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Veja como fica consignado de R$ 1.000 e R$ 5.000 após juros mais altos

Vinícius de Oliveira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/12/2021 18h05

O governo anunciou nessa segunda-feira (6) que os juros do empréstimo consignado para aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) poderão ficar mais caros. Os bancos poderão cobrar juros de até 2,14% ao mês a partir de 2022. Essa era a taxa cobrada antes da pandemia, que foi reduzida para os atuais 1,8% ao mês.

O empréstimo consignado é aquele no qual o pagamento é descontado diretamente do benefício. Por isso, tem taxas de juros menores que as do crédito pessoal. Nas operações feitas com cartão de crédito consignado, a taxa vai subir dos atuais 2,7% para 3,06% ao mês.

A pedido do UOL, o educador financeiro Thiago Martello fez simulações para comparar o quanto o cliente vai pagar a mais com o aumento dos juros. As simulações consideram valores de R$ 1.000 e R$ 5.000 e duas opções de prazos: 36 meses ou 72 meses, que é o tempo máximo estabelecido pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS).

O levantamento não leva em conta o Custo Efetivo Total (CET) do empréstimo, já que as instituições financeiras aplicam taxas e tributos, como IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Para empréstimo de R$ 1.000

Quem pegasse R$ 1.000 em crédito consignado, a uma taxa de 1,80% ao mês, pagaria 36 parcelas de R$ 37,98 ou um total de R$ 1.367,28. Agora, esse valor sobe para R$ 40,12 ou um total de R$ 1.444,32. Ou seja, R$ 77,04 a mais.

O mesmo valor no dobro do tempo de pagamento teria uma parcela de R$ 24,89 ou um custo total de R$ 1.792,08. Com o juros máximo de 2,14% ao mês, a parcela sobe para R$ 27,36 e o total para R$ 1.969,92. Ou seja, uma diferença de R$ 177,84.

Para empréstimo de R$ 5.000

Já quem fizesse um empréstimo consignado de R$ 5.000, anteriormente poderia pagar 36 parcelas de R$ 189,92 ou um total de R$ 6.837,12. Agora, esse valor sobe para R$ 200,60 na parcela e R$ 7.221,60 no total. Ou seja, R$ 384,48 a mais.

Para quem dividiu o empréstimo em 72 vezes, a parcela era de R$ 124,25 e o total pago chegaria a R$ 8.946,00. Já com as novas condições, a parcela aumenta para R$ 136,78, e o empréstimo sai a R$ 9.848,16. Ou seja, uma diferença de R$ 902,16.

Redução no limite de renda comprometida

Outra mudança anunciada pelo governo foi que os aposentados e pensionistas do INSS poderão comprometer até 30% de sua renda mensal com o empréstimo consignado. Durante a pandemia, esse limite havia sido ampliado para 40%. O cartão de crédito consignado continua podendo comprometer apenas 5% da renda.

"O aposentado vai ter direito a um crédito menor ou uma parcela um pouco maior. Além disso, a alteração no prazo [um ano a menos] também impede que os bancos emprestem mais dinheiro. Porque, quanto mais se alonga o prazo no consignado, mais você consegue pagar ao longo do tempo", explicou Felipe Chamaniego, da Messem Investimentos.

De acordo com o especialista em produtos, essas mudanças visam proteger as instituições financeiras em um cenário de aumento da taxa básica de juros, a Selic, e também do endividamento das famílias.

Tenho empréstimo consignado; devo me preocupar?

Via de regra, quem já tem um empréstimo consignado não precisa se preocupar com a alteração da taxa. Segundo Martello, essa modalidade de crédito costuma ter taxas prefixadas e parcelas fixas. "Quando você fecha um contrato, as taxas daquele empréstimo são obedecidas do início ao término do contrato", explicou.

Martello, no entanto, recomenda consultar o contrato para verificar se não há alguma cláusula dizendo que as taxas vão seguir as variações de mercado. Apesar de incomum, há situações específicas que podem prever essas mudanças.

Chamaniego afirmou que as instituições financeiras não vão, necessariamente, aumentar a taxa de juros para o empréstimo consignado em 2022. "O teto será de 2,14%. Quer dizer que o banco pode cobrar até aí, mas não que ele vá cobrar. Quanto mais instituições trabalhando nesse setor, menor tendem a ser as taxas cobradas", disse.