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Kamala x Trump: como a eleição americana pode impactar seus investimentos

A corrida eleitoral americana tem movimentado Wall Street. A projeção da vitória de cada um dos candidatos leva muitos investidores a fazerem conjecturas e investimentos com base na suposta vitória da democrata Kamala Harris ou do republicano Donald Trump. As pesquisas até aqui indicam um cenário apertado, mas o mercado financeiro já tem dado sinais sobre suas preferências. Especialistas ouvidos pelo UOL explicaram como essa eleição pode ter impacto no bolso dos brasileiros

"Kamala Trade"

Com uma possível vitória de Kamala, os setores elétrico, de tecnologia e de varejo têm se comportado de forma positiva na bolsa americana, devido às propostas da candidata. Paula Zogbi, gerente de research da Nomad, explica que parte de Wall Street que aposta numa vitória da democrata, tem se empolgado com a notícia de que ela pode nomear pessoas menos rígidas para SEC, (Securities and Exchange Commission), que seria a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos. Com essa novidade, as empresas estão vendo ela com melhores olhos do que Biden, atual presidente dos Estados Unidos.


A visão de mercado é positiva para carros elétricos, que se beneficiam da transição energética, que é uma das frentes do Kamala Trade. O varejo é outro segmento que alguns players do mercado apontam como potencialmente favorecidos, já que ela busca diminuir impostos para classe trabalhadora, e tem outras medidas que poderiam aumentar o poder de compra da população, como por exemplo, diminuir custos fixos. Já a tecnologia é um dos setores que poderiam ser prejudicados por um governo Trump, que são bem vistos em uma possível vitória da democrata.

Paula Zogbi, gerente de research da Nomad


Em anos eleitorais é comum ver um aumento da volatilidade na bolsa americana. Historicamente, no entanto, essa variação costuma ser apenas temporária, diz a especialista. Ou seja, investir apostando em uma vitória de um candidato ou de outro não é a melhor estratégia. Mas para quem busca ganhos a longo prazo, Paula explica que o melhor caminho é se expor a segmentos variados.

Sobre preferência do mercado, a especialista acredita que não existe um candidato preferido. O mais importante, diz Paula, é que o Congresso esteja dividido: nem todo republicano e nem todo democrata, para que eventuais medidas impopulares tenham um pouco mais de discussão e dificuldade para passar. Independente de quem ganhe, ter parte do patrimônio em dólar é importante para o investidor se proteger, inclusive da inflação do aumento de preços no Brasil, acrescenta ela.

"Trump Trade"

Com um possível retorno de Trump à Casa Branca, o mercado também mostra otimismo para determinados setores da economia. Após o atentado sofrido pelo candidato no mês de julho durante sua campanha presidencial, foi possível ver uma corrida por papéis que poderiam se beneficiar com a vitória do republicano nas eleições. "Bancos e empresas do setor financeiro foram um exemplo, com a visão de que são empresas que se beneficiaram mais do que outros segmentos dos cortes de impostos, propostos por Trump.

Ações ligadas a empresas de combustíveis fósseis também tendem a se valorizar mais, dada a política de incentivo de Trump, em detrimento das energias renováveis. "Inclusive, quando Trump foi presidente, os Estados Unidos se tornaram o maior produtor de petróleo do mundo. Continua sendo, mas tem dois lados nessa moeda: se o maior exportador de petróleo se transformar em uma oferta muito além da demanda, o preço pode cair e prejudicar essas companhias", analisa Paula.

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Criptomoedas

Na visão de Carlos Macedo, especialista em alocação de investimentos da Warren, o mercado tem dados sinais claros que Trump vai sair vitorioso na eleição. Com isso, alguns papéis e as criptomoedas têm reagido de forma positiva.

Essa possível vitória de Trump vem favorecendo os ativos sensíveis à agenda do partido republicano. Na classe de ativo de ações, o setor de energia, o setor financeiro e o de energia, que tem uma reversão da agenda verde do partido democrata. O setor financeiro é outro exemplo, por causa da agenda de desregulamentação do Partido do Republicano. Quando a gente vai para outras classes, como as criptomoedas, Trump tem sido um pouco mais vocal advogando pelos ativos digitais.

Carlos Macedo, especialista em alocação de investimentos da Warren

Por outro lado, Kamala também falou de ativos digitais como algo que ela pretende fomentar na economia da inovação. Mesmo ela sinalizando ser favorável ao investimento, Paula diz que os entusiastas dessa tecnologia acreditam que Trump seria mais favorável ao Bitcoin e outras moedas digitais:

"É possível que as propostas dos dois candidatos sejam vistas de formas quase que equivalentes, mesmo que ambos tenham falado que pretendem trabalhar em prol do Bitcoin e de outros criptotivos. Mas pensando no curto prazo, por hora, parece que o Bitcoin é um ativo que está respondendo melhor a probabilidade do Trump ganhar", afirma a gerente de research.

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Paula Zogbi, gerente de research da Nomad

E qual o impacto essa eleição tem na economia brasileira?

Macedo explica que quando se tem uma política um pouco mais protecionista, como a de Trump,a tendência é diminuir o crescimento do mundo de forma geral. Isso também pode afetar negativamente os países emergentes, como o Brasil, que é exposto também à China como exportador de commodities.

Para quem busca lucrar no cenário internacional, o especialista da Warren explica que a história mostra que o partido político não altera a dinâmica dos ativos a médio e longo prazo. Ou seja, é possível ter ganhos e perdas tanto em um governo Trump, como em um governo Kamala.

Em caso de vitória de Trump, a compra de dólar mediante a desvalorização da moeda brasileira e a compra de criptoativos são opções interessantes para o investidor. Já em uma possível vitória de Kamala, é possível ganhar com as ações brasileiras também. Com o congresso americano dividido, você tem uma menor implementação de tarifas para o resto do mundo, por exemplo, com uma expectativa de menor protecionismo. Ou seja, como a China é um parceiro estratégico para o nosso país em termos de exportação, isso pode favorecer ou não afetar negativamente as nossas empresas exportadoras.

Carlos Macedo, especialista em alocação de investimentos da Warren

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