Empreendedora troca lixo por 'moedas verdes' e fatura R$ 300 mil por ano

A destinação inadequada de resíduos nas águas dos igarapés em Igarapé-Açu, no Pará, levou a empreendedora Carolina Magalhães a fundar o Movimento Moeda Verde para incentivar a reciclagem na cidade. Por ano, ela fatura R$ 300 mil e 30% desse valor é o lucro.

O que aconteceu

Lixo em troca de moeda verde, cada uma equivale a R$ 1. Cada lixo coletado e entregue em postos de coletas ou em eventos, o cidadão recebe uma moeda verde - cada uma equivale a R$ 1 - conforme uma tabela de preço. O dinheiro é utilizado para consumo no comércio local.

62 estabelecimentos já foram cadastrados. Entre os empreendimentos cadastrados para aceitar a moeda estão: padarias, mercadinhos e até funerária. Atualmente, 62 pequenos negócios fazem parte do projeto.

Era triste ver tanto plástico, vidro e outros lixos nas nascentes. Vi um projeto em uma cidade sobre moeda social e resolvi trazer para Igarapé-Açu. Com o Movimento Moeda Verde, conseguimos direcionar o descarte correto de resíduos e fomentar o comércio local.
Carolina Magalhães, presidente do Movimento Moeda Verde

Cooperativa pesa lixo e paga cidadão na hora

Cada lixo tem seu valor na cooperativa criada para a coleta. Para conseguir uma moeda, o cidadão pode reciclar:

  • 300g de metal
  • 4kg de papel
  • 6 kg de plástico

Ainda não há troca de vidro, mas Carolina disse que deve começar em breve.

Material é vendido para reciclagem e o dinheiro obtido volta para fomentar o comércio local com as moedas verdes. Carolina também criou o Banco Moeda Verde que oferece microcrédito com moeda social.

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Impacto ambiental começa a ser visível. Desde o início do projeto, 690 toneladas de lixo foram retiradas do meio ambiento e teve um destino correto. A cidade ganhou, inclusive, coleta seletiva feita pela prefeitura.

Nasce cooperativa de material reciclável gerida por mulheres. "A Cooperativa Reciclassu nasceu em maio deste ano e é administrada por mulheres. Lá é feita a gestão e comercialização de resíduos para a indústria", explica Carolina.

Empresas já procuram cooperativa para fazer cadastro. Carolina diz que o sucesso do projeto vem ganhando cada vez mais adesões e que hoje é comum empresários procurarem a cooperativa para participarem. O comerciante consegue trocar a moeda verde por real 30 dias após o recebimento.

É o tempo que a gente precisa para separar o resíduo e vender para recuperar o dinheiro.
Carolina Magalhães, presidente do Movimento Moeda Verde

Práticas e negócios sustentáveis vêm atraindo micro e pequenos

Levantamento do Sebrae aponta que os MEIs (microempreendedores individuais) e PMEs estão aderindo cada vez mais a práticas sustentáveis entre 2022 e 2024. Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, para que esses pequenos negócios possam se tornar mais sustentáveis, é fundamental assegurar melhores condições de acesso a investimentos que ampliem sua capacidade de inovar.

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Para além de uma questão de respeito ao meio ambiente e às demandas de consumidores cada vez mais esclarecidos e exigentes, a pauta da sustentabilidade ambiental também diz respeito à redução dos custos de operação dos pequenos negócios, com a diminuição do desperdício e aumento da eficiência.
Décio Lima, presidente do Sebrae.

Em se tratando das micro e pequenas empresas, as principais ações implantadas são:

Entre os MEI (Microempreendedores Individuais) são:

Consumo de energia (75%)
Controle de água (67%)
Controle do consumo de papel (60%)
Separação de lixo para coleta seletiva (64%)
Uso de matéria-prima ou material reciclável no processo produtivo (35%)
Destinação adequada de resíduos tóxicos (32%)
Reciclagem de pilhas, baterias e pneus (29%)
Compra ou venda de produtos usados (25%)
Captação de água da chuva ou reutilização da água (18%)
Uso de energia solar (13%)

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