Lula 3: É uma boa investir em renda fixa neste ano?

• Até março de 2021, a taxa básica de juros, a Selic, estava em 2% ao ano. Para controlar a inflação, que disparou por conta das instabilidades na economia, o BC promoveu diversos aumentos nos juros, e hoje a Selic está em 13,75% ao ano.
• Quando isso acontece, é comum que os investidores retirem recursos na renda variável, como ações e fundos multimercado, para migrar para a renda fixa --em especial, o Tesouro Direto.
• Segundo o CEO da InvestAI, Lucas Seixas, os efeitos da pandemia e a guerra na Ucrânia foram os fatores que pesaram para a inflação mais alta em 2022. No ano passado, o IPCA ficou em 5,79%.

O que deve acontecer com os juros em 2023?

Nossa estimativa para a Selic no final de 2023 hoje está em 11,75%, o que significa o início dos cortes em agosto. Acreditamos que há espaço para cair, pois vemos um cenário de rápida desaceleração econômica em 2023.
Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos

A taxa Selic deve fechar o ano em torno de 12,50%, com quedas ocorrendo no último trimestre do ano. O cenário atual sobre as contas públicas ainda é incerto, com baixa previsibilidade sobre a trajetória da dívida e os possíveis impactos sobre as expectativas de inflação.
Jaqueline Benevides, analista de Renda Fixa da casa de análises do TC

De acordo com o boletim Focus, que expõe a opinião de economistas ouvidos pelo BC, a Selic deve encerrar o ano em 12,25% ao ano. Há quatro semanas, a estimativa do BC para a Selic em 2023 era de 11,75% ao ano.

A Nord Research tem uma estimativa mais dura para a Selic no ano. A casa de análises acha que os juros fecham o ano no mesmo nível atual: 13,75%.

Em 2023, é melhor investir mais na renda fixa em relação à renda variável?

• A sócia-fundadora da Nord Research, Marília Fontes, diz que vale apostar mais na renda fixa do que na renda variável. "Em momentos de Selic alta, a Bolsa tem mais dificuldade de subir. Por isso, acredito que a renda fixa seja um investimento com melhor retorno ajustado ao risco em 2023", afirma.
• Lucas Seixas, da InvestAI, diz que, em cenário instável, o investidor deve dar preferência à renda fixa.
• Isso porque ainda há certas questões de agenda econômica do governo que estão em aberto.
• O mercado também se preocupa com o possível aumento de gastos do governo Lula para programas sociais, o que poderia fazer a inflação subir.
• No campo internacional, a guerra na Ucrânia, a crise energética na Europa, uma possível recessão nos Estados Unidos e o consequente aumento dos juros por lá estão na mira dos investidores. Esses fatores poderiam prejudicar empresas brasileiras, afetando os investimentos na Bolsa, por exemplo.

• Seixas diz que, para prazos curtos (entre um mês a um ano), os títulos pós-fixados, como o Tesouro Selic, estão muito atrativos.
• Para prazos mais longos (de três a quatro anos), os prefixados, com a taxa definida na contratação, são opção de boa rentabilidade.
• Isso porque, segundo Marília Fontes, da Nord Research, o investidor pode ter um retorno menor do que o contratado, caso venda o título prefixado antecipadamente.

Devo tirar dinheiro da renda variável para colocar na renda fixa?

• Não. Marília entende que este não é o melhor momento de fazer a migração da carteira.
• As migrações devem ser antecipadas, antes do mercado cair. Caso contrário, a venda pode acontecer no pior momento.
• Por isso, para investir na renda fixa, o melhor a ser feito agora é trabalhar com dinheiro "novo".