Fotos exclusivas: novo avião da Boeing dobrará asa para caber em aeroportos
A Boeing iniciou os testes de certificação do novo avião 777-9. Essa é uma marca para o projeto 777X, anunciado em 2013 e que sofreu atrasos significativos em meio às crises que a fabricante dos EUA tem enfrentado nos últimos anos.
Com mais 480 pedidos de clientes em todo o mundo, a empresa optou por não acelerar nenhum dos passos da certificação e da fabricação para priorizar a segurança ao máximo. O UOL foi o único veículo do hemisfério sul e da América Latina a visitar a fábrica do modelo em junho em Everett, no estado de Washington (EUA), para conhecer e acompanhar um teste do avião.
Veja fotos exclusivas e detalhes do avião a seguir.
Ponta da asa dobrável
A família de aviões 777X (que inclui o 777-8, o 777-8 cargueiro e o próprio 777-9) é a mais nova versão dos aviões do modelo 777, lançado na década de 1990. Eles estão sendo desenvolvidos com novos materiais compostos, mais leves e resistentes que as tradicionais estruturas de alumínio, e utilizando tecnologias inovadoras como as introduzidas no mercado pelo Boeing 787, como um sistema que diminui oscilações do voo durante turbulências.
Uma das principais novidades do modelo é a ponta da asa dobrável. Diferentemente do winglet, estrutura fixa usada em aviões menores para economizar combustível, os 777X precisam dobrar a ponta das asas para poderem caber em um número maior de aeroportos.
A estrutura desses locais é desenhada para comportar aviões com uma certa envergadura, que é a distância de ponta a ponta da asa. Caso essa medida seja muito grande, seria necessário realizar obras e adaptações nos aeroportos ou haveria uma grande restrição para sua operação, o que não acontece quando se é possível mudar o tamanho dessa estrutura do avião.
Seu funcionamento será da seguinte forma: Ao taxiar para a decolagem, próximo ao ponto onde os aviões aceleram à potência máxima, a tripulação estende a ponta da asa. Assim ela permanece durante todo o voo. Ao pousar, o avião recolhe essa estrutura automaticamente, permitindo que ele manobre pelo aeroporto e pare no ponto de embarque e desembarque de passageiros sem correr risco de esbarrar em nada.
Com isso, a aeronave consegue ter uma boa área de asa, aumentando sua sustentação durante o voo e diminuindo o consumo de combustível, e, no solo, pode operar em um número maior de aeroportos.
Com a ponta dobrada, a envergadura do 777-9 é de 64,8 metros. Com ela totalmente aberta, essa medida passa a ser de 71,8 metros, maior que o 747-8 (68,4 metros) e o A350-900 (64,75 metros). Esse número, entretanto, é menor que o A380 (79,8 metros), o maior avião de passageiros do mundo na atualidade, mas que deixou de ser fabricado pela Airbus.
Os testes
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Quero receberA Boeing conta com quatro aviões para realizar os testes do 777-9. Cada um deles analisa uma série de fatores, como freios, aerodinâmica, voo em baixas velocidades, capacidade de manobra etc.
Até o momento, já foram mais de 1.200 voos realizados, passando mais de 3.500 horas no ar. A empresa diz que o avião "passará pelo mais completo esforço de testes de voo comercial já realizado pela Boeing". Isso inclui o início da certificação junto à FAA (Administração Federal de Aviação, órgão regulador do setor nos EUA).
Após cada pouso, são coletados dados que são analisados pelas equipes de engenharia da fabricante para determinar como o avião está se comportando. Essas informações também passarão pelo crivo das autoridades regulatórias dos EUA e de cada país onde o avião irá operar.
Ted Grady, piloto-chefe dos testes do 777X, diz que, para garantir que o avião está apto a voar, ele tem de passar pelas mais diferentes situações. O avião passa por locais de clima seco assim como regiões úmidas, desertos quentes até voos com neve, teste de parada em pista molhada, pousos sob condições de ventos fortes, entre outros.
Ficha técnica
Modelo: 777-9
Fabricante: Boeing
Envergadura: 71,75 metros
Comprimento: 71 metros
Altura: 19 metros
Capacidade: 426 passageiros (configuração para duas categorias de assentos, podendo caber mais caso seja adotada uma única classe de voo)
Motor: 2 GE9X
Distância máxima de voo: 13.500 km
Futuro próximo é dos aviões maiores
Entre os dias 22 e 26 de julho, ocorre na Inglaterra a Farnborough Airshow, uma das maiores feiras de aviação do mundo. A Boeing estará presente com uma seção interna em tamanho real do 777X.
No setor da aviação comercial, os aviões de fuselagem larga deverão ter um destaque no evento. Isso se deve ao fato de que boa parte da frota dessas aeronaves mundo afora estará completando seu ciclo de vida nos próximos anos.
Aeronaves mais antigas, além do longo tempo de uso, costumam gastar mais combustível e necessitam de manutenção mais frequentemente. Assim, a renovação da frota desse tipo de avião maior pode ser um dos principais temas da Farnborough Airshow, tendo em vista que as entregas dessas aeronaves demoram anos após os contratos serem fechados.
Perspectiva do mercado
O 777X deve chegar ao mercado em um período em que as frotas das empresas aéreas mundo afora passarão por uma intensa onda de renovação. Há a previsão da companhia da necessidade de cerca de 44 mil novos aviões comerciais nos próximos 20 anos em todo o mundo. Desse total, mais de 8 mil são do tipo de fuselagem larga, aqueles de dois corredores, fatia que o 777X disputa com o A350, da Airbus.
O transporte de cargas também atinge números recordes no período pós-pandemia. Lojas de comércio eletrônico mundo afora despacham via aérea cerca de 10 mil toneladas de produtos por dia, suficientes para preencher 100 aviões 777F cargueiros.
A Boeing também prevê que, até o fim da década, as entregas de aviões estarão normalizadas após o período crítico da pandemia e as empresas deixarão de postergar a aposentadoria de aviões mais antigos. Simultaneamente, haverá um movimento de modernização da frota, visando economia de custos e redução na emissão de poluentes.
O modelo da empresa norte-americana tem 481 pedidos realizados enquanto ainda sequer começou as entregas, o que é considerado um recorde no mercado. Os principais concorrentes do modelo, os aviões da família A350 da Airbus, tiveram até hoje 1.309 pedidos em toda sua história e 606 unidades entregues, restando 703 aviões aguardando entrega atualmente.
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