Empreendedoras dão aulas de crochê pelo YouTube para turbinar vendas
A empresária Anne Galante, 39 anos, começou a fazer crochê por hobby. Com o tempo, passou a vender as peças para amigos e percebeu que ganhava mais com a atividade extra do que com seu trabalho. Assim surgiu a Señorita Galante, há 15 anos, que faz peças de tricô e de crochê.
Formada em moda, antes de criar a própria empresa, ela atuou em grandes marcas e, por acreditar na importância do slow fashion — movimento de moda sustentável, que valoriza o trabalho manual —, migrou para a produção artesanal. Além da Señorita Galante, há 6 anos, abriu a Escola de Artes Manuais, instituição para ensinar empreendedores a fazerem peças do zero e, inclusive, criou fios para a produção de peças.
Faço crochê desde os 12 anos. Dar aulas, pra mim, é a forma que encontrei de não deixar essas técnicas [crochê e tricô] desaparecerem, resgatando os benefícios para a saúde do ato de fazer manual, o bem-estar e enredando reflexões sobre o consumo e a produção consciente.
Anne Galante, dona da Señorita e da Escola de Artes Manuais
Parceria para atender a demanda. Para dar conta dos cursos e das produções - que atualmente está concentrada apenas na criação de artigos para decoração — ela chamou sua irmã, Ana Galante, para ser sua sócia dos dois negócios. O ateliê faz desde almofadas (R$ 288) a daybed de casal (puff de tricô) por R$ 13.368.
Aulas pelo YouTube e por plataforma de crochê
Anne usa o YouTube para engajar suas alunas e internautas. Lá, ela cria desafios com os seguidores (que já batem os 274 mil), faz minisséries temáticas sobre tricô e crochê, entrevista pessoas, visita fábricas e faz vídeos para publicidade.
Ela diz que grava os vídeos sozinha e que tem uma equipe para fazer a edição. "Meu público é muito engajado, gosta realmente de aprender", diz Anne. O retorno financeiro maior vem por meio dos cursos e das vendas da Señorita Galante, mas o canal no YouTube é para atrair artesãs e publicidade.
Além do YouTube, Anne oferece seus cursos em uma plataforma online chamada Portal EAM. Lá, ela tem 21 cursos disponíveis em diferentes níveis de conhecimento e áreas do tricô e crochê. O pagamento é anual e custa R$ 1.549. Apesar do valor, Anne garante que tem um público fiel. "Tenho alunas que estão comigo desde o começo da plataforma e renovam a assinatura todos os anos. Sempre apresento novidades, e elas consomem."
Aulas completas para criar uma bolsa
Outra empresária que vem faturando com aulas para empreendedores do crochê é Marcela Rachan, 41, da Decora com Crochê. Com 176 mil seguidores, ele vende seus cursos pelas redes sociais. Para atrair o público para seu YouTube e site, onde comercializa as aulas, ela também oferece conteúdos gratuitos.
No YouTube, o público encontra aulas completas para criar uma bolsa do zero. No site, há cursos que ensinam várias técnicas, precificação das bolsas, como divulgá-las e vendê-las.
Marcela Rachan, da Decora com Crochê
Marcela diz que foi a mãe quem a inspirou a fazer crochê. A produção de Marcela ficou mais séria na pandemia. "Comecei a fazer por hobby e como terapia e passei a postar nas comunidades do Facebook e no YouTube. As pessoas gostavam e começaram a pedir mais", afirma.
Porém, hoje, ela não produz mais nada. Atualmente, ela oferece cursos para a produção de mais de 70 modelos de bolsas diferentes. "Em uma semana já dá para fazer uma bolsa."
Os cursos custam de R$ 97 a R$ 447, dependendo do nível de conhecimento do aluno. Por mês, ela tem uma média de 250 alunos. No ano passado, Marcela faturou R$ 1,2 milhão e espera um incremento de 50% em 2024. "Criamos mais estratégias de divulgação."
Cursos degustação ajudam a engajar
Um chamariz para o público. Alexandre Giraldi, consultor Sebrae-SP, diz que oferecer cursos como degustação para o público-alvo é uma "ferramenta poderosa" para atrair seguidores e precificar as aulas. A degustação consiste em colocar no ar algumas aulas para as pessoas ficarem com vontade de comprar os cursos.
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Quero receberRedes sociais a favor do empreendedor. Ele diz que, mesmo com o TikTok e Instagram permitindo o acesso a diversos vídeos, o YouTube continua atraindo pessoas que procuram conteúdo mais completo.
Quem usa TikTok e Instagram não quer ficar mais de dez minutos em um único perfil. Ele quer navegar pelas redes e ver mais coisa. Já no YouTube, o público está mais disposto a se concentrar em uma página que ofereça o conteúdo que ele procura para produzir ele mesmo.
Alexandre Giraldi, consultor do Sebrae-SP
Dicas para engajar o público-alvo no YouTube
A pedido do UOL, Giraldi listou algumas dicas importantes para quem quer empreender usando o YouTube. Confira:
Foto de capa: Tenha uma foto de capa que realmente entregue o que o público pode esperar de conteúdo. A capa deve utilizar palavras-chave conforme a busca das pessoas.
Capriche na descrição do vídeo: A descrição deve ser clara e conter palavras-chave adicionais que não couberam no título. É importante, também, mencionar outros vídeos produzidos na descrição, para fazer o público navegar pela sua página.
Edição do vídeo: A legenda deve estar escrita corretamente, sem erros, e o vídeo deve ter áudio entendível. "Use e abuse dos efeitos de corte, aproximação, entre outros. Há diversos aplicativos gratuitos que podem ajudá-lo na edição."
Explore ferramentas gratuitas: Giraldi sugere duas ferramentas que podem ajudar o empreendedor a conhecer palavras-chave do seu negócio que estão em alta, para produzir conteúdo atraente: a Answer The Public e a Answer Sócrates. "Elas são gratuitas, mas têm um limite de pesquisas, seja semanal ou mensal. Para quem faz um vídeo semana, dá tranquilo", diz.
Degustação de vídeos: A degustação é a melhor forma de captar novos seguidores. Faça vídeos atraentes e que realmente entreguem conteúdo.
Use suas redes sociais: As redes sociais são uma ótima forma de divulgar seu conteúdo e atrair novos seguidores.
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