Como é o avião que voa baixo, mas dá visão panorâmica para os passageiros
Companhias aéreas tem apostado em um modelo de aeronave para um segmento da aviação conhecido como ultrarregional, no qual apenas aviões menores conseguem realizar a operação. Apesar de voarem baixo, eles permitem uma curiosa visão panorâmica para quem está dentro deles.
Com custo inicial em torno de R$ 13 milhões, o Caravan pode transportar até 14 ocupantes, incluindo o piloto, mas, no Brasil, o avião só tem sido autorizado a transportar até 11 pessoas. Poucas exceções a essa restrição são modelos mais antigos ou aqueles que são adaptados para o lançamento de paraquedistas.
Na configuração usada pelas empresas, o avião leva até nove passageiros, mais piloto e copiloto. A velocidade máxima em voo de cruzeiro é de cerca de 340 km/h, movido por uma hélice com três ou quatro pás, dependendo do modelo fabricado (Caravan ou Grand Caravan Ex, um pouco maior que original). Quem voa em um desses aviões, percebe que o espaço para as pernas pode ser maior que o encontrado em alguns aviões a jato.
Essa aeronave voa mais baixo do que os jatos, por não ser pressurizada, e possui janelas bem amplas, tornando o voo mais panorâmico e permitindo observar melhor a paisagem. Quem optar por fazer os voos disponibilizados em rotas com foco turístico, como aqueles para regiões litorâneas, poderá aproveitar a vista melhor do que em um avião que voa mais alto.
Versatilidade
O Caravan já tem um histórico consolidado em vários tipos de operação. Na área da segurança pública, por exemplo, esse modelo é utilizado pelos governos de diversos estados e pela Polícia Federal brasileira. Quando o presidente Lula foi preso, em 2018, o avião que o levou para Curitiba, onde cumpriu parte da pena, foi um Caravan.
Ele ainda pode ser encontrado nas versões anfíbio (para pouso e decolagem na água), de transporte médico e carga, sendo essa última vista com certa frequência no Brasil. Também há uma versão militar com capacidade de ataque, o AC-208, que opera nas forças armadas do Iraque.
Ele é encontrado, principalmente, em empresas de táxi-aéreo. Mas muitos estão na aviação executiva, prestando serviço para particulares, com um interior luxuoso.
"Pau pra toda obra"
A versatilidade deste avião é o seu grande diferencial. No Brasil, os requisitos de infraestrutura de um aeroporto para o pouso do Caravan são menores. Um aeroporto que opera esse modelo, por exemplo, não precisa de raio-X nem carro de bombeiros. Por isso, a aeronave é tida como um verdadeiro "tratorzão" dos ares, um "pau para toda obra".
Ele tem capacidade para operar em pistas curtas, como grande parte daquelas encontradas no interior do país, e essas podem ser de grama, cascalho, terra ou asfalto. Também tem capacidade de carga elevada, podendo decolar pesando até quase quatro toneladas, e voar por cerca de quatro horas sem precisar reabastecer.
Experiência de voo
O avião é bem ventilado, e foi possível observar as cidades de perto durante o voo.
Embora seja uma aeronave relativamente grande para sua capacidade de transporte, a cabine de passageiros é baixa, com 1,37 m de altura, e é praticamente impossível caminhar entre os assentos sem estar abaixado. As bagagens costumam ir dentro da cabine, no fundo do avião, mas podem ir no bagageiro que fica localizado na barriga do avião caso o volume seja maior.
Após chegar ao destino, o retorno de malas e outros objetos é feito logo ao lado da aeronave, o que economiza o tempo gasto em ficar esperando na esteira do aeroporto.
Apesar de voar em uma velocidade menor que os grandes jatos comerciais, o avião cumpre bem o seu papel de atender aeroportos que não têm uma forte infraestrutura.
Fontes: Azul Linhas Aéreas e Thiago Torrente, comandante na operação de aeronaves da linha King Air B200 e ex piloto-chefe da Asta Linhas Aéreas
*Com matéria publicada em 05/03/2024
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