Todos a Bordo

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Reportagem

Tem até 'Tubarão-Fantasma': os drones marítimos são o futuro das guerras

Austrália e Estados Unidos divulgaram nas últimas semanas avanços em seus programas de veículos não tripulados submarinos para missões em alto mar. Comuns nos combates nos céus, os drones estão ganhando cada vez mais espaço debaixo da água, com vários países adotando esses sistemas.

Novidade na guerra

O uso de drones subaquáticos pode representar um avanço na guerra marítima. O uso desses veículos não tripulados tende a diminuir as perdas humanas e oferecer uma vantagem estratégica, já que os principais exemplares são difíceis de serem detectados nos radares.

Eles ainda são especialmente econômicos para as forças de defesa dos países. Como funcionam de maneira autônoma, não dependem de tripulação humana a bordo, além de serem menores e poderem operar por longos períodos sem a necessidade de reabastecimento, ao contrário de navios de guerra tradicionais, onde é necessário um constante reabastecimento, principalmente com alimentação para os militares.

Os drones aquáticos ainda podem funcionar via satélite ou comandados por onda de rádio. Mas isso só é válido quando estão próximos à superfície, já que, quando estão submersos a profundidades maiores, esse sinal não funciona tão bem.

Outra alternativa é programá-los para realizarem suas missões e, posteriormente, retornarem com as informações coletadas. Esse funcionamento autônomo também ajuda a torná-los indetectáveis, já que não estariam em constante comunicação com um centro de controle, o que costuma dedurar sua posição em algumas situações.

Um exemplo prático de uso, além de atacar outras frotas, é a detecção de minas submarinas. Esses dispositivos possuem um alto poder destrutivo, e os drones não tripulados podem ser uma aposta segura de que vidas humanas estarão protegidas contra explosões não intencionais.

Ghost Shark - Austrália

Ghost Shark, veículo não tripulado submarino usado pelo governo da Austrália para monitorar seu território marítimo
Ghost Shark, veículo não tripulado submarino usado pelo governo da Austrália para monitorar seu território marítimo Imagem: Rodney Braithwaite/Defence/Australia

O drone australiano foi batizado de Ghost Shark, ou, Tubarão Fantasma. Ele é especialmente importante para o país da Oceania, isolado de outros locais do mundo, segundo o vice-almirante chefe da Marinha australiana, Mark Hammond.

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Somos uma nação rodeada pelo mar e o Ghost Shark é uma das ferramentas que estamos desenvolvendo para a Marinha patrulhar e proteger os nossos oceanos e a nossa ligação ao mundo.
Mark Hammond, vice-almirante chefe da Marinha da Austrália

O modelo terá capacidade de atuar em caso de guerra, incluindo ataques armados, se necessário. Ele é invisível aos radares, e pode navegar a longas distâncias em missões de vigilância e reconhecimento.

Manta Ray - EUA

O modelo dos EUA é batizado de Manta Ray (Arraia Manta). O modelo realizou um ciclo de testes com um exemplar em tamanho real entre fevereiro e março deste ano.

Em um primeiro momento foram testados a flutuabilidade, propulsão e sistemas de controle do drone. Também devem ser analisados nos testes os sistemas de gerenciamento de energia, ferramentas contra detecção do drone, entre outros.

Uma outra preocupação ainda é como evitar corrosão das partes do Manta Ray. Junto a isso, é preciso evitar que o equipamento fique incrustado com criaturas marinhas em caso de missões mais longas no mar, como ocorre com navios.

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Segundo a Darpa (Agência de Pesquisa Avançada de Produtos de Defesa dos EUA), que capitaneia a pesquisa com o Manta Ray, o drone é modular e terá capacidade de mudar sua configuração de acordo com a missão que irá realizar. Ele pode ser desmontado e alocado em contêineres para ser levado ao local onde atuará.

Blue Whale - Israel

Blue Whale, o drone submarino não tripulado israelense
Blue Whale, o drone submarino não tripulado israelense Imagem: Israel Aerospace Industries

Israel também desenvolveu um veículo submarino autônomo, o Blue Whale (Baleia Azul), fabricado pela Israel Aerospace Industries. Ele tem a finalidade de cumprir missões de inteligência, monitoramento, guerra antisubmarina e antiminas subaquáticas.

Esse drone tem 11 metros de comprimento por 1,12 metro de diâmetro, e pesa 5,5 toneladas. Sua velocidade é de até 13 km/h quando submerso, e ele tem capacidade de ficar de 10 a 30 dias em funcionamento apenas com uma carga em suas baterias, dependendo do tipo missão que irá realizar.

Echo Voyager - EUA

Echo Voyager, drone submarino fabricado pela Boeing que pesa 50 toneladas
Echo Voyager, drone submarino fabricado pela Boeing que pesa 50 toneladas Imagem: Boeing
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A divisão de produtos de defesa da norte-americana Boeing desenvolve desde 2012 o drone submarino Echo Voyager. O exemplar é resultado de uma concorrência iniciada pelo governo dos EUA para a compra de veículos submarinos não tripulados.

Esse é um exemplar peso-pesado, com 50 toneladas. Em comparação, um avião Embraer E195 tem o peso máximo de decolagem de 52 toneladas, incluindo o peso da aeronave, passageiros, carga e combustível somados.

Echo Voyager, drone submarino fabricado pela Boeing que pesa 50 toneladas
Echo Voyager, drone submarino fabricado pela Boeing que pesa 50 toneladas Imagem: Boeing

Ele tem cerca de 16 metros de comprimento por 2,6 metros de altura e 2,6 metros de largura. Sua velocidade máxima é de 15km/h, e ele pode chegar a uma profundidade de até 3km abaixo da superfície da água.

No final de 2023, a Boeing entregou o primeiro exemplar do drone Orca para a Marinha dos EUA. Ele é uma evolução do Echo Voyager, com capacidade para adição de um módulo capaz de transportar mais oito toneladas.

Orca, drone submarino fabricado pela Boeing: Modelo foi entregue para a Marinha dos EUA em 2023
Orca, drone submarino fabricado pela Boeing: Modelo foi entregue para a Marinha dos EUA em 2023 Imagem: Boeing

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