Rituais e superstições antes de cada voo espacial em Baikonur
Baikonur, Cazaquistão, 17 Nov 2016 (AFP) - Os astronautas que decolarão na noite desta quinta-feira rumo à Estação Espacial Internacional (ISS) assistiram, na véspera, a "O Sol Branco do Deserto", um clássico do cinema soviético dos anos 1970, assim como costumam fazer todas as tripulações antes de uma viagem, em um dos muitos rituais de Baikonur.
O francês Thomas Pesquet, a americana Peggy Whitson e o russo Oleg Novitsky partirão às 20H20 GMT (18H20 de Brasília) do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, para uma missão de seis meses a bordo da ISS.
Os três astronautas chegaram a Baikonur em 1º de novembro e foram colocados em quarentena. Pouco a pouco foram se isolando do mundo exterior.
Será o primeiro voo de Pesquet. Por isso, o francês teve a honra de plantar uma árvore na alameda dos Heróis, um parque situado atrás do hotel onde os astronautas estão hospedados - assim como fizeram seus predecessores.
Este ritual foi iniciado em 1961 por Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar para o espaço. Desde então, dezenas de olmos e álamos foram plantados no mesmo local.
"Estas tradições estão muito ancoradas porque os russos têm uma tradição oral muito forte", explica Lionel Suchet, diretor de inovação, aplicações e ciências no Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), da França.
Estes rituais têm também um lado prático, afirma a ex-astronauta francesa Claudie Haigneré.
"Os 15 últimos dias passados em Baikonur servem para tomar consciência, para passar da etapa 'me preparei, tenho confiança' à de 'começo minha missão'", explica Haigneré, que voou duas vezes para o espaço a partir de Baikonur.
"Passamos para outro mundo", acrescenta. "Esta fase acontece em Baikonur, e a tradição faz parte dela".
Urinar em uma rodaNo dia da partida, essas tradições são mais numerosos do que nunca.
Os astronautas primeiro assinam a porta do seu quarto de hotel, e depois tomam uma bebida com os funcionários. E todos têm de urinar, ou pelo menos imitar o gesto, na roda traseira direita do ônibus que os levará para a plataforma de lançamento.
Este ritual estranho também é invenção de Gagarin, que foi motivado por uma necessidade urgente pouco antes de viajar para o espaço.
Estas tradições refletem o aspecto mítico de Baikonur no mundo espacial, "o lugar onde tudo começou", disse Lionel Suchet.
Já Claudie Haigneré opina que os rituais estão vinculados "ao mito na cultura russa ou soviética em torno de Gagarin. Há uma noção de pioneiro".
"Eu acho fantástico que esses elementos de tradição sejam conservados, porque é uma aventura particular. É uma aventura da humanidade, encarnamos este sonho", acrescenta. Segundo a ex-astronauta, Cabo Canaveral, de onde partiam as naves tripuladas até 2011, também tinha seus rituais.
Ao chegar à plataforma de lançamento, os astronautas verão pela primeira vez seu foguete Soyuz.
Por superstição, a tripulação não tem o direito de participar da instalação do lançador na plataforma.
Mas eles não precisam se preocupar, porque o foguete foi abençoado na quarta-feira por um sacerdote ortodoxo. Outra tradição, mas muito mais recente: foi criada em 1993, após a queda da União Soviética.
tbm/kat/prh/erl/ra/db/mvv
ISS A/S
O francês Thomas Pesquet, a americana Peggy Whitson e o russo Oleg Novitsky partirão às 20H20 GMT (18H20 de Brasília) do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, para uma missão de seis meses a bordo da ISS.
Os três astronautas chegaram a Baikonur em 1º de novembro e foram colocados em quarentena. Pouco a pouco foram se isolando do mundo exterior.
Será o primeiro voo de Pesquet. Por isso, o francês teve a honra de plantar uma árvore na alameda dos Heróis, um parque situado atrás do hotel onde os astronautas estão hospedados - assim como fizeram seus predecessores.
Este ritual foi iniciado em 1961 por Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar para o espaço. Desde então, dezenas de olmos e álamos foram plantados no mesmo local.
"Estas tradições estão muito ancoradas porque os russos têm uma tradição oral muito forte", explica Lionel Suchet, diretor de inovação, aplicações e ciências no Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), da França.
Estes rituais têm também um lado prático, afirma a ex-astronauta francesa Claudie Haigneré.
"Os 15 últimos dias passados em Baikonur servem para tomar consciência, para passar da etapa 'me preparei, tenho confiança' à de 'começo minha missão'", explica Haigneré, que voou duas vezes para o espaço a partir de Baikonur.
"Passamos para outro mundo", acrescenta. "Esta fase acontece em Baikonur, e a tradição faz parte dela".
Urinar em uma rodaNo dia da partida, essas tradições são mais numerosos do que nunca.
Os astronautas primeiro assinam a porta do seu quarto de hotel, e depois tomam uma bebida com os funcionários. E todos têm de urinar, ou pelo menos imitar o gesto, na roda traseira direita do ônibus que os levará para a plataforma de lançamento.
Este ritual estranho também é invenção de Gagarin, que foi motivado por uma necessidade urgente pouco antes de viajar para o espaço.
Estas tradições refletem o aspecto mítico de Baikonur no mundo espacial, "o lugar onde tudo começou", disse Lionel Suchet.
Já Claudie Haigneré opina que os rituais estão vinculados "ao mito na cultura russa ou soviética em torno de Gagarin. Há uma noção de pioneiro".
"Eu acho fantástico que esses elementos de tradição sejam conservados, porque é uma aventura particular. É uma aventura da humanidade, encarnamos este sonho", acrescenta. Segundo a ex-astronauta, Cabo Canaveral, de onde partiam as naves tripuladas até 2011, também tinha seus rituais.
Ao chegar à plataforma de lançamento, os astronautas verão pela primeira vez seu foguete Soyuz.
Por superstição, a tripulação não tem o direito de participar da instalação do lançador na plataforma.
Mas eles não precisam se preocupar, porque o foguete foi abençoado na quarta-feira por um sacerdote ortodoxo. Outra tradição, mas muito mais recente: foi criada em 1993, após a queda da União Soviética.
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