Rede de clínicas que começou na periferia tem 57 filiais e fatura R$ 105 mi

Foi fazendo propaganda de porta em porta que Rafael Teixeira, 40, divulgou os serviços da Clínica da Cidade, assim que abriu sua primeira unidade de medicina acessível, há 21 anos, na periferia de Campinas (SP). Antes, a família já atuava na área da saúde, com uma empresa que prestava consultoria aos planos de saúde, credenciando médicos.

Hoje, a Clínica da Cidade tem 57 unidades em operação, em 14 estados. O faturamento de 2023 foi de R$ 105 milhões.

Como surgiu a Clínica da Cidade

Cláudia e José Carlos (pais de Teixeira) eram donos de um hortifruti em Campinas. "Quando eu era menino, ajudava nos finais de semana no que podia. Embalava frios, passava o espanador nos produtos e atendia a clientela", diz Teixeira, que na época tinha 12 anos.

Depois, os pais fecharam o negócio e abriram uma empresa que credenciava médicos aos planos de saúde. "Eles viajavam muito para fazer esses credenciamentos, e eu acompanhar. Foi quando fui entendendo mais do setor", afirma. s A Doctors Consultoria funcionou de 1996 e 2002. O site da consultoria foi feito por ele.

Com as visitas aos médicos na época da consultoria, víamos médicos atendendo pacientes particulares a valores exorbitantes, ao mesmo tempo que estávamos negociando o credenciamento deles aos planos de saúde por repasses 10 vezes menores.
Rafael Teixeira, CEO da Clínica da Cidade

Vislumbramos ali uma oportunidade de negócio, pois identificamos uma parcela significativa da sociedade que não tinha planos de saúde, devido ao valor muito alto, mas que também não queria ficar refém do SUS [Sistema Único de Saúde], sobrecarregado devido a alta demanda.
Rafael Teixeira

A primeira unidade foi aberta em 2003 no bairro Ouro Verde, na periferia de Campinas. Para divulgar o novo serviço, e sem dinheiro para publicidade, Teixeira distribuía panfletos de porta em porta no bairro. "Fez sucesso, e a clínica começou a crescer por meio do boca a boca, ali mesmo na região", diz Teixeira. A família investiu R$ 120 mil no negócio. Em 2016, abriu a segunda clínica no centro da cidade.

Paciente paga apenas o que usa

A Clínica da Cidade é uma rede de franquias que oferece consultas e exames sob demanda. Não tem mensalidade. O paciente paga apenas o que usa.

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São 20 especialidades médicas, mais de 4.000 tipos de exames e cerca de 1.500 médicos credenciados.

As consultas mais requisitadas são clínico geral, ginecologia, oftalmologia, cardiologia e psiquiatria. Os preços variam de R$ 100 a R$ 180 (depende da região e da especialidade). Os exames custam a partir de R$ 4, e isso também depende da região. Entre os mais caros, estão os exames de imagem, como ressonância, a partir de R$ 600. A empresa oferece ainda pacotes que contemplam consulta, retorno e exames a partir de R$ 200.

Seu principal concorrente é a rede dr. Consulta. No dr. Consulta, que tem clínicas em São Paulo e em algumas cidades da região metropolitana, uma consulta presencial de clínica geral custa R$ 132, de ginecologia, R$ 142, de oftalmologia, R$ 153, de cardiologia, R$ 180, e de psiquiatria, R$ 202. O exame de ressonância custa a partir de R$ 549. A consulta de preços foi feita em 26 de fevereiro.

Em 2023, a Clínica da Cidade registrou um crescimento de 25% em atendimentos, ante 2022.

Franquia custa a partir de R$ 765 mil

Em 2017, Teixeira formatou o modelo e passou a crescer por meio de franquias. Hoje, a rede tem 57 unidades, sendo nove próprias e 48 franqueadas. Na capital paulista, a rede tem quatro unidades, além de duas na região do ABC. No estado do Rio, são seis unidades (sendo três na capital).

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São três modelos de negócio: select, essential e premium. A diferença é o tamanho da estrutura e de acordo com o porte da cidade. O investimento inicial na franquia vai de R$ 765 mil a R$ 893 mil. O franqueado não precisa ser médico ou ter experiência no segmento de saúde.

A empresa tem quatro sócios. Além de Teixeira e seus pais, Daniela (irmã de Teixeira) também é sócia da Clínica da Cidade. Ela é gestora administrativa.

Em 2023, a empresa faturou R$ 105 milhões. O lucro não foi revelado.

Empresa cresceu na pandemia

O faturamento da empresa aumentou na pandemia. De 2020 para 2021, o crescimento foi de 84%; de 2021 para 2022, de 67%. Segundo Teixeira, por ser um serviço essencial, as clínicas continuaram abertas para o atendimento dos pacientes. A medida adotada foi não atender pacientes com covid. O número de unidades também aumentou, de 11 (em 2020) para 25 (em 2021). O interesse dos franqueados, diz Teixeira, foi justamente por ser a Clínica da Cidade um serviço essencial no período.

O crescimento na pandemia é apontado como um ponto alto do negócio. Outro ponto foi não disponibilizar cartões de desconto nem cobrar mensalidades dos pacientes. "Aqui é precisou, agendou, consultou", diz Teixeira.

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A expansão tardia foi uma falha no negócio. "Nós só abrimos a segunda unidade 13 anos depois da primeira. Uma falha pois já estávamos preparados há bastante tempo para esse modelo de negócio", afirma.

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