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4 cuidados para não desperdiçar o bom rendimento dos fundos de renda fixa

Veja 4 cuidados para não desperdiçar parte do melhor rendimento dos fundos dada pela alta dos juros - Divulgação
Veja 4 cuidados para não desperdiçar parte do melhor rendimento dos fundos dada pela alta dos juros Imagem: Divulgação

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

19/05/2022 11h00

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Na luta contra a maior inflação no Brasil em duas décadas, o Banco Central já aumentou a taxa básica de juros Selic para o maior nível desde 2017, elevando por tabela o rendimento da renda fixa, que está entregando ganhos mensais superiores a 1%. Esse ambiente positivo para essa classe de investimentos deve continuar, dizem especialistas, porque a Selic não deve recuar antes de 2023.

Mas nessa fartura, o investidor não pode "se descuidar daqueles ralos por onde escoam parte dos ganhos dos fundos de renda fixa", dizem especialistas ouvidos pelo UOL. Veja abaixo 4 cuidados para não desperdiçar parte do melhor rendimento nos fundos de renda fixa.

Selic sobe e ajuda fundos de renda fixa

Os fundos de renda fixa aplicam em títulos públicos, como o Tesouro Selic, de empresas, como as debêntures, e de bancos, como CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário). Todos esses ativos seguem a taxa básica de juros Selic ou o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que também acompanha os juros de mercado.

Então, os rendimentos dessas aplicações foram subindo à medida que a Selic foi sendo aumentada, de 2%, em março do ano passado, para os atuais 12,75%.

De olho nessa volta aos áureos tempos de rendimentos mensais de 1%, os fundos de renda fixa estão sendo mais procurados pelos investidores.

Apenas no primeiro trimestre deste ano, eles receberam líquidos — ou seja, já descontados os resgates — um total de R$ 109,2 bilhões, enquanto os fundos de ações e os multimercados tiveram saídas líquidas de R$ 31,8 bilhões e R$ 41 bilhões, respectivamente.

Quando há períodos de bonança em classe de ativos, as pessoas costumam achar que tudo é a mesma coisa. Isso pode gerar displicência. A pessoa pode deixar de se importar com alguns pontos que podem afetar o retorno. Precisamos manter a guarda alta.
Rodrigo Sgavioli, head de alocação da XP Investimentos

Fundos de renda fixa não são todos iguais

A primeira coisa que o investidor precisa ter claro é que há diversos tipos de fundos de renda fixa. Na classificação da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), há 16 tipos de fundos renda fixa.

A classificação desses fundos varia de acordo com ativos nos quais eles aplicam, que podem ser títulos públicos ou privados, emitidos no Brasil ou no exterior.

Os fundos variam também conforme os prazos — se de curto ou longo prazo. Esses dois fatores influenciam o rendimento das carteiras.

Taxa de juros elevada deixa a renda fixa muito atrativa. Mas dentro da renda fixa existem vários universos que o aplicador precisa diferenciar.
Ulisses Nehmi, CEO da Sparta Fundos de Investimentos

Desempenho dos fundos de renda fixa em 12 meses (Fonte Anbima, até 15 de maio)

  • Renda Fixa Simples: 6,74%
  • Renda Fixa Indexados: 6,74%
  • Renda Fixa Duração Baixa Soberano: 6,72%
  • Renda Fixa Duração Baixa Grau de Investimento: 8,03%
  • Renda Fixa Duração Baixa Crédito Livre: +8,89%
  • Renda Fixa Duração Média Soberano: +6,89%
  • Renda Fixa Duração Média Grau de Investimento: +7,84%
  • Renda Fixa Duração Média Crédito Livre: +8,37%
  • Renda Fixa Duração Alta Soberano: +6,85%
  • Renda Fixa Duração Alta Grau de Investimento: +14,30%
  • Renda Fixa Duração Alta Crédito Livre: +7,45%
  • Renda Fixa Duração Livre Soberano: +8,32%
  • Renda Fixa Duração Livre Grau de Investimento: +8,27%
  • Renda Fixa Duração Livre Crédito Livre: +7,31%
  • Renda Fixa Investimento no Exterior: -3,55%
  • Renda Fixa Dívida Externa: -7,88%

Histórico de maior rendimento não deve ser único critério de escolha

Embora seja tentador para o aplicador simplesmente escolher o fundo de renda fixa que rendeu mais em determinado período, essa estratégia pode representar perdas se ele deixar de considerar, por exemplo, o prazo de resgate.

