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Centrais sindicais se reunirão para tentar conter demissões em montadoras

Nelson Almeida / AFP Photo
Imagem: Nelson Almeida / AFP Photo

Do UOL, em São Paulo

09/01/2015 13h07Atualizada em 09/01/2015 16h09

As centrais sindicais devem se reunir na terça-feira (13), às 10h, na sede da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em São Paulo para debater as recentes demissões em montadoras na região do ABC paulista e para tentar evitar novos cortes.

Participam do encontro, além da CUT, a Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores, a Nova Central Sindical de Trabalhadores e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.

No final do ano, 800 metalúrgicos foram desligados da Volkswagen, o que motiva a greve na empresa, que entra no quarto dia nesta sexta-feira (9). A montadora Mercedes-Benz também confirmou 160 demissões.

Na quarta-feira (7), os funcionários fizeram uma paralisação de 24 horas. Eles retornaram ao trabalho, mas ainda fazem panelaços em protesto.

Sindicato diz que empresas fazem 'jogo político'

De acordo com João Carlos Gonçalves Juruna, secretário-geral da Força Sindical, o objetivo é definir a agenda deste ano para retomar a pauta trabalhista com o governo. Assuntos como mudança no auxílio-desemprego, fator previdenciário e terceirização devem ser tratados.

O representante da Força criticou a postura das empresas. “As montadoras estão fazendo um jogo político para poder pressionar o governo, demitindo, para que mantenha a redução do IPI [Imposto Sobre Produtos Industrializados]. Isso é um jogo político que está por trás. Por isso, a dificuldade de negociação. Até porque o acordo que os nossos companheiros do ABC fizeram [com a Volkswagen] era até 2016, de não demissão. Aí antecipam as demissões justo no momento em que o governo diz que vai retirar o IPI”.

Diante das críticas, a assessoria de imprensa da Volkswagen informou que não vai se pronunciar. A Mercedes-Benz não enviou resposta até a hora da publicação da matéria, pela Agência Brasil.

Em 2012, o sindicato e a Volkswagen firmaram acordo coletivo, com validade até 2016, prevendo questões como estabilidade e politica de reajustes. No ano passado, porém, a empresa quis rever o acordo, mas a proposta foi rejeitada, em assembleia, pelos metalúrgicos.

O sindicato reclama que desde então, a empresa não chamou os trabalhadores para negociar e tomou uma decisão unilateral sobre as demissões.

Produção de automóveis em queda

A Volkswagen argumenta que, quando o acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva para a indústria automobilística era positiva, pois acreditava-se que seriam vendidas 4 milhões de unidades em 2014.

“O que ocorreu foi uma retração para 3,3 milhões. É importante lembrar que, na Unidade Anchieta, o nível de remuneração médio é mais alto que o dos principais concorrentes, inclusive na região”, informa nota da empresa.

A Mercedes-Benz alega que adotou medidas para manter a competitividade diante dos altos custos de produção.

A empresa implementou licença remunerada, férias coletivas e individuais, banco de horas, semana com quatro dias de trabalho, redução para um turno em algumas áreas, programa de demissão voluntária e lay-off [suspensão temporária do contrato de trabalho]. A empresa também interrompeu sua produção em dezembro.