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OPINIÃO

Opinião: China paga caro por política de tolerância zero contra covid

Profissionais de saúde usam equipamento de segurança na rua durante lockdown para conter covid-19 em Xangai, na China - Hector Retamal/AFP
Profissionais de saúde usam equipamento de segurança na rua durante lockdown para conter covid-19 em Xangai, na China Imagem: Hector Retamal/AFP

Rafael Bevilacqua

16/05/2022 08h45

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A China divulgou alguns dados importantes sobre sua economia no último domingo (15), reforçando a perspectiva de que a política de tolerância zero com a covid-19 está custando caro ao país.

A produção industrial chinesa recuou 2,9% em abril, reflexo do fechamento de inúmeras fábricas no país em meio aos lockdowns adotados em importantes centros industriais. Nos últimos 12 meses, a produção industrial acumula alta de 4%.

O recuo da indústria chinesa é preocupante para a economia global como um todo, uma vez que a China atualmente fornece produtos e componentes que alimentam as cadeias globais de produção.

Com a escassez desses produtos, existe o risco de agravamento do descasamento entre oferta e demanda ao redor do planeta, o que pode resultar em uma nova aceleração da inflação.

Outro dado relevante divulgado no domingo foi a forte queda das vendas no varejo da China. Com as restrições, o mercado já projetava um recuo de 6,1% das vendas em abril, mas o dado veio surpreendentemente pior do que o esperado: o volume de vendas no varejo chinês caiu 11,1% no mês.

Com a forte queda em abril, as vendas diminuíram 0,17% em comparação com o mesmo período de 2021. O enfraquecimento do varejo deve contribuir para a desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) chinês neste ano, que pode vir abaixo da meta de crescimento para o período.

Por fim, com a indústria e o comércio enfraquecidos, a taxa de desemprego na China subiu de 5,8% para 6,1% da população.

O aumento do desemprego entre a maior população do planeta também faz crescer a preocupação com a diminuição do consumo no país. Vale lembrar que a China importa uma série de produtos do Brasil, como grãos e carne, e caso a situação se agrave na segunda maior economia do planeta, as companhias brasileiras podem sofrer as consequências.

Assim, tendo esses fatores em mente, as notícias negativas da China devem contaminar a Bolsa brasileira no pregão de hoje —resta saber qual será a dimensão desse impacto.

Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes do UOL Investimentos): informações sobre os resultados da CPFL Energia no primeiro trimestre de 2022, quando a companhia teve seu lucro impulsionado pelo aumento das tarifas de energia elétrica.

Um abraço,

Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

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