Katherine Rivas

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Reportagem

Como receber os primeiros R$ 1.000 na conta em pagamentos de Petrobras e BB

Apesar do risco político, empresas estatais como Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras (PETR4) ainda são muito procuradas pelos investidores que gostam de dividendos. Segundo dados da B3, até abril, 905.484 investidores pessoa física integravam a base acionária da petroleira. Já no Banco do Brasil, o número de investidores de varejo que têm ações da companhia é de 1,17 milhão.

Qual seria o patrimônio necessário para receber uma renda extra mensal de R$ 1.000 com proventos destas companhias? Será que vale a pena?

Dividendos PETR4: como garantir os primeiros R$ 1.000 de renda mensal?

Dá para receber essa renda com menos de R$ 55 mil. Simulação exclusiva do Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos, para a coluna revela que com R$ 54.894 já é possível garantir os primeiros R$ 1.000 mensais (R$ 12 mil ao ano) nas ações PETR4. Foi levado em conta o dividend yield (retorno em dividendos) médio dos últimos cinco anos para o cálculo, para trazer uma visão mais conservadora do retorno das empresas.

E se você não tiver esse patrimônio em mãos? Com R$ 300 investidos todo mês nas ações PETR4, reinvestindo todos os proventos recebidos nesse período, o investidor conquistaria a tão sonhada renda extra em 7 anos e 1 mês.

  • Patrimônio necessário: R$ 54.894
  • Dividend yield médio 5 anos: 21,86%
  • Tempo para atingir o objetivo (com aportes mensais de R$ 300 e reinvestimento): 7 anos e 1 mês
  • Tempo para atingir o objetivo (com aportes mensais de R$ 300 e sem reinvestimento): 15 anos e 3 meses

Dividendos BBAS3: como garantir os primeiros R$ 1.000 de renda mensal?

  • Patrimônio necessário: R$ 163.934
  • Dividend yield médio dos últimos 5 anos: 7,32%
  • Tempo para atingir o objetivo (com aportes mensais de R$ 300 e reinvestimento): 20 anos e 5 meses
  • Tempo para atingir o objetivo (com aportes mensais de R$ 300 e sem reinvestimento): 45 anos e 6 meses

Data de corte é nesta terça-feira (11)

Para quem busca receber proventos da Petrobras e do Banco do Brasil no final de junho, agosto e em setembro, nesta terça-feira (11) as ações destas estatais negociam com data com. Esta é a data-limite para garantir proventos anunciados pelas companhias.

No caso da Petrobras, o investidor com posição nos papéis PETR4 ou PETR3 até o fechamento do pregão de 11 de junho receberá juros sobre capital próprio (JCP) de R$ 0,52 no dia 20 de agosto. Há também data de corte para dividendos de R$ 0,45 por ação e JCP de R$ 0,073, que serão pagos no dia 20 de setembro. Serão beneficiados os investidores presentes na base acionária da petroleira até o final do dia 11.

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No Banco do Brasil, há oportunidade de garantir dividendos de R$ 0,16 e JCP de R$ 0,29 nesta terça-feira (11). Basta manter os papéis até o fechamento do pregão. O pagamento dos proventos ocorrerá em 21 junho. Na quinta-feira (13), tem data de corte para mais um provento do Banco do Brasil, um JCP de R$ 0,20 por ação. O pagamento será no dia 28 de junho.

Vale a pena investir em BBAS3?

O Banco do Brasil ganhou destaque entre os investidores por conta da sua previsibilidade. O banco estatal possui um calendário com oito pagamentos antecipados e complementares para 2024, o que auxilia o investidor, porque este sabe exatamente quando será remunerado. Além disso, o payout (parcela do lucro destinada a proventos) já é fixado em 45% pela instituição e de acordo com a sua gestão deve se manter nesse patamar também em 2025. Para Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest, essa previsibilidade é uma das principais vantagens de investir no banco estatal.

