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Desemprego é de 14,4% e atinge 14,4 milhões, maior número desde 2012

Desempregados em fila por vagas de trabalho em São Paulo - Rovena Rosa/Agência Brasil
Desempregados em fila por vagas de trabalho em São Paulo Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

30/04/2021 09h02Atualizada em 30/04/2021 09h44

A taxa média de desemprego no Brasil foi de 14,4% no trimestre móvel de dezembro a fevereiro. Isso significa que 14,4 milhões de pessoas estão na fila por um trabalho no país, o maior contingente desde 2012, quando começou a série histórica.

Os dados foram divulgados hoje e fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado representa uma alta de 2,9%, ou de mais 400 mil pessoas desocupadas frente ao trimestre anterior (setembro a novembro de 2020), quando a taxa de desocupação foi estimada em 14 milhões de pessoas e de 16,9% (mais 2,1 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre móvel do ano anterior (12,3 milhões de pessoas).

Mesmo assim, a taxa de desocupação ficou estável em 14,4% em relação ao trimestre anterior (14,1%), mas apresentou alta de 2,7 pontos percentuais na comparação com igual trimestre do ano passado, que foi estimada em 11,6%.

Número de empregados ficou estável

O contingente de pessoas ocupadas (trabalhando), somando 85,9 milhões, ficou estável em relação ao trimestre móvel anterior e caiu 8,3%, (menos 7,8 milhões de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2020. Com isso, o nível de ocupação no país, que é o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, também apresentou estabilidade, ficando em 48,6%.

Embora haja a estabilidade na taxa de ocupação, já é possível notar uma pressão maior com 14,4 milhões de pessoas procurando trabalho. Não houve, nesse trimestre, uma geração significativa de postos de trabalho, o que também foi observado na estabilidade de todas as atividades econômicas, muitas ainda retendo trabalhadores, mas outras já apontando um processo de dispensa como o comércio, a indústria e alojamentos e alimentação.
Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE

Apenas a categoria de trabalhadores por conta própria, que totaliza 23,7 milhões de pessoas, apresentou crescimento (3,1%) na comparação com o trimestre anterior (setembro a novembro de 2020), significando a adição de 716 mil pessoas neste contingente. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o indicador apresentou uma redução de 824 mil postos.

As demais categorias apresentaram estabilidade em relação ao trimestre anterior. Os trabalhadores do setor privado com carteira de trabalho assinada foram estimados em 29,7 milhões de pessoas. Os empregadores e trabalhadores do setor privado sem carteira assinada somam 9,8 milhões de pessoas. E os empregadores são 3,9 milhões de pessoas.

Na comparação com o mesmo trimestre de 2020, porém, houve queda 11,7%, ou menos 3,9 milhões postos de trabalho para empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada; de 1,8 milhão de pessoas entre empregadores e trabalhadores do setor privado sem carteira assinada e de menos 552 mil empregadores.

O trimestre encerrado em fevereiro de 2020 ainda era um cenário pré-pandemia e qualquer comparação com este período vai mostrar quedas anuais muito acentuadas. Isso explica o porquê da estabilidade no trimestre e alta no confronto anual.
Adriana Beringuy

6 milhões desistiram de buscar trabalho

A população desalentada, grupo de pessoas que não buscaram trabalho, mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar, foi estimada em 6 milhões, é recorde na série histórica da pesquisa, em 2012, ficando estável frente ao trimestre móvel anterior e crescendo 26,8% ante o mesmo período de 2020.

Informalidade atinge 34 milhões

A taxa de informalidade no período ficou em 39,6% da população ocupada, ou 34 milhões de trabalhadores informais. No trimestre anterior, a taxa havia sido 39,1% e no mesmo trimestre de 2020, 40,6%.

O trimestre repete a preponderância do trabalho informal, reforçando movimentos que já vimos em outras divulgações - a importância do trabalhador por conta própria para a manutenção da ocupação.
Adriana Beringuy, analista do IBGE

Rendimento médio cai 2,5%

A massa de rendimento real habitual ficou estável na comparação com o trimestre anterior, sendo estimada em R$ 211,2 bilhões de reais. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a queda de 7,4% representa uma redução de R$ 16,8 bilhões na massa de rendimentos. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve estabilidade.

Metodologia de pesquisa

A Pnad Contínua é realizada em 211.344 casas em cerca de 3.500 municípios. O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados.

Existem outros números sobre desemprego, apresentados pelo Ministério da Economia, com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Os dados são mais restritos porque consideram apenas os empregos com carteira assinada.

Na quarta-feira (28), o governo divulgou dados do Caged sobre o mês de março. O resultado apontou que o Brasil abriu 184.140 vagas de emprego com carteira assinada. Os números são resultado de 1.608.007 admissões e de 1.423.867 demissões.