Instigado por pai, ele abriu loja de açaí com amigos; hoje fatura R$ 400 mi
Na época da faculdade, Sérgio Kendy, 30, vendeu pastas de amendoim para complementar sua renda. Assim que se formou em 2017 e instigado pelo pai, ele convidou mais dois amigos do curso para abrir uma loja de açaí em Londrina (PR). Investiram R$ 15 mil. Em 2023, o Grupo The Best Açaí faturou R$ 400 milhões.
A rede tem 370 unidades. São lojas bem coloridas e com ambientes "instagramáveis".
Negócio criado após provocação do pai
Kendy nasceu em Hiroshima, no Japão, para onde os pais foram trabalhar. De volta ao Brasil, morou em Marília (SP) e depois em Londrina, onde foi cursar engenharia civil na Universidade Estadual de Londrina.
Para complementar sua renda, ele foi monitor de matemática e vendia pastas de amendoim e paçoca. Comprava os produtos em uma fábrica de Marília e os vendia na faculdade e nos bares da região.
Em uma visita ao pai que morava em Marília, ele conheceu uma loja de açaí na cidade. "Gostei do sistema self-service ali, mas fiz críticas aos produtos, que não tinham nenhum diferencial, e à estrutura da loja, que não proporcionava uma experiência inovadora ao cliente", diz Kendy, que apontou vários aprimoramentos que poderiam ser feitos ali. "Meu pai [José Sérgio] logo me falou: 'Sérgio, se você é tão crítico, por que não faz melhor?'", afirma.
Aos 24 anos, Kendy decidiu encarar o desafio e abrir seu próprio negócio de açaí. Como só tinha R$ 5.000 para o investimento inicial, ele convidou dois colegas de faculdade (Mateus Bragatto, 30, e Mateus Queiroz, 30) para a sociedade. No total, eles investiram R$ 15 mil para abrir a The Best Açaí, em Londrina.
No início, os três se dividiam em todas as funções possíveis. Eles cuidavam desde a limpeza da loja até o atendimento dos clientes. Os insumos eram comprados de uma fábrica de São Paulo.
Franquia custa R$ 270 mil
Em Londrina, foi aberta a primeira franquia em 2018. As outras lojas vieram da demanda de clientes. Prevendo o crescimento do negócio, os sócios criaram em 2018 a franqueadora e estruturaram o modelo do zero, sem nenhuma consultoria especializada.
A rede tem hoje 370 unidades; sendo 20 próprias. O modelo de negócio é loja de rua, e o investimento inicial é de R$ 270 mil.
Nas lojas funciona o modelo self-service. O quilo custa de R$ 49,90 a R$ 55,90 (em cidades litorâneas).
A rede tem duas campanhas anuais muito fortes: na Páscoa e no inverno. Na Páscoa, vende ovos recheados com açaí e sorvete. "É o cliente que escolhe os recheios, dentre as opções de gelados, frutas e cremes, e pesa no caixa. Essa campanha virou febre de tão instagramável", afirma Kendy. No inverno, a rede lança todo ano um Waffle de receita própria. Ele é preparado na hora, e o cliente pode rechear como quiser.
Abertura de indústria e criação de logística própria
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Quero receberEm 2018, eles construíram uma indústria própria nos fundos de uma das lojas em Londrina. Assim, passaram a produzir os sabores de açaí e sorvetes. Hoje, a Amadelli Alimentos está localizada em Ibiporã (PR), cidade vizinha de Londrina.
Na média, produz 200 mil kg de açaí e sorvete por semana. São 12 sabores de açaí, 20 de sorvete e 4 de sorbets (sorvete feito sem leite).
Eles criaram também um sistema logístico próprio. A iniciativa foi necessária, segundo Kendy, após identificarem defasagens na logística e suprimentos das lojas. "Como não encontramos uma empresa de logística que entregava produtos perecíveis da forma como precisávamos, decidimos montar a nossa própria frota", diz Kendy. Hoje, são 30 caminhões elétricos e refrigerados que fazem entregas em 11 estados, toda semana.
Os principais problemas enfrentados foram a qualidade de produtos e a padronização. Segundo Kendy, estes foram os dois principais motivos da criação da indústria própria.
Todo o nosso crescimento foi baseado em resolução de dores, com acertos e novos erros, mas sempre em busca de resolver e, desse processo, sair com inovações.
Sérgio Kendy, sócio-fundador e Co-CEO
Criamos algo disruptivo, lojas altamente coloridas e instagramáveis, deixando que o cliente tenha a liberdade de escolher suas composições. Se ele quiser ser mais saudável, pode pegar o diet com frutas e granola. Se ele quiser uma sobremesa, pode carregar o açaí de creme de avelã, colocar sorvete, chocolates. Essa pegada não existia na época.
Em 2022, o trio criou o Grupo The Best Açaí. É uma holding com quatro empresas: The Best Açaí, Amadelli Alimentos, AmaFruta e Gracco Burguer. A AmaFruta é uma linha de sabores de açaí voltada a pequenos varejistas e com a pretensão de chegar às grandes redes de supermercados ainda em 2024. A Graco Burguer entrou para o Grupo para ser mais uma opção de negócio aos franqueados da The Best Açaí que querem continuar expandindo na mesma região, com outra opção de negócio.
Em 2023, o faturamento do Grupo foi de R$ 400 milhões. O lucro não foi revelado. A meta é chegar ao faturamento de R$ 777 milhões neste ano.
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