Dinheiro de reserva de emergência, por exemplo, não deve ir para fundos com estratégia de ativos prefixados, que sofrem oscilações com marcação a mercado, mas para fundos DI, que aplicam em títulos pós-fixados.
Rodrigo Sgavioli, head de alocação da XP Investimentos

4 cuidados na hora de escolher o fundo de renda fixa

Veja abaixo quatro cuidados na hora de escolher um fundo de renda fixa para não ver parte do rendimento escorrendo pelo ralo.

1. Taxas de administração

Quando o investidor aplica o dinheiro em um fundo, ele está terceirizando a gestão do capital, mas precisa prestar atenção à taxa administrativa cobrada pelo gestor que pode comprometer parte da rentabilidade.

Fundos que apenas seguem a Selic de perto, sem muitas oscilações, como os fundos DI de curto prazo, não devem cobrar mais que 0,3%, apontam os entrevistados. Ainda mais porque há gestores que oferecem fundos de renda fixa desse tipo com taxa zero.

Já fundos que têm estratégias mais sofisticadas, comprando títulos emitidos por empresas de maior risco de crédito ou de prazos mais longos, por exemplo, chegam a cobrar taxas de administração maiores, mais perto de 1%.

Há ainda gestores que aplicam uma taxa de performance, que varia conforme o rendimento da carteira obtido acima da meta proposta.

O aplicador deve ver, por exemplo, se o fundo tem título público ou se aplica em crédito privado, buscando rendimentos acima da referência, seja Selic, CDI ou inflação. O importante é comparar as taxas de administração entre fundos que aplicam nas mesmas categorias de ativos.
Ulisses Nehmi, CEO da Sparta Fundos de Investimentos

2. Prazos de resgate

Outro ponto importante é a carência, já que muitos fundos obrigam o investidor a permanecer nele por um determinado período mínimo.

Se a pessoa escolhe um fundo apenas pela rentabilidade, mas precisar do dinheiro de maneira emergencial, poderá perder parte do rendimento no momento do saque.

3. Impostos

No segmento de renda fixa, o pagamento de Imposto de Renda (IR) sobre as operações varia, começando com uma dedução de 22,5% de IR sobre o lucro, caso a pessoa permaneça menos que seis meses na aplicação; indo a 20% para saques entre 181 e 360 dias; recuando a 17,50% para o período de 361 à 720 dias; e, a partir de 720 dias (dois anos), a alíquota cai para 15%. E se o saque for em menos de 30 dias tem ainda o IOF.

4. Ativos que vão na carteira

Alguns fundos conseguem entregar um retorno maior, porque aplicam em títulos de vencimentos mais longos ou em títulos de empresas com maior risco de crédito.

Em troca de um potencial de retorno maior, essas estratégias apresentam algumas condições, como por exemplo, maiores prazos para a realização de saques ou taxas de administração e de performance mais elevadas.

As cotas de fundos que aplicam em títulos prefixados ou atrelados ao IPCA com prazos mais longos, acima de dois anos pelo menos, também apresentam maiores oscilações no dia a dia por causa da marcação a mercado, sempre que algum evento mexe com as cotações dos mercados futuros de juros.

Mesmo que esses fundos tenham histórico de retorno mais elevado, o aplicador precisa saber que pode enfrentar oscilações de suas cotas.

Um dos pontos mais importantes na escolha de qualquer fundo está em entender no que o fundo investe, pois por mais que você esteja terceirizando a gestão, o prazo obrigatório de permanência e risco no geral são do aplicador. Fundo com maior tempo de obrigatoriedade quanto à permanência tem uma maior rentabilidade potencial, no entanto a pessoa abre mão da liquidez.
Sidney Lima, analista da Top Gain

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