Faça a conta para ver se vale a pena aderir a plano de demissão voluntária
O PDV (plano de demissão voluntária) é uma forma de reduzir o pessoal, seja por causa de crise econômica, fusão ou o fechamento de uma unidade.
Segundo Paulo Sergio João, professor de direito do trabalho da PUC-SP e FGV-SP, não existe uma lei que regulamenta o assunto. A adesão ou não ao programa é uma decisão que cabe apenas ao profissional. Por isso ele deve pensar bem antes de fazer uma escolha.
Confira pontos que o profissional deve analisar antes de entrar em um programa de demissão voluntária.
Benefícios devem durar pelo menos seis meses
Em geral, as empresas oferecem verbas rescisórias de uma demissão sem justa causa (como a multa de 40% do FGTS). Também dão um período de assistência médica para o ex-funcionário e dependentes, assim como previdência privada, e trabalho de consultoria para ajudar a se recolocar no mercado de trabalho.
"Isso é o mínimo para aderir ao programa, e os benefícios têm de durar por seis meses", afirma Felipe Brunieri, gerente de finanças da Talenses, especializada em recrutamento. Mas o profissional também deve considerar os salários a mais que a companhia costuma oferecer na rescisão.
Calcule despesas e rendimentos mensais
Brunieri diz que o funcionário deve calcular suas despesas e rendimentos mensais, incluindo bônus se for o caso, estimando o tempo que uma pessoa da sua posição demora para conseguir um novo emprego. "No caso de um executivo, isso pode levar de quatro a seis meses, por exemplo".
Além disso, incluir nos gastos estimados o valor de cursos de aprimoramento, como reciclagem ou MBA. Ao final, no caso de um executivo, o profissional precisa de pelo menos 12 salários para que o programa valha a pena. "Menos que isso não faz muito sentido. Mas não existe fórmula mágica. Vai variar caso a caso", diz Brunieri.
Para Gutemberg Brito de Macedo, fundador da Gutemberg Consultores, especializada em RH, o profissional deve conseguir um valor que o garanta por pelo menos seis meses, e ainda assim apertar o cinto. "Geralmente recomendo que corte 30% dos gastos". A verba da rescisão deve ser usada para despesas mensais, aplicando o que sobrar.
Avalie o mercado
Uma das primeiras preocupações é avaliar como está o mercado de trabalho. Se o desejo é entrar em outra empresa em pouco tempo, é bom que não demore. Ficar desempregado pode não trazer benefícios. "O valor [do profissional] para o mercado diminui de acordo com o tempo que a pessoa fica inativa", afirma Gutemberg de Macedo.
Pense sobre a situação da companhia
É preciso analisar o momento econômico da empresa ainda que, segundo Macedo, o anúncio de um plano de demissão voluntária não significa, necessariamente, que ela está mal. "Geralmente, nas empresas grandes, o mercado é que está ruim. Ela pode estar bombando em outro país, por exemplo".
Analise sua posição na empresa
Para Felipe Brunieri, é preciso fazer uma autocrítica e avaliar se teria vida longa na empresa. Também é preciso pensar sobre as próprias pretensões, perguntando-se, por exemplo, se gostaria de estar na companhia daqui a cinco ou dez anos.
Mantenha-se motivado
Se você não está crescendo na empresa, está insatisfeito, sentindo-se desmotivado ou tem algum conflito com a organização, esse é o momento de sair, afirma Macedo. O mesmo vale para a estagnação. "Se está há 20 anos na empresa e não saiu da mesma posição, sugiro buscar algo diferente, porque o caminho ali está liquidado".
Não espere uma promoção
Um superior vai aderir ao plano ou deixar a empresa e você quer ficar para tentar ocupar o cargo? Pode não ser uma boa ideia, segundo Gutemberg de Macedo. "Condicionar o futuro da carreira à saída de um chefe é extremamente perigoso, porque isso pode não acontecer". Ao final, corre o risco de ficar insatisfeito e no mesmo cargo.
Avalie se deve empreender
O dinheiro conseguido com o PDV pode representar a chance de independência. Mas a decisão tem de ser bem pensada. "Muitos negócios fecham no primeiro ano. Ser empreendedor não é para qualquer pessoa. Fazer um curso na área, por melhor que seja, não significa sucesso", afirma Gutemberg. Ele recomenda que o investimento inicial não seja superior a 40% da renda total do profissional.
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