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Mineiro resgatado no Chile em 2010 está internado em clínica psiquiátrica

25/08/2017 18h14

Santiago, 25 Ago 2017 (AFP) - O mineiro chileno que escreveu a famosa mensagem "Estamos bem no refúgio os 33", prova de vida que culminou no bem sucedido resgate dos 33 mineiros do Atacama em 2010, está internado em uma clínica psiquiátrica, segundo seus ex-companheiros de confinamento.

José Ojeda, de 53 anos, que escreveu que o anúncio ao mundo que ele e seus companheiros estavam vivos após o desmoronamento que prendeu eles a 600 metros de profundidade, continua internado há dois meses em um recinto médico em Santiago.

"Falei com ele na semana passada, e ele me disse que se encontra melhor. Ele caiu em depressão, tomou muitos remédios e misturava com álcool, e isso começou a lhe trazer graves problemas", disse o mineiro Carlos Barrios ao jornal La