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COP13 apostará em economia que impulsione conservação da biodiversidade

01/12/2016 21h22

Cancún, México, 1 dez 2016 (AFP) - A 13ª conferência da ONU sobre biodiversidade começa nesta sexta-feira na cidade mexicana de Cancún com uma nova proposta: incluir setores econômicos como o turismo, a agricultura e a pesca na corrida contra o tempo para frear o desaparecimento das espécies devido às mudanças climáticas.

Cerca de 10.000 participantes, entre ONGs, cientistas e representantes dos países que assinaram o Convênio sobre a Diversidade Biológica estarão reunidos até 17 de dezembro no Caribe mexicano para negociar acordos e compromissos que permitam cumprir as metas estabelecidas para 2020.

"Não vamos cumprir o Plano Estratégico (aprovado em 2010) se não fizermos uma mudança e puxarmos a vontade política dos ministros" de outras pastas além da de Meio Ambiente, disse Hesiquio Benítez, da Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da Biodiversidade, do México.

Assim, o México - como anfitrião - vai reunir líderes dos setores agrícola, florestal, pesqueiro e turístico, esperando que seus planos e políticas busquem não só os lucros, mas também que os ecossistemas sejam resilientes e que suas comunidades recebam benefícios equitativos.

"Estamos humanizando a biodiversidade, que não é só bonita, exótica e intocável, senão que temos de lidar com ela de maneira responsável", comentou o biólogo Benítez, ao qualificar a proposta de "inovação".

A ideia é injetar financiamento e adaptar os marcos legais para que os empresários agrícolas, florestais, pesqueiros e turísticos continuem crescendo mas de maneira sustentável. Se isto funciona, nas próximas reuniões serão convidadas outras pastas, como a de energia, minas e transporte.

Paralelamente, os prefeitos das maiores cidades do mundo estão reunidos na Cidade do México para chegar a acordos que combatam as mudanças climáticas.

O tempo urgeA ONG ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF) apoiou as metas do Convênio sobre a Diversidade Biológica mas manifestou sua "profunda preocupação" sobre a possibilidade de que estas sejam cumpridas nos quatro anos que restam de prazo.

"As tendências atuais de perda da biodiversidade continuam sendo sumamente alarmantes. Para 2020, quando as metas devem ser cumpridas, (...) é possível que o mundo tenha sido testemunha de uma diminuição de dois terços da população da fauna mundial em apenas meio século", indica a WWF em um relatório.

Segundo a ONG, "atualmente precisamos do equivalente a 1,6 Terras para produzir os bens e serviços que utilizamos todos os anos", aumentando os riscos de crises humanitárias que implicam um menor acesso a alimentos e água potável.

Benítez afirmou que o panorama não é favorável, mas assegurou que "há uma ligeira esperança se há vontade política".

EUA com voz mas sem votoO Convênio sobre a Diversidade Biológica foi ratificado por todos os Estados-membro da ONU, exceto os Estados Unidos.

Este país "vai estar representado. Pediram para estar presentes na Conferência e lhes será dada a oportunidade como país observador. Podem ter voz, mas não voto", disse Benítez.

Há alguns dias, foi realizada em Marrakesh a 22ª Conferência da ONU sobre o Clima, em meio a incertezas pela chegada à presidência dos Estados Unidos de Donald Trump, que chegou a qualificar as mudanças climáticas de "mito".

Os ambientalistas temem que no mandato de Trump, os Estados Unidos se retirem da convenção da ONU sobre o clima, renunciem a limitar as emissões de gases do efeito estufa procedente principalmente da queima de combustíveis fósseis e deixem de financiar as energias limpas nos países em desenvolvimento.