Make, salão de beleza e até sex toys: negócio focado em mulher vale a pena?

Quiosque de maquiagem, linha de perfumes, serviços de manicure e marca de produtos eróticos. Ter um negócio focado no público feminino vale a pena? O UOL ouviu cinco empresas que apostaram em produtos e serviços para mulheres.

Para Ana Flávia Silva Moura, consultora de negócios do Sebrae-SP, este tipo de negócio tem espaço no mercado, desde que a empresa estude bem o seu público-alvo e tenha diferenciais para atrair essa clientela feminina. Veja no final do texto mais vantagens e pontos de atenção levantados por ela.

Confira 5 negócios focados no público feminino:

1) Ciclo Cosméticos

É uma marca de perfumes, hidratantes corporais e body splashes (perfumes com fragrância suave). Foi criada em Palhoça (SC), em 2003.

A Ciclo Cosméticos tem as linhas Ciclo Mini (para bebês e crianças), Ciclo Fragrance (feminina) e I'Man (masculina). Em 2023, a linha Ciclo Fragrance respondeu por 70% do negócio. No total, são 12 produtos infantis, 55 femininos e 8 masculinos.

O deo colônia Kiss é o produto mais vendido da Ciclo Cosméticos
O deo colônia Kiss é o produto mais vendido da Ciclo Cosméticos Imagem: Divulgação

O produto mais vendido é o deo colônia Kiss (R$ 89,90, embalagem de 100 ml). Os principais deo colônias são comercializadas em lata, estimulando o reúso de embalagens.

Outra linha de destaque é a Hello Hello, criada em parceria com a influencer Nah Cardoso. É composta por deo colônia e hidratante corporal perfumado. A deo colônia Hello Hello viralizou no TikTok em 2023; as vendas aumentaram mais de 200%. O produto custa R$ 89,90 (embalagem de 100 ml). Em fevereiro, a marca lançou o body splash da família Athina (R$ 39,90, embalagem de 200 ml).

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A categoria body splash recentemente se tornou a queridinha do TikTok, com milhares de vídeos publicados e gerando um desejo enorme nas consumidoras de todas as idades. Esse movimento é entendido como uma tendência mundial.
Luane Lohn, fundadora e CEO da Ciclo Cosméticos

Toda a produção é terceirizada. Os principais canais de venda da marca são lojas de departamento (Riachuelo, Renner, C&A, Havan e Pernambucanas), perfumarias, farmácias, no e-commerce, via parceiros (Amazon, Beleza na Web e Época Cosméticos), e no site próprio.

A empresa não abre seus dados financeiros. Mas informa que cresceu 43% em 2023.

2) Dona Coelha

É uma marca de bem-estar sexual, especializada em vibradores, sugadores, produtos eróticos e conteúdos sobre sexualidade. Foi criada em 2011, em São Paulo.

80% dos clientes são do público feminino, de diferentes orientações sexuais.

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O Serelepe foi lançado pela Dona Coelha em 2023 e custa R$ 539,90
O Serelepe foi lançado pela Dona Coelha em 2023 e custa R$ 539,90 Imagem: Divulgação

A empresa vende cerca de 500 produtos de diversas marcas nacionais e importadas. A Dona Coelha tem também uma linha com dez produtos próprios. O item mais vendido é o sugador Dona Coelha Sussu (R$ 497,90). O mais caro é sugador Mea Fun Factory (R$ 2.599,90). No ano passado, a empresa lançou o Serelepe, com as funcionalidades de sugador de clitóris e vibrador para penetração. Custa R$ 539,90.

Os produtos podem ser encontrados no e-commerce da empresa e em marketplaces. A meta é abrir uma loja própria em São Paulo ainda neste ano.

Em 2023, a empresa faturou R$ 10 milhões. O lucro não foi revelado.

Infelizmente, o nosso maior concorrente ainda é o tabu e a falta de educação sexual dos brasileiros. As pessoas ainda insistem em usar utensílios domésticos ou alimentícios, como azeite, balas, escova de dente elétrica e desodorante, entre outros, como sex toys, acarretando um risco grave para saúde íntima.
Natali Gutierrez, co-fundadora e CEO da Dona Coelha

3) Espaço Make

É uma rede de franquias de produtos de beleza. Foi criada em 2020, em São Paulo.

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Seu público é 95% de mulheres de todas as faixas etárias. A empresa tem no portfólio mais de 1.500 produtos (como paletas de sombra, batons, rímel e delineador) de diversas marcas. O produto campeão de vendas é o gel de sobrancelhas Melu, da Rubyrose. O preço varia de R$ 15 a R$ 20. Os produtos também são vendidos no e-commerce da marca.

A Espaço Make atua com unidades físicas em formato de quiosques em shoppings
A Espaço Make atua com unidades físicas em formato de quiosques em shoppings Imagem: Divulgação

Em 2023, a empresa faturou R$ 8 milhões, com 20% de lucro.

A rede tem 20 quiosques, sendo dois próprios, em nove estados. Para comprar uma franquia, o investimento inicial é de R$ 120 mil, e o faturamento médio mensal previsto é de R$ 40 mil a R$ 50 mil

4) Unhas Cariocas

É uma rede de franquia de esmalteria. Foi criada em 2016, em Taubaté (SP).

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O público feminino representa 99% de toda a clientela. A rede oferece mais de cem serviços e nove produtos. O serviço mais vendido é o "unhas em 30 minutos" (preço médio de R$ 35), e o produto mais vendido é a base fortalecedora 9 em 1 (preço médio de R$ 31). A tabela de preço é ajustada conforme a área econômica de cada unidade. Os produtos são vendidos nas unidades.

A Unhas Cariocas é uma rede de franquia de esmalteria
A Unhas Cariocas é uma rede de franquia de esmalteria Imagem: Divulgação

Em 2023, a empresa faturou R$ 42,4 milhões. O lucro foi de R$ 4,6 milhões.

A rede tem 95 unidades em funcionamento, sendo duas próprias. São quatro modelos de negócio: quiosque, loja de rua, loja de shopping e loja premium.

O investimento inicial varia de R$ 136,5 mil (quiosque) a R$ 294,8 mil (loja premium). O faturamento médio mensal vai de R$ 45 mil a R$ 55 mil (quiosque) e de R$ 85 mil a R$ 110 mil (loja premium).

5) Fast Escova

A Fast Escova oferece 46 serviços e mais de 50 produtos de linha home care
A Fast Escova oferece 46 serviços e mais de 50 produtos de linha home care Imagem: Divulgação

É uma rede de escovaria. Ela tem serviços para a escovação dos cabelos e cuidados de beleza, como sobrancelhas, penteados e tratamentos capilares, entre outros. Não há serviços como tintura, cortes ou químicas em geral. Foi criada em 2018, em Goiânia (GO).

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Seu público é dominantemente feminino. A empresa oferece 46 serviços e mais de 50 produtos de linha home care. O serviço mais vendido é a escova tradicional (a partir de R$ 59), e o produto é o Fast Mask (R$ 99; embalagem de 120 ml), uma máscara líquida para os cabelos. Os produtos são vendidos nas unidades da Fast Escova, no e-commerce da marca e em alguns marketplaces, como Mercado Livre, Magalu e Beleza na Web.

Em 2023, a empresa faturou R$ 133,9 milhões. O lucro não foi divulgado.

A rede tem 171 unidades em funcionamento, sendo apenas uma própria. O modelo de negócio é a loja física (com 5, 6 ou 10 cadeiras de cabeleireiro).

O investimento inicial varia de R$ 277,4 mil (5 cadeiras) a R$ 456,9 mil (10 cadeiras). O faturamento médio mensal é de até R$ 200 mil.

É preciso estudar bem o público

Mulheres representam 56,9% dos consumidores em plataformas digitais do país. Segundo Ana Flávia, do Sebrae-SP, os dados são de uma pesquisa da NielsenlQ Ebit com a Bexs Pay feita em 2022. "A mulher gosta de acompanhar as tendências de consumo e passa mais tempo nas redes sociais; portanto, ela está mais exposta ao comércio digital", diz.

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O mercado consumidor para o público feminino é gigantesco. Ana Flávia diz que as mulheres representam 96% das compras nos lares. Os dados são da mesma pesquisa de 2022. "Culturalmente, as mulheres sempre foram responsáveis pelas compras da casa, desde supermercado até itens para o marido e presentes de aniversários, de Natal, etc. Agora, com a sua independência financeira e, consequentemente, maior poder aquisitivo, elas estão comprando itens em segmentos não tão comuns como no passado, como carros e imóveis", afirma.

As mulheres influenciam outras mulheres. "Elas fazem a propaganda boca a boca muito bem", declara.

Ainda há espaço no mercado para negócios com foco no público feminino, mas é preciso estudar bem o público-alvo. "Afinal, a mulher não tem tempo, pois ela está no mercado de trabalho e continua sendo a maior responsável pela gestão da casa e cuidado das pessoas. Por isso, ela precisa, por exemplo, de serviços rápidos, em horários diferenciados", afirma.

Ter negócios que ofereçam experiências para a mulher pode ser uma boa aposta. "Em geral, as mulheres gostam de viver experiências do consumidor. Para elas, o consumo é mais emocional. Isso não é terapia, mas é terapêutico", declara.

O negócio focado no público feminino precisa ficar atento a tendências. "A mulher gosta de novidades. Ela está aberta a testar produtos e serviços novos. Mas ela também tem o hábito de comparar e pesquisar marcas, preços e funcionalidades", diz a consultora.

Vale também oferecer uma linha de produtos e serviços diversos. Ana Flávia diz que a mulher tende a comprar mais que um produto dentro da mesma linha, a usar mais de um serviço de uma vez ou ainda usar um serviço e comprar produtos correlacionados a ele. "Ampliar a variedade de produtos e de serviços para esta mulher consumidora é fundamental", afirma.

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Fique de olho na concorrência. Como há muitas empresas com produtos e serviços similares, o desafio do empreendedor é encontrar inovação no seu negócio. "É preciso ter diferenciais para atrair esse público feminino", diz.

O mercado de sex shops está em expansão. Mas o empreendedor deve, segundo Ana Flávia, se preocupar com a abordagem a essa clientela e com a terminologia usada, para não banalizar o sexo e o prazer feminino. "A mulher precisa se sentir segura e confiante, antes de comprar", afirma.

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