Katherine Rivas

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Reportagem

36% das empresas da bolsa pagam proventos em até 30 dias, diz estudo

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Vai levar muito tempo? A demora em receber os dividendos anunciados pelas empresas é sempre um ponto de ansiedade para os investidores. Companhias como Sanepar (SAPR4), por exemplo, que costuma remunerar acionistas com mais de 200 dias de espera, podem acabar ficando menos atrativas frente a outras que remuneram mais rápido com os mesmos fundamentos.

Um levantamento exclusivo do Meu Dividendo, plataforma que faz antecipação de proventos para a coluna, revela que do universo de 326 empresas da bolsa, 116 (36%) costumam remunerar acionistas em até 30 dias após a data com (data de corte para garantir proventos). O estudo observou o comportamento das empresas desde 2017.

Já 91 companhias, equivalente a 28%, pagam dividendos entre 31 e 60 dias após a data com. E 20% das empresas da bolsa, 66 delas, pagam entre 61 e 120 dias.

Observando as empresas que mais demoram, 23 (7%) remuneram os investidores entre 121 e 180 dias após a data com. Enquanto 30 (9%) levam mais que 180 dias para pagar dividendos ou juros sobre capital próprio.

Quem demora mais para pagar proventos?

A Meu Dividendo levantou também quais são as companhias que demoram mais tempo em remunerar os seus acionistas. Foi levado em conta o prazo médio das empresas nos últimos cinco anos. A Telefônica Brasil (VIVT3) liderou esta posição. A operadora de telecomunicações leva 327 dias para pagar os investidores após a data de corte dos proventos. Veja abaixo as 10 que mais demoram:

  • Telefônica Brasil (VIVT3) - 327 dias
  • Celesc (CLSC3; CLSC4) - 296 dias
  • Conservas Oderich (ODER3; ODER4) - 280 dias
  • Cemig (CMIG3; CMIG4) - 275 dias
  • Casan (CASN3; CASN4) - 269 dias
  • Multiplan (MULT3) - 255 dias
  • Guararapes (GUAR3) -251 dias
  • Sanepar (SAPR3; SAPR4; SAPR11) - 235 dias
  • MRS Logística (MRSA3B) - 227 dias
  • Grazziotin (CGRA3; CGRA4) - 223 dias

Quem paga proventos mais rápido?

Há também empresas que pagam em até dez dias após a data de corte, de acordo com o prazo médio dos últimos cinco anos. Na lista há alguns nomes conhecidos do investidor como Prio, Mitre, MRV e até Taurus. Veja abaixo as 10 que pagam proventos mais rápido:

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  • Minas Máquinas (MMAQ4) - 7 dias
  • BRQ Soluções (BRQB3) - 8 dias
  • BRB Banco de Brasília (BSLI3; BSLI4) - 9 dias
  • Technos (TECN3) - 9 dias
  • Prio (PRIO3) - 9 dias
  • Banco Pine (PINE3; PINE4) - 10 dias
  • Lavvi (LAVV3) - 10 dias
  • Mitre Realty (MTRE3) - 10 dias
  • MRV (MRVE3) - 10 dias
  • Taurus Armas (TASA3; TASA4) - 10 dias

Quanto tempo demoram as maiores pagadoras da Bolsa?

O estudo observou também o comportamento da maiores pagadoras de dividendos da bolsa nos últimos cinco anos. A conclusão foi que boa parte destas empresas remunera os seus investidores em até 100 dias, em média, após a data com. Veja abaixo:

  • Unipar (UNIP3, UNIP5, UNIP6) - 11 dias
  • Banco do Brasil (BBAS3) - 12 dias
  • Taesa (TAEE3; TAEE4; TAEE11) - 18 dias
  • BB Seguridade (BBSE3) - 19 dias
  • Metalúrgica Gerdau (GOAU4) - 21 dias
  • Brasilagro (AGRO3) - 24 dias
  • Vale (VALE3) - 30 dias
  • Isa Cteep (TRPL3; TRPL4) - 32 dias
  • Bradespar (BRAP3; BRAP4) - 38 dias
  • Petrobras (PETR3; PETR4) - 59 dias
  • Copasa (CSMG3) - 68 dias
  • Metal Leve (LEVE3) - 111 dias
  • Copel (CPLE3; CPLE5; CPLE6; CPLE11) - 118 dias
  • Cemig (CMIG3;CMIG4) - 275 dias

Fator psicológico

O prazo que uma empresa leva para remunerar os seus acionistas pode ter um peso psicológico importante no investidor iniciante, explica Bruno Oliveira, analista CNPI do Projeto Vida de Acionista. "Para quem está começando, a demora pode ser um problema porque existe uma cultura muito atrelada ao imediatismo", afirma.

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Até 90 dias poderia ser considerado um prazo razoável para uma empresa pagar os proventos anunciados, diz o analista. Após esse período, o custo psicológico é maior. "Até 30 dias seria o melhor dos cenários", pontua Oliveira.

Apesar disso, a demora nos pagamentos por parte de uma empresa não necessariamente anula seus bons fundamentos. A dica é analisar caso a caso. Oliveira cita, por exemplo, a Telefônica Brasil (VIVT3), que apesar de demorar 327 dias em média para remunerar seus acionistas, é uma empresa sólida, com protagonismo no setor de telecomunicações e resultados firmes. "Além do payout (parcela do lucro líquido destinada a proventos) já anunciado de 100%, que é excelente para os investidores que gostam de dividendos", diz Oliveira.

Sanepar e Cemig são outras duas empresas que seguem o mesmo formato: demoram a pagar, mas possuem ótimos fundamentos, destaca Gabriel Duarte, analista da Ticker Research.

Quando empresas anunciam valores relevantes é normal que acabem postergando um pouco os pagamentos, lembra Duarte. É o caso da Petrobras, por exemplo, que, no ano fiscal de 2023, já chegou a ter data de corte para proventos em agosto e pagamentos programados apenas para novembro e dezembro.
"Quando há proventos extraordinários, de valores relevantes, muitas vezes é bom para a empresa ficar com valores em caixa rendendo juros e depois fazer o pagamento atualizado", observa Duarte.

Como lidar com pagamentos distanciados?

Uma das estratégias recomendadas pelos analistas é intercalar empresas e prazos. Segundo Oliveira, o investidor pode escolher uma empresa como Banco do Brasil que faz oito pagamentos ao ano e depois buscar duas empresas que paguem semestralmente, como Engie Brasil e BB Seguridade, exemplifica. Com isso o investidor já estará coberto de um bom fluxo de pagamentos e poderia acrescentar na carteira uma empresa que pague apenas uma vez ao ano ou que demora em remunerar seus acionistas.

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É importante ficar atento as data com, que também costumam ser distanciadas, lembra Duarte. Isso porque em empresas que demoram em remunerar os seus acionistas, a data com costuma a ser muito próxima do anúncio dos proventos. "Se a empresa anuncia um dividendo em dezembro de 2023, a data com pode ser em janeiro de 2024 e o pagamento apenas em dezembro de 2024", exemplifica. O investidor precisa ficar de olho para não perder a data de corte.

O prazo de pagamento não deve ser o único critério para escolher uma empresa para uma estratégia de dividendos. Duarte aconselha observar o que a empresa faz, como ganha dinheiro, se o dividendo que recebe é sustentável ou fruto de um acontecimento não recorrente (indenização, venda de ativos). O analista também destaca a importância de entender a governança, se a empresa está em um setor previsível ou que enfrenta desafios.

O preço também é importante, segundo Oliveira, e conta muito na hora de escolher uma ação para proventos.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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