Investir em renda fixa ainda vale a pena com queda nos juros?
Os investimentos de renda fixa têm rendido cada vez menos após as sucessivas quedas da taxa básica de juros, a Selic. Diante desse cenário, tenho visto recorrentemente pessoas perguntando se ainda vale a pena deixar o dinheiro nesse tipo de aplicação, ou até quando vale a pena.
Na coluna de hoje eu explico como você faz para saber se, no seu caso, vale a pena se manter na renda fixa ou ir para a renda variável.
Qual é o objetivo do seu investimento?
Se você está investindo para fazer uma reserva para emergências, não há o que discutir: você precisa deixar o dinheiro em renda fixa. Mas não qualquer aplicação de renda fixa, e sim naquelas com baixíssimo risco e que lhe permitam resgatar o dinheiro a qualquer momento, praticamente sem chance de perdas.
O investimento que melhor atende essas condições no Brasil é um título do Tesouro Direto chamado Tesouro Selic.
O único porém desse investimento é que você nem sempre consegue resgatar o valor no mesmo dia. Se solicitar o resgate na parte da tarde, receberá o dinheiro na sua conta somente no dia útil seguinte.
Sendo assim, para a sua reserva de emergência, o ideal é deixar o dinheiro no Tesouro Selic, mas manter sempre algum valor em um fundo do tipo DI ou na poupança, apenas para conseguir se manter enquanto estiver esperando o dinheiro do Tesouro cair na sua conta.
Portanto, por mais baixos que estejam os juros, se o dinheiro é para emergência, ele precisa estar seguro e sempre à mão, e a aplicação mais segura com possibilidade de resgate diário é o Tesouro Selic.
Investimentos para médio prazo
Caso o seu objetivo de investimento tenha um prazo definido e que não seja muito longo (até cinco anos, aproximadamente), existem algumas opções no mercado. Nesse caso, como você vai ganhar mais dinheiro é aplicando em títulos de renda fixa com uma data de vencimento dentro do prazo adequado para você.
Por exemplo, se você está juntando dinheiro para dar entrada em um imóvel daqui a dois anos, o ideal é você aplicar em títulos com prazo de dois anos. Dessa forma, você consegue uma rentabilidade maior do que se escolher aplicações de prazo mais curto.
Mas em quais títulos você vai investir? No Tesouro? Em papéis como CDB, LCA e LCI?
Você vai conseguir rentabilidade maior do que a do Tesouro se aplicar em CDB, LCA ou LCI.
Porém, existem três tipos diferentes de investimento de renda fixa: prefixados, pós-fixados e híbridos. Em qual desses você vai aplicar, para um investimento de médio prazo?
Para diluir o seu risco, o melhor é dividir o dinheiro nesses três tipos: colocar um terço do valor em pós-fixado, um terço em prefixado e o restante em um investimento híbrido.
Se isso que falei é muita informação, não se preocupe. Basta você virar para o seu gerente ou assessor de investimentos e dizer: "Quero investir em títulos de renda fixa com prazo de dois anos, dividindo o valor igualmente entre pós-fixados, prefixados e híbridos".
Se quiser segurança nesse investimento, acrescente que deseja que esse valor esteja todo coberto pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Assim, você garante que, se os bancos que emitiram esses títulos quebrarem, será reembolsado em 100% do valor aplicado, mais os juros.
Investimentos de longo prazo
Agora é que a questão dos juros baixos faz uma grande diferença.
Até agora, nos dois casos citados, eu falei apenas de investimentos de renda fixa. Sim, porque as demais opções (renda variável) são instáveis demais para se fazer uma aplicação de curto ou médio prazo.
Se você investir em ações, por exemplo, com objetivo de resgatar em dois anos, pode ser que na hora em que precisar do dinheiro esteja com menos do que aplicou. Já em renda fixa, se você escolher corretamente, com data de vencimento correta e proteção do FGC, essa possibilidade é quase impossível.
Mas, quando falamos em prazos longos, principalmente acima de dez anos, a situação muda.
Por exemplo, aplicando em renda fixa por dez anos, considerando o atual cenário de taxa Selic e inflação, você tem um ganho real aproximado de quase 80%, já descontando o Imposto de Renda.
Em aplicações de renda variável, como fundos de investimento imobiliário, é possível obter um retorno de 136% no mesmo período.
Ainda nesse exemplo, se o investimento inicial for de R$ 10 mil, na renda fixa você estaria com o equivalente a R$ 18 mil após dez anos; em fundos imobiliários, o valor chegaria a R$ 23,7 mil, uma diferença de mais de R$ 5.000.
Esses valores citados (R$ 18 mil ou R$ 23,7 mil) estão trazidos a preços de hoje. Ou seja, na verdade, você terá uma quantia maior, mas que, devido à inflação, terá um poder de compra equivalente ao de R$ 18 mil ou R$ 23,7 mil, se investir em renda fixa ou fundos imobiliários, respectivamente.
Apenas fique atento para o fato de que fundos imobiliários e outros investimentos de renda variável têm muito mais riscos do que a renda fixa. É preciso conhecer esse tipo de aplicação para mitigar riscos e investir com mais segurança.
Alguma dúvida?
Tendo alguma dúvida sobre investimentos, me siga no Instagram e envie uma mensagem por lá. Sua pergunta poderá ser respondida em breve nesta coluna.
Deixe seu comentário