Aplicação que prende dinheiro, mas paga além da inflação, está compensando
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Pelo segundo ano consecutivo, a inflação deve superar a meta estabelecida pelo Banco Central, admitem economistas e o próprio BC. Com isso, especialistas ouvidos pelo UOL dizem que é importante ter uma parte de seus investimentos protegida da inflação, mesmo que isso "prenda" o dinheiro por um tempo, uns quatro anos, como o Tesouro IPCA. Está valendo a pena porque a perspectiva é justamente que a inflação se prolongue. Entenda as opções a seguir.
Mais um ano acima da meta
Depois de atingir 10,06% no ano passado —nível mais elevado desde 2015 e quase o dobro do teto da meta de inflação, que era de de 5,25%—, o IPCA (índice adotado pelo BC) segue derrubando apostas de quem espera a desaceleração dos preços. O próprio Banco Central admitiu, no relatório de inflação divulgado na quinta-feira passada (24), que o IPCA de 2022 pode fechar em 7,1% —bem mais que a meta de 5%.
Especialistas dizem que tão preocupante quanto a inflação ficar acima da meta pelo segundo ano seguido é a incerteza sobre a possibilidade de o IPCA ser ainda maior que 7,1%.
Afinal, esse é um cenário que já aconteceu em 2021 e está se repetindo em 2022. No começo do ano passado, os economistas diziam que o IPCA anual seria de 3,3%, mas no fim do ano o que se viu foi uma inflação três vezes maior que as projeções iniciais.
Em 2022, as projeções, que em janeiro apontavam que o IPCA em 2022 seria de 4,5%, têm sido ajustadas todas as semanas, e as estimativas já apontam agora para uma inflação de 6,86%. Essas constantes revisões para cima são alimentadas pela nova onda de reajustes de preços, provocada pela guerra iniciada na Ucrânia pela Rússia.
O conflito e as sanções impostas ao governo russo fizeram disparar a cotação do petróleo no mercado internacional, o que contaminou os preços dos combustíveis aqui e dos grãos, que seguem encarecendo os alimentos dos brasileiros.
E o investidor com isso?
Segundo os analistas consultados pelo UOL, esse cenário só reforça a necessidade de o aplicador ter investimentos que protejam o patrimônio contra a perda de poder aquisitivo que a inflação provoca.
E com inflação acima da meta por mais um ano, o investidor ganha fôlego para aplicar também com mais segurança em títulos que acompanham o IPCA e têm prazo de resgate definido, apontam especialistas.
A inflação em alta favorece investimentos atrelados a ela, pois isso automaticamente eleva a remuneração dos rendimentos. No cenário atual, os títulos indexados ao IPCA têm melhor perspectiva de risco/retorno do que o Ibovespa.
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos
Investimentos que acompanham inflação
Entre as opções de investimentos que acompanham a inflação estão os títulos do Tesouro IPCA.
Na plataforma Tesouro Direto, na última sexta-feira (25) havia seis opções de títulos IPCA, com os respectivos vencimentos. Veja abaixo quanto cada um oferece ao investidor que ficar com o papel até o vencimento.
- Tesouro IPCA 2026: IPCA acumulado no período + 4,96%
- Tesouro IPCA 2035: IPCA acumulado no período + 5,35%
- Tesouro IPCA 2045: IPCA acumulado no período + 5,35%
- Tesouro IPCA 2032 com pagamento de juros semestrais: IPCA acumulado no período + 5,29%
- Tesouro IPCA 2040 com pagamento de juros semestrais: IPCA acumulado no período + 5,39%
- Tesouro IPCA 2055 com pagamento de juros semestrais: IPCA acumulado no período + 5,50%
Seria ideal se tivesse o Tesouro IPCA 2024, mas infelizmente o Tesouro Direto não disponibiliza esse vencimento. De qualquer forma, o Tesouro 2026 também é uma opção interessante, que pode inclusive criar oportunidades de resgate antes do vencimento, caso a inflação mais à frente ceda mesmo.
Ricardo Jorge, analista de renda fixa da Quantzed, empresa de tecnologia e educação para investidores
Quanto mais longo o prazo, maior o risco?
Os entrevistados afirmam que o investidor deve ficar atento aos prazos, porque quanto mais distante está o vencimento do título, maior a variação de preços que cada papel sofre ao longo do período.
Quando as projeções de inflação sobem, os títulos atrelados ao IPCA já emitidos perdem valor, uma vez que o mercado passa a querer papéis com taxas mais elevadas. Já quando as projeções de inflação recuam, os títulos já emitidos se valorizam.
Por causa das contas feitas para definir o retorno de cada ação, quanto mais longo é o vencimento do título, maiores serão as oscilações de preços que cada um apresenta no dia a dia.
É preciso entender que o prefixado tem vários prazos de vencimento. Os mais longos podem servir como instrumento de planejamento financeiro, quando são casados com objetivos bem definidos pelo investidor --como uma aquisição planejada de algum bem.
Marcelo Guterman, especialista de investimentos da Western Asset
Variações mais recentes
As taxas pagas na sexta-feira (25), por exemplo, estavam menores que as oferecidas na véspera. Segundo analistas, essa redução foi uma reação do mercado a comentários de integrantes do Banco Central de que os juros devem parar de subir após maio.
Para comparar, o rendimento do Tesouro IPCA 2026, que estava em IPCA + 5,18% na quinta-feira (24), caiu na sexta-feira para IPCA + 4,96%. Já o Tesouro IPCA 2035 cedeu de IPCA + 5,57% na quinta-feira para IPCA + 5,35% na sexta-feira.
Para comparar com o Tesouro Selic
São essas oscilações que preocupam os investidores mais conservadores, em especial aqueles que não têm certeza se poderão manter o dinheiro aplicado até o vencimento. É por isso que esse perfil de investidor acaba optando pelo Tesouro Selic, que acompanha a taxa básica de juros e sofre bem menos com o sobe e desce do mercado. O rendimento é baseado na Selic, hoje em 11,75% ao ano.
Para o investidor que tem certeza e segurança de que não precisará resgatar o dinheiro antes do vencimento, essas variações de preços dos títulos ao longo do período antes do prazo não importam, porque vai valer o combinado na hora da aplicação.
No caso de quem tem o horizonte de aplicação de ao menos quatro anos, as opções de prefixadas que acompanham a inflação valem como forma de diversificar e turbinar a carteira de renda fixa, dizem os especialistas.
Em um ambiente de juros mais altos, a renda fixa fica mais atrativa, mas a decisão de qual produto escolher deve estar associada aos objetivos, prazos e ao apetite ao risco de cada investidor.
Arley Júnior, especialista em investimentos do Santander
Veja aqui 5 aplicações que podem ajudar o investidor a se proteger da inflação.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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