Vamos entrar em um novo ciclo da economia; o que fazer com seu dinheiro?
A redução na taxa Selic mobilizou os melhores especialistas do país em torno de uma disciplina comum ao mercado: a futurologia. Qual será o ritmo do ciclo de queda na taxa? Em que patamar deverão estacionar os juros? Essas são algumas das perguntas que todos nós fazemos diariamente.
No Brasil, costuma-se dizer que quem acerta previsão da economia é rei. De fato é. E por uma razão simples: quem faz a melhor leitura dos ciclos econômicos certamente tomará as melhores decisões a respeito do seu dinheiro. No entanto, somos o país dos imprevistos; até os melhores profissionais do mercado podem errar —e erram.
Ritmo de queda será mantido. A primeira queda foi de 13,75% para 13,25%. Em ata publicada no dia 8 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, afirmou que o ritmo de redução da taxa seria mantido, o que acabou se confirmando com a nova taxa de 12,75%, divulgada no último dia 20 —aliás, uma excelente notícia.
A decisão final depende, claro, do comportamento da inflação e da situação das contas públicas, já que a taxa de referência dos juros é a principal ferramenta do BC para conter a escalada dos preços. A simples disposição do Copom de manter o ritmo de redução da Selic tem o potencial de inaugurar um novo ciclo na economia brasileira, um período de retomada, de recomposição das perdas, que é o momento em que vivemos.
Soma-se à queda dos juros outras notícias positivas, como a melhora das notas do Brasil em agências internacionais de risco ao crédito, a aprovação recente do arcabouço fiscal e o avanço das discussões da reforma tributária. Feita a equação com todas essas variáveis, o resultado será um só: aumento do volume de investimentos no país.
Diante disso, há quem se deixe dominar pelo otimismo exagerado, que pode ser tão nocivo quanto o pessimismo em mesmo grau. Antes de qualquer coisa, é preciso entender o caráter cíclico da economia, as voltas que ela dá, e descobrir em que posição exatamente estamos, que é de retomada, de recomposição, como dito pouco acima.
O varejo recuperou a pujança do pré-pandemia? Sabemos que não. A inflação pode estar sob um controle maior do que no passado, mas ainda temos um longo caminho pela frente, e a própria Selic ainda se manterá em patamares consideravelmente altos por alguns meses.
Porém, o cenário macroeconômico ganhou um pouco mais de previsibilidade nas últimas semanas, e isso significa muito para os que exercitam a futurologia.
Para entender o que isso representa, imagine que é uma situação parecida com a de dirigir na neblina: saímos de um cenário de baixa visibilidade para outro em que já conseguimos enxergar alguns metros à frente. A neblina ainda está espessa, mas a questão é que não estamos a passeio para um fim de semana no litoral. Na verdade, estamos em uma corrida. É necessário conhecer o trajeto, é importante ter uma bússola precisa, porque quem conhece de ciclos econômicos se parece com um corredor experiente. Ele sabe que a neblina passará mais dia, menos dia, e que ele precisa estar bem posicionado para quando puder pesar o pé no acelerador. O espaço para as melhores decisões é curto.
No mercado, pelo menos até aqui, compensou manter a maior parte dos investimentos na renda fixa, mas o cenário está mudando rapidamente. Os grandes investidores certamente não estão pensando na tranquilidade passageira do CDB. Para eles, há cada vez mais opções de investimentos alternativos a serem exploradas.
Aos poucos, os investimentos em renda variável começam a se tornar mais atraentes. Mais do que isso, passam a oferecer um retorno potencial que melhora dia após dia. Por outro lado, os que perderam algum dinheiro com fundos de renda variável estão no momento do ciclo de recompor a carteira e não de abandoná-la em direção ao CDB, porque é bem provável que o ponto do ciclo em que era vantajoso fazer isso já tenha passado.
Obviamente, é necessário avaliar qual é o perfil do investidor e o grau de risco que ele suporta, além de um planejamento financeiro que dê conta das suas necessidades a curto, médio e longo prazos.
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