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Emprestaram nome a parente devedor e ficaram anos sem crédito; saiba evitar

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Sophia Camargo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/09/2017 04h00

A situação é desconfortável: um amigo ou parente querido ficou com o nome sujo e pede o seu nome emprestado, seja usando seu cartão de crédito, talão de cheques ou pedindo que você assuma um financiamento ou empréstimo para ele. O que fazer?

Fabiana Rocha de Oliveira, 36, técnica contábil; Verônica Cordeiro, 50, advogada; e Adriano de Almeida, 42, editor de vídeos disseram sim e se deram muito mal por isso. Veja suas histórias a seguir. No fim deste texto, leia dicas para evitar essa armadilha.

Emprestou para a empresa e para a irmã

Fabiana Rocha de Oliveira, técnica contábil - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Fabiana Rocha de Oliveira ficou com o nome sujo por dois anos por emprestar o nome
Imagem: Reprodução/Facebook

Fabiana Oliveira teve problemas por emprestar o nome duas vezes. A primeira foi porque a empresa em que trabalhava usava o cheque de funcionários para obter crédito. Uma vez, porém, o patrão não tinha dinheiro para cobrir o valor do cheque que foi depositado e ela ficou dois anos com o nome sujo por isso. 

Da segunda vez, o problema foi com a irmã, que usava seu cartão de crédito. Ela sempre pagou direitinho, mas trabalhava sem registro e ficou desempregada. “Ela não me pagou e eu não pude pagar também. Como eu tinha um relacionamento com o banco, permitiram que eu parcelasse a dívida. Depois de tudo, aprendi a lição. Quando você quiser emprestar seu nome para alguém, faça desde que tenha condição de arcar com as despesas.”

Comprou carro e irmão não pagou

Verônica Cordeiro, advogada - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Verônica Cordeiro comprou o carro para o irmão e tem até multa no seu nome
Imagem: Reprodução/Facebook

A advogada Verônica Cordeiro ainda está sofrendo o efeito de ter emprestado o nome, e ainda não conseguiu arrumar a confusão em que se meteu. “Um tormento voluntário”, diz.

O irmão estava passando por dificuldades e, como é corretor de imóveis, precisa de um carro para trabalhar. Ela aceitou que ele comprasse um carro no nome dela, mas não imaginou que ele deixaria de pagar as prestações logo no início.

“Paguei duas vezes a prestação do carro, mas avisei que não ia pagar mais. Ele atrasa constantemente. Agora a empresa me liga de seis a oito vezes por dia cobrando. Além disso, têm chegado multas de trânsito na minha casa, que ele também não paga. Esses pontos que não são meus estão quase me fazendo perder a carteira de motorista” diz. 

E ainda tem mais um agravante: ela descobriu que o carro está sem seguro. Se for roubado, ainda terão de pagar o financiamento de algo que nem existe mais. Cordeiro conta que o irmão prometeu que devolveria o carro à financeira, mas ele não retorna mais seus contatos. “Nunca mais faço isso, é muito estresse.”

20 anos sem crédito

Adriano de Almeida está há 20 anos sem crédito por ter emprestado três talões de cheques seus para a empresa em que trabalhava. Ele conta que a dona precisava de crédito e pediu aos empregados que cedessem seus cheques para que ela descontasse. "Era muito jovem e queria ajudar a empresa a crescer", diz.

No início, ela pagou tudo certo, diz Almeida. Depois, parou de pagar e ele ficou com dívidas com uma empresa de factoring, um banco e um agiota.

“Nunca mais tive crédito, hoje tenho de comprar à vista ou pedir para meu pai que compre para mim e então pago a ele”, diz. “Acho que só vou ter crédito de novo na outra vida. Se pudesse voltar atrás, nunca mais emprestaria o nome.”

Nunca empreste o nome

Para Ricardo Pereira, educador financeiro do Dinheirama.com, nunca se deve emprestar o nome, por maior que seja o laço de amizade e parentesco que o une à pessoa que pede. "A saída é dizer não, sem rodeios. Não fique com receio de perder a amizade se disser não, pois a chance de estragar o relacionamento ao emprestar o nome é muito maior”, diz. "Há quem diga que empresta a mulher, mas não empresta o nome", brinca.

Veja os motivos para não emprestar o nome:

1) É muito arriscado

Se a pessoa não cuidou do próprio nome, será que ela terá mais cuidado com o seu? “Quem sujou o próprio nome já demonstrou descontrole no uso do dinheiro e, enquanto não aprender a resolver isso, vai continuar cometendo os mesmos erros”, diz. "Sem que aprenda a resolver seus problemas financeiros, a chance de que suje o nome do terceiro é muito alta."

2) A dívida fica no seu nome

Não importa que tenha apenas emprestado o nome. Se o parente ou amigo não pagar a dívida, quem será cobrado é você. Será o seu nome que irá para o cartório de protestos e para os cadastros de inadimplentes (situação que pode durar até cinco anos), podendo até mesmo enfrentar um processo judicial. Lembre-se ainda que terá de arcar com os custos de eventuais advogados que tenha de contratar.

3) Ficar com o nome sujo é um transtorno

Quem fica com o nome sujo enfrenta vários problemas na vida financeira: perde o acesso ao crédito (ou tem acesso apenas ao crédito para negativados, cujas taxas de juros são as mais altas do mercado); não consegue alugar casa, abrir conta em banco, ter talão de cheque, fazer cartão de crédito nem muito menos fazer um financiamento. “Pode atrapalhar até planos de quem está emprestando o nome, como comprar um carro ou fazer uma viagem de férias”, diz Pereira.

4) Pode estragar o relacionamento

Normalmente, quem pede nome emprestado é alguém bastante íntimo, um parente ou um amigo de longa data. Pereira afirma que muitos clientes que o consultaram relataram que, ao emprestar o nome e a pessoa não pagar, além do problema com a dívida, ainda perderam a amizade. “Quando alguém não paga, costuma fugir do credor, deixando o amigo/parente na mão”, diz.

O que fazer?

O educador sugere alguns caminhos: se tiver o dinheiro que a pessoa precisa, faça uma doação ou empreste sem expectativa de retorno. “Empreste a quantia se puder dispor daquele dinheiro sem que faça falta, sabendo que poderá nunca mais receber”, diz. “Se a pessoa pagar depois, ótimo, mas não conte com esse dinheiro.”

Se for algo de pequeno valor, proponha-se a fazer você mesmo a compra, mas nunca empreste o cartão de crédito.

Outra dica, caso não disponha do dinheiro, é ajudar o endividado a se reorganizar financeiramente, auxiliando a verificar onde está errando no controle financeiro. “Auxiliar a fazer o orçamento doméstico é uma ajuda importante, pois quem sujou o nome normalmente não tem nenhum tipo de controle”, diz.

Pereira afirma que o sentimento de culpa pode levar ao empréstimo do nome, mas repense essa atitude. “Em vez de fazer o bem, está fazendo o mal, pois o endividado nunca vai aprender a caminhar pelas próprias pernas se não enfrentar a situação. Pedir emprestado o nome dos outros não vai resolver a vida dele. É preciso verificar onde errou e como ajudar as contas para sair do vermelho e voltar a ter crédito”, afirma o educador.

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