Entendo que o Banco do Brasil continua sendo uma excelente alternativa para os investidores que buscam renda passiva, tanto para 2024 como para 2025. Uma empresa que apresenta resultados robustos, altos índices de rentabilidade e uma clara política de distribuição de proventos.
Sergio Biz, da GuiaInvest

Outra característica do banco é que ele é forte no agronegócio e no crédito consignado. Segundo a Guide Investimentos, o Banco do Brasil possui uma carteira no agro de R$ 225 bilhões e uma participação de mercado de 53,7% no segmento. No crédito consignado, a presença no mercado é de 21%.

Ações estão com desconto. Milton Rabelo, analista do setor financeiro da VG Research, cita entre as vantagens de investir no Banco do Brasil o fato de as ações estarem descontadas, apesar dos resultados do banco continuarem fortes e consolidados com lucros e receitas recordes. Os papéis negociam a múltiplos de 0,89 preço sobre valor patrimonial (P/VP) e 4,76 preço sobre lucro (P/L).

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Já entre os riscos, o analista cita a interferência política do governo, que pode fazer com que o Banco do Brasil aumente sua exposição a empréstimos menos rentáveis e mais arriscados, detratando seus retornos. "Porém, não se constatou nenhuma tentativa de interferência muito clara por parte do governo em 2023. A atual gestão do banco chefiada pela CEO Tarciana Medeiros, executiva de carreira da instituição, tem passado muita confiança ao mercado, sinalizando compromisso com o crescimento e rentabilidade da instituição", pontua.

Rabelo possui recomendação de compra para as ações BBAS3, com preço-limite de aquisição de R$ 30,60. O dividend yield projetado pelo analista para os próximos 12 meses é de 10%.

Entre os riscos, existe ainda a possibilidade de aumento de inadimplência no crédito agrícola e efeitos das tragédias do Rio Grande do Sul na companhia, destaca Max Bohm, estrategista de ações da Nomos. Embora, faz a ressalva, os impactos não devem representar um grande problema para o Banco do Brasil no médio e longo prazo. "Vai ter um impacto, mas deve ser bem restrito", observa Bohm.

Ele lembra que a carteira do Banco do Brasil é muito pulverizada, então o Rio Grande do Sul representa uma parte pequena da carteira de crédito. Bohm também espera um dividend yield de 10% para os próximos 12 meses, com recomendação de compra.

O risco político reduziu em PETR4?

Quando Magda Chambriard assumiu o comando da Petrobras e iniciou a sua nova gestão, houve um certo receio no mercado sobre o futuro dos dividendos da petroleira. Mas esse receio aos poucos foi reduzido por uma postura mais "amena" de Chambriard no seu primeiro discurso.

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Com a recente queda das ações PETR4, o mercado até se sentiu mais confortável para voltar a comprar Petrobras. É o caso de Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest, que além da carteira de dividendos, colocou as ações na carteira de buy and hold (comprar e manter no longo prazo) recentemente. Saravalle tem um preço-teto de compra para os papéis PETR4 de R$ 40.

Na visão dele, não houve até o momento alguma mudança radical que afetasse os rumos da Petrobras. Ele espera que a companhia entregue um dividend yield de 15% neste ano e de entre 10% e 11% em 2025. "A grande vantagem é comprar uma empresa que está negociando a múltiplos muito baixos e um dividend yield para os próximos dois anos bastante expressivo", explica o analista.

Sobre os preços do petróleo brent, Saravalle ainda vê bom potencial de geração de caixa para a Petrobras com a commodity entre US$ 80 e US$ 85 o barril.

Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, também tem uma visão positiva para os dividendos da Petrobras. Ainda que a expectativa seja de aumento de investimentos na petroleira - o que deve reduzir levemente a distribuição de proventos - o dividend yield pelos próximos três anos deve oscilar entre 10% e 14%, o que faz bastante sentido para o investidor focado em dividendos.

Porém, ele faz a ressalva que, por se tratar de uma empresa estatal, não descarta alterações drásticas nos investimentos que possam atrapalhar esta projeção, e até mesmo o preço das ações.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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