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ANÁLISE

Petrobras paga dividendo recorde, mas corta preço de combustíveis; e agora?

Research do Pagbank

20/09/2022 18h41

A Petrobras (PETR4) continua sendo campeã no foco dos noticiários sendo pela elevação/reduções no preço dos combustíveis, ao pagamento recorde de dividendos ou como proposta de campanha na corrida eleitoral dos candidatos à presidência do Brasil.

Hoje a petroleira pagou a segunda parcela dos R$ 87,8 bilhões em proventos, entre dividendos ou juros sobre capital próprio. No primeiro semestre o valor chegou a R$ 136,3 bilhões.

Quanto a Petrobras pagou aos acionistas? O dividend yied (indicador que mede o rendimento de uma ação apenas com o pagamento de dividendos) considerando o preço da cotação de ontem foi de 21% no primeiro semestre.

O que levou a esse pagamento recorde? Essa expressiva distribuição reflete os bons resultados reportados pela companhia nesse primeiro semestre, decorrente o crescimento na receita, ao maior controle de custos e lucro líquido recorde, sendo favorecida pela forte elevação no preço do barril do petróleo que chegou a atingir o pico de US$ 127,98 em março deste ano.

No período, a empresa continuou priorizando a produção no pré-sal e manteve a sua política de Preço de Paridade Internacional (PPI), com repasse de preços, onde o preço da gasolina em média chegou a atingir cerca de R$ 7,3 por litro, enquanto o GNV (Gás Natural Veicular) bateu a casa dos R$ 5,2, um aumento de 17,6%.

Os outros combustíveis, como o etanol e diesel também apresentaram aumentos expressivos de janeiro a maio deste ano. Além disso, o plano de desinvestimentos, iniciado em 2019 com a venda de refinarias para o pagamento de sua dívida, acabou favorecendo os números da companhia, já que a política de remuneração aos acionistas prevê que em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões a distribuição aos seus acionistas ficará em 60%.

Como está o preço dos combustíveis agora? No entanto, nos últimos meses a Petrobras vem anunciando reduções no preço dos combustíveis. Ontem acabou divulgando a redução de 5,7% no preço médio do diesel vendido em suas refinarias. Com isso, o valor na ponta do distribuidor vai cair R$ 0,30 por litro, de R$ 5,19 para R$ 4,89.

Vale destacar que essa é a terceira queda do combustível desde o início de agosto, acumulando um corte de 12,8% no período. Além do diesel, que já acumula queda de 9,6%, foram anunciadas outras quatro reduções seguidas para a gasolina, que já apresenta queda de 32,8% nas bombas, além de baixas nos preços de outros produtos, como gás de cozinha, combustíveis de aviação (QAV) e asfalto.

O que chama a atenção é que todas essas reduções aconteceram na gestão do novo presidente da Petrobras, o Caio Paes de Andrade, que assumiu o cargo no final de junho deste ano. Segundo a Petrobras, as reduções que estão sendo efetuadas nos preços dos combustíveis refletem a forte baixa ocorrida no preço internacional do barril do petróleo.

Mas e agora, com as quedas no preço dos combustíveis, como ficam os próximos resultados da companhia? A Petrobras irá continuar distribuindo bons proventos?

É bem provável que o arrefecimento da economia deve continuar pressionando o preço do petróleo para baixo, refletindo assim, em números futuros menores para a empresa, além disso, a expectativa de uma receita menor nos próximos períodos se faz presente, devido a venda de ativos.

No entanto, fica difícil mensurar o quanto o preço do barril do petróleo possa chegar, mas não esperamos que fique muito abaixo dos US$ 90 o barril, haja vista que os grandes produtores, conhecidos como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+), vem segurando a produção de petróleo para tentar controlar o preço.

Mesmo nesse preço a operação da Petrobras segue sendo bem confortável e compatível com a forte geração de caixa. Atualmente a companhia tem uma posição de caixa de US$ 19 bilhões, número apresentado no fim do segundo trimestre, estando em nível considerado adequado pela empresa, entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões, para fazer frente às suas obrigações financeiras.

Receita deve continuar subindo? Outro ponto que merece destaque é que o custo médio da extração de petróleo no pré-sal, que nesse segundo semestre representou 70% da produção total da companhia, é muito baixo, girando em torno de US$ 5 por barril, e mesmo com uma queda da commodity para abaixo de US$ 50 o barril, a empresa ainda conseguiria apresentar elevação em sua receita.

O custo de breakeven, isto é, quando as receitas igualam os custos, da empresa está hoje em torno de US$ 35 por barril. Desta forma, vamos continuar vendo "gordas" distribuições de proventos, entretanto, menores das apresentadas nesse primeiro semestre de 2022.

Vale investir? Hoje as ações da companhia estão com baixa de 0,67% sendo cotadas a R$ 31,07 por volta das 15h. Vale destacar que além do movimento de queda no preço do petróleo, que deverá gerar grande volatilidade nas ações já que as projeções para seu próximo resultado podem se reduzir, ainda tem a questão das eleições.

Destacamos que como a empresa possui controle estatal, o impacto de mudanças no rumo da presidência do Brasil torna ainda mais incerta e aumenta a volatilidade do ativo. Nosso preço alvo para a empresa é de R$ 43, dando um potencial de valorização de 38%.

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