Renda fixa vai continuar atraindo investidor, diz associação; veja cuidados
Resumo da notícia
- O interesse do investidor brasileiro pela renda fixa (como CDB e Tesouro) deve se manter ao longo de todo o ano, diz a Anbima
- Há três motivos principais para esse destaque: juros altos, eleições e incertezas no exterior.
- Especialistas alertam o investidor para ficar atento aos prazos de vencimentos.
- Saques antecipados podem representar perdas, pois o rendimento só é 100% garantido se o aplicador respeitar o prazo final.
Os juros elevados vão manter o interesse do investidor brasileiro pela renda fixa (como CDB e Tesouro) ao longo de todo o ano, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), entidade que representa instituições financeiras que atuam no mercado de investimentos.
Mesmo sendo mais segura que a renda variável (como a Bolsa), é preciso tomar alguns cuidados para não perder dinheiro. Veja a seguir os motivos para a renda fixa continuar atraindo atenção e os riscos de prejuízo se houver saque antes do prazo..
Nos anos anteriores, o aumento forte dos juros levou investidores a buscar aplicações de renda fixa de prazos mais curtos. Mas dados da Anbima mostram que este ano o apetite do aplicador continua firme por opções de vencimentos mais longos, com objetivo de obter ganhos maiores por mais tempo, de acordo com o vice-presidente da entidade, José Eduardo Laloni.
O executivo diz que novas emissões de ações na B3 devem seguir em escala menor, por causa das incertezas na renda variável.
3 motivos para a renda fixa seguir forte
Especialistas afirmam que o ambiente continua favorável para a renda fixa no restante do ano por três motivos.
1. Juros no Brasil: os juros vão continuar em elevação e não devem recuar antes de 2023. O Boletim Focus, com as projeções de mais de cem instituições financeiras e consultorias, estima uma Selic de 13% este ano.
2. Eleições: historicamente, anos de eleições provocam incertezas entre os agentes econômicos, se que traduzem em maior volatilidade na Bolsa.
3. Juros e incertezas no exterior: a inflação está preocupando os governos também em outros países, que começaram a elevar os juros —o que prejudica as Bolsas de Valores em todo o mundo. Além disso, a guerra após a invasão da Ucrânia pela Rússia acrescentou uma dose extra de incerteza aos investidores.
"A gente vai ter um ano que continua com algumas dessas características que marcaram o primeiro trimestre, com juros elevados e eleições, que trazem volatilidade", diz Laloni, da Anbima.
Cuidado com os vencimentos
Profissionais de mercado afirmam que os títulos de renda fixa de prazos mais longos representam uma opção válida para o aplicador diversificar a carteira e aumentar o potencial de ganho por mais tempo.
Em um ambiente de juros mais altos, a renda fixa fica mais atrativa.
Arley Júnior, especialista em investimentos do Santander
Mas eles declaram que o investidor deve ficar atento aos prazos de vencimentos. Saques antecipados podem representar perdas, pois o rendimento acertado no título só é 100% garantido se o aplicador levar o produto até o prazo final.
A renda fixa de prazos mais longos pode ser interessante, desde que o aplicador possa casar o vencimento da aplicação com o objetivo do investimento.
Thiago Godoy, chefe de educação financeira da Xpeed School
Prazos longos
A participação dos títulos com até três anos caiu de 22,8%, do total no primeiro trimestre de 2021, para 19%, no acumulado entre janeiro e março deste ano. Os títulos de quatro a seis anos, de médio prazo, também cederam, ficando com 40% de participação no primeiro trimestre deste ano, abaixo dos 44,6% um ano antes.
No sentido oposto, os papéis com mais de sete anos de prazo elevaram a fatia de mercado, passando de 32,6%, no primeiro trimestre de 2021, para 41% este ano.
Fundos: de renda fixa crescem, de ações e multimercado encolhem
No lado do investidor, o interesse pela renda fixa se mostrou no comportamento dos fundos.
Os fundos de renda fixa captaram R$ 43,4 bilhões líquidos em março, somando R$ 109,2 bilhões no trimestre.
Já os fundos de ações tiveram saída de recursos no mês, de R$ 12,8 bilhões, fechando o trimestre com saldo líquido negativo de R$ 31,8 bilhões. E quanto aos fundos multimercado, os resgates atingiram R$ 41 bilhões.
Empresas trocam Bolsa por debêntures
Esse apetite do investidor pela renda fixa estimula as empresas a optarem por emitir títulos de dívida, como debêntures, em vez de ações na Bolsa.
A captação da renda fixa no primeiro trimestre foi recorde desde 2012, com R$ 89,1 bilhões lançados, representando 84,7% do volume total de captações feitas pelas companhias no período.
Na renda variável, as empresas captaram R$ 11,7 bilhões, 63,6% menos que no mesmo período de 2021.
E todas essas operações foram secundárias, ou seja, feitas por empresas que já tinham ações na Bolsa e não por companhias que estrearam no mercado.
A alta das taxas de juros atrapalha muito o mercado de IPOs no Brasil e no mundo. Temos uma migração dos recursos para a renda fixa que também atrapalha a renda variável.
José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima
O apetite dos investidores de varejo pode ser medido pelo comportamento dos fundos de investimento, que aumentaram a participação na compra das debêntures emitidas, de 24,7% para 36,6% entre o primeiro trimestre de 2021 e o mesmo período de 2022.
No cenário atual, os títulos de renda fixa indexados ao IPCA são uma opção com melhor perspectiva de risco/retorno do que o Ibovespa.
Idean Alves, sócio da Ação Brasil Investimentos
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