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Largou cargo no ministério para focar em venda de cookies; fatura R$ 39 mi

O casal Rafael Macedo e Francielle Faria criou a American Cookies em 2015, em Brasília Imagem: Divulgação

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/03/2024 04h00

Francielle Faria, 39, era servidora pública federal quando criou a marca American Cookies, em 2015. Vendia somente cookies congelados. O negócio só decolou de vez em 2017, com a entrada da empresa no iFood e a exigência de passar a vender cookies assados, já prontos para o consumidor. Em 2023, a empresa faturou R$ 39 milhões.

Naquela época, você só encontrava pizza e hambúrguer nos apps de entrega aqui de Brasília. Fomos o primeiro doce disponível por delivery, e isso trouxe um boom muito grande de pedidos. Chegamos a faturar R$ 12 mil por mês vendendo cookies por aplicativos, com uma pequena produção em casa
Francielle Faria

Produção começou na cozinha da casa

Em 2010, Francielle começou a trabalhar no Ministério da Fazenda. Ocupava o cargo de analista técnica administrativa. Ela havia passado no concurso público em 2009.

Ela e o marido, Rafael, 32, se apaixonaram por cookies em 2012. Em vez de comprarem os biscoitos em lojas da cidade, eles optaram por prepará-los em casa. Para isso, pesquisaram a receita na internet e começaram a fabricar.

No início, a produção era caseira, para consumo próprio. Depois, o casal passou a vender os cookies para parentes, amigos e colegas de trabalho. Em três meses, decidiram alugar uma loja em um shopping da cidade, para vender os biscoitos congelados. O investimento no negócio foi de R$ 50 mil. A loja foi fechada em seis meses.

Demos um passo maior que a perna. O aluguel era caro, o produto era pouco conhecido na época e nós éramos imaturos profissionalmente na gestão do negócio. Foi um erro.
Francielle Faria, fundadora e CEO da American Cookies

Em 2015, o casal decidiu retomar a produção dos cookies. Após uma consultoria do Sebrae, eles criaram oficialmente a marca American Cookies. Vendiam o produto congelado em um espaço na Mercearia Colaborativa, na Asa Norte, em Brasília. O investimento foi de R$ 1.000.

Em 2017, a American Cookies entrou no iFood. Mas, em vez de congelados, os cookies tinham que ser vendidos assados, já prontos para o consumidor. Ali, o negócio bombou. O faturamento mensal passou de R$ 2.000 para R$ 12 mil.

O primeiro ponto fixo foi aberto em junho de 2018. Era uma dark kitchen para a produção dos biscoitos. O espaço não existe mais.

O sucesso foi tanto que o meu marido teve que pedir demissão do seu emprego [de vendedor de autopeças] para fazer as entregas. Ele comprou uma moto com o dinheiro da rescisão e entrou de cabeça no negócio. Eu assava os cookies em casa e ele entregava. Ninguém acreditava que a American Cookies era uma empresa de apenas duas pessoas dispostas a fazer dar certo.
Francielle Faria, fundadora e CEO da American Cookies

Mesmo tocando o negócio com o marido, Francielle continuou no Ministério. Ela só pediu exoneração do cargo público em agosto de 2019, para focar na empresa. Nessa época, a American Cookies faturava de R$ 12 mil a 15 mil por mês. O casal é sócio na empresa.

Franquia custa a partir de R$ 189 mil

O produto mais vendido da American Cookies é o cookie ultra recheado de Nutella Imagem: Divulgação

Hoje, a rede tem 50 lojas abertas em 11 estados. São 13 lojas próprias e 43 franquias. Em Brasília, onde a marca nasceu, são 20 unidades (sendo quatro próprias e 16 franquias). O produto mais vendido é o cookie ultra recheado de Nutella (R$ 15).

Os modelos de negócio são: quiosque, container e loja física. O investimento inicial varia de R$ 189 mil até R$ 249 mil.

O faturamento em 2023 foi de R$ 39 milhões. O lucro não foi revelado.

Fábrica produz 12 mil cookies por dia

A empresa criou uma logística própria, em 2020. Para isso, investiu R$ 3 milhões na compra de caminhões refrigerados para a entrega dos cookies congelados para as franquias. "Isso viabilizou o negócio para outros estados. Não tínhamos como fazer a expansão do negócio sem esse investimento em logística. Esta era uma barreira que víamos em muitas franqueadoras que dependiam de logística terceirizada na época aqui no Centro-Oeste", afirma Francielle. Hoje, além de três caminhões refrigerados, a empresa tem outras transportadoras parceiras.

Toda a produção é própria. A fábrica e o centro de distribuição foram abertos em 2020, em Brasília. São duas dark kitchens próprias: uma em Belo Horizonte (MG) e outra em São Paulo. Elas só produzem para o delivery.

A fábrica produz hoje 12 mil cookies por dia. A meta deste ano é chegar a 15 mil unidades diariamente.

Vendas aumentaram 30% na pandemia

Na pandemia, a American Cookies teve um aumento de 30% nas suas vendas. "A marca já contava com um DNA de delivery, e isso ajudou muito em momento de lockdown", afirma Francielle.

O número de unidades abertas também aumentou. Passou de seis unidades em janeiro de 2020 para 30 lojas em março de 2021.

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