasilagro (AGRO3) R$ 98.587,12
- Lavvi (LAVV3) R$ 98.740,80
- Copasa (CSMG3) R$ 102.163,27
- Banco do Brasil (BBAS3) R$ 112.501,29
- Cury (CURY3) R$ 142.396,74
- Kepler (KEPL3) R$ 163.912,35
- Mitre (MTRE3) R$ 193.146,64
- Vulcabras (VULC3) R$ 246.538,14
- Marcopolo (POMO4) R$ 250.167,92
- Valid (VLID3) R$ 334.199,63
Em quanto tempo você atinge o objetivo investindo R$ 400/mês, reinvestindo os dividendos
- Petrobras (PETR4) 3 anos e 11 meses
- Petrobras (PETR3) 4 anos e 4 meses
- Metal Leve (LEVE3) 6 anos e 10 meses
- Bradespar (BRAP4) 8 anos e 9 meses
- Auren (AURE3) 9 anos e 7 meses
- Cemig (CMIG4) 10 anos e 3 meses
- CSN Mineração (CMIN3) 10 anos e 4 meses
- Metalúrgica Gerdau (GOAU4) 10 anos e 4 meses
- CPFL Energia (CPFE3) 10 anos e 6 meses
- Brasilagro (AGRO3) 11 anos e 5 meses
- Lavvi (LAVV3) 11 anos e 5 meses
- Copasa (CSMG3) 11 anos e 10 meses
- Banco do Brasil (BBAS3) 13 anos
- Cury (CURY3) 16 anos e 4 meses
- Kepler (KEPL3) 18 anos e 10 meses
- Mitre (MTRE3) 22 anos e 1 mês
- Vulcabras (VULC3) 28 anos e 2 meses
- Marcopolo (POMO4) 28 anos e 7 meses
- Valid (VLID3) 38 anos e 1 mês
Em quanto tempo você atinge o objetivo investindo R$ 400/mês, mas sem reinvestir os dividendos
- Petrobras (PETR4) 6 anos e 10 meses
- Petrobras (PETR3) 7 anos e 7 meses
- Metal Leve (LEVE3) 12 anos e 1 mês
- Bradespar (BRAP4) 15 anos e 8 meses
- Auren (AURE3) 17 anos e 3 meses
- Cemig (CMIG4) 18 anos e 6 meses
- CSN Mineração (CMIN3) 18 anos e 7 meses
- Metalúrgica Gerdau (GOAU4) 18 anos e 8 meses
- CPFL Energia (CPFE3) 18 anos e 11 meses
- Brasilagro (AGRO3) 20 anos e 6 meses
- Lavvi (LAVV3) 20 anos e 7 meses
- Copasa (CSMG3) 21 anos e 3 meses
- Banco do Brasil (BBAS3) 23 anos e 5 meses
- Cury (CURY3) 29 anos e 8 meses
- Kepler (KEPL3) 34 anos e 2 meses
- Mitre (MTRE3) 40 anos e 3 meses
- Vulcabras (VULC3) 51 anos e 4 meses
- Marcopolo (POMO4) 52 anos e 1 mês
- Valid (VLID3) 69 anos e 7 meses
Quais ações valem a pena para essa estratégia?
Entre as ações que pagam dividendos acima da Selic, analistas consultados pela coluna escolheram aquelas que possuem melhores fundamentos e uma certa perenidade, importante para uma estratégia de renda mensal no médio e longo prazo.
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Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberSão estas: Banco do Brasil (BBAS3), Petrobras (PETR4), Cury (CURY3), CPFL Energia (CPFE3), Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Auren (AURE3) e Brasilagro (AGRO3). São, principalmente, empresas mais perenes, dizem os especialistas.
Banco do Brasil
O banco tem forte presença na previdência, um histórico de mais de 200 anos e resultados robustos nos últimos 4 anos. Bruno Oliveira, analista da plataforma AGF, diz que, embora seja um banco estatal, o BB possui uma governança corporativa que demonstrou ser eficaz. O banco tem gerado resultados impressionantes, superando inclusive concorrentes do setor privado.
Outro ponto positivo é a regularidade no pagamento de proventos. Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest, cita que o payout é divulgado anualmente, com um calendário com 8 pagamentos antecipados e complementares. Ele projeta um dividend yield de 10,5% para os próximos 12 meses. Na plataforma AGF+, o dividendo por ação projetado para 2024 é de R$ 2,86, equivalente a um dividend yield de cerca de 10,36%. O preço-teto de compra para garantir pelo menos 6% de yield é de R$ 47,66 para as ações BBAS3.
Hoje é o banco mais barato da Bolsa com potencial de valorização. É o que diz Max Bohm, estrategista de ações da Nomos, que espera que o BB entregue um dividend yield de 10% nos próximos 12 meses. O preço-alvo para a ação é de R$ 35.
Petrobras
A Petrobras paga proventos generosos e tem uma política clara de distribuição. A petroleira estabelece, na sua política de remuneração, distribuir 45% do seu fluxo de caixa livre - o fluxo de caixa menos investimentos e aquisições - desde que tenha uma dívida líquida inferior a US$ 65 bilhões.
A qualidade do petróleo é outra das vantagens competitivas. "É uma das poucas empresas do mundo que explora petróleo em águas profundas", afirma Gabriel Duarte, analista da Ticker Research.
Entre os pontos negativos de investir na petroleira, Duarte aponta o fato de ser estatal. O risco é a ingerência política na companhia, como visto nos últimos meses.
Além disso, ação é volátil por conta dos preços do petróleo, que podem desvalorizar e pressionar os resultados da empresa. Nos últimos quatro ou cinco anos, porém, o preço esteve em um patamar alto. Isso permitiu que a empresa tivesse uma boa estrutura de capital, baixo endividamento e geração de caixa, para entregar dividendos elevados, pontua Saravalle.
Duarte projeta um DY de 18% para os próximos 12 meses, com preço-teto de compra de R$ 40 para as ações PETR4. Já Saravalle prevê um DY de 14%. A Petrobras divulgou o seu balanço do 1° trimestre de 2024, com lucro líquido de R$ 23,7 bilhões, queda de 37,9% em comparação ao ano anterior. A companhia anunciou a distribuição de proventos de R$ 13,45 bilhões equivalente a R$ 1,04 por ação. A data com é no dia 11 de junho.
Metalúrgica Gerdau e CPFL Energia
A Metalúrgica Gerdau (GOAU4), holding que investe na Gerdau (GGBR4), é aposta de Bohm, da Nomos. Segundo o analista, a companhia se encontra em um momento financeiro muito bom, com dívida baixa e propensa a pagar proventos. O dividend yield projetado para os próximos 12 meses é de 10% com preço-alvo de R$ 13.
Já em relação a CPFL Energia (CPFE3), o analista destaca que é uma empresa integrada do setor elétrico. Ou seja, teoricamente é mais perene. Bohm calcula um dividend yield entre 7% e 8% para os próximos 12 meses, com preço-alvo de R$ 40.
Auren e BrasilAgro
A Auren tem perspectivas de bons dividendos no longo prazo e poderia continuar facilmente como uma pagadora de proventos acima da Selic. Mas Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, é mais conservador para o curto e médio prazo. Paletta espera que o dividend yield da Auren (AURE3) nos próximos 12 meses seja de apenas 3,5%, com preço-alvo de R$ 14. Para 2025, os dividendos devem ter um leve crescimento chegando a 5,5% na visão do analista.
A Auren é uma empresa do setor de geração de energia que também atua com fontes renováveis. Segundo Paletta, ela aproveitou os momentos de alta nos preços de energia para obter lucro no curto prazo, principalmente dentro da sua comercializadora.
Nesta quarta-feira (15), a Auren (AURE3) anunciou a combinação dos seus negócios com a AES Brasil Energia (AESB3). A operação dará lugar a uma nova companhia aberta listada no Novo Mercado da bolsa de valores, se tornando a 3ª maior geradora de energia do Brasil.
A nova empresa terá um sólido portfólio de 39 ativos operacionais e em construção. E trabalhará com 54% de geração hidrelétrica (54%), geração eólica (36%) e geração solar (10%).
Segundo a Auren, a operação permitirá uma alta geração de caixa, resultando em rápida redução do endividamento que pode se traduzir em uma capacidade de pagamento recorrente de dividendos. A conclusão da transação está prevista para outubro.
Para a Brasilagro, o momento é complicado. Ela trabalha com produção de commodities agrícolas e venda de fazendas e pode sofrer diante dos fenômenos climáticos como La Ninha e as recentes catástrofes vistas no Rio Grande do Sul
Paletta espera um DY de 10% para os próximos 12 meses, com preço-alvo de R$ 30, se a companhia continuar com o mesmo ritmo de venda de terras. Se houver complicações por conta dos riscos, o dividendo poderia recuar até 8%, diz. Segundo ele, a ação está barata, o que acaba elevando também o retorno em dividendos.
Cury
A Cury (CURY3), incorporadora voltada para a baixa renda, tem se mostrado a melhor operadora do setor. Ela tem a maior velocidade de vendas e os lançamentos estão crescendo, diz Gustavo Poladian, sócio e analista de renda variável da Meraki Capital, que projeta um dividend yield de 8,1%, caso a empresa opte por pagar todo o lucro líquido de 2024 - até agora, com os anúncios feitos, a Cury deve alcançar um yield de 6,5%. Em 2024, a Cury deve crescer mais de 20% nos seus lançamentos e acima de 30% no seu lucro líquido.
Mas o mercado questiona até que ponto a empresa consegue crescer sem afetar sua rentabilidade. "Por enquanto a Cury tem conseguido crescer e com a rentabilidade melhorando", pontua Poladian.
Outro risco é que a companhia é muito dependente da queda dos juros e o cenário macroeconômico. "Embora seja uma companhia cíclica, a Cury tem um banco de terrenos muito bom e pelos próximos dois ou três anos deve ter uma boa previsibilidade para dividendos", afirma Saravalle, que projeta um DY de 7,5%.
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