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OPINIÃO

Nenhum BC no mundo sabe que medidas serão necessárias para conter inflação

Rafael Bevilacqua

05/05/2022 09h34

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A disparada da inflação global nos últimos meses derrubou a narrativa de que a alta dos preços experimentada ao longo de 2021 se tratava de um fenômeno transitório —termo repetido exaustivamente por figuras proeminentes, como o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell.

Após muita relutância, o Federal Open Market Committee (Fomc, comitê de política monetária dos EUA) deu início ao atual ciclo de alta dos juros no país na reunião de março, com uma tímida elevação de 0,25 ponto percentual da taxa básica, para o patamar entre 0,25% e 0,5% ao ano.

Para o mercado, tal movimento deu a entender que o Fed queria sentir a temperatura da água antes de dar um mergulho.

Diante da persistência da inflação ao consumidor no território norte-americano, Powell e seus colegas do Fed tiveram que adotar uma postura mais dura e começaram a fomentar a expectativa por uma elevação maior na próxima reunião.

Dito e feito: na quarta-feira (4), o Fomc elevou a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,5 ponto percentual, para o patamar entre 0,75% e 1% ao ano, e sinalizou outras elevações da mesma magnitude nos próximos encontros.

Mesmo endurecendo o tom, o Jerome Powell descartou a possibilidade de elevação dos juros em 0,75 ponto percentual no curto prazo —mas o mandatário do Fed pode estar se precipitando.

A verdade é que nenhum banqueiro central sabe exatamente quais medidas serão necessárias para conter o atual surto inflacionário que aflige a maioria das economias mundiais, desde as desenvolvidas, como os Estados Unidos, até os países pobres ou em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.

Neste cenário, é cedo demais para descartar um choque mais abrupto como uma medida que pode vir a ser necessária para conter a inflação, que nos EUA já é a mais elevada nos últimos 40 anos.

Aqui no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic —a taxa básica de juros— em 1 ponto percentual, para 12,75% ao ano, e deve anunciar ao menos mais uma elevação na próxima reunião. Esse movimento ocorre em um momento no qual o real acumula perdas de 30% nos últimos cinco anos em termos de poder de compra.

No Reino Unido, o Bank of England também conduz um aperto monetário, e anunciou nesta manhã a elevação de sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para 1% ao ano.

Por fim, o Banco Central Europeu ainda reluta em dar início a acompanhar seus pares de outras regiões do mundo, mas já começa a vislumbrar a possibilidade de dar início a um ciclo de alta dos juros ainda em 2022.

Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes do UOL Investimentos): informações sobre os resultados decepcionantes da Marfrig, gigante do setor de proteína animal.

Um abraço,

Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

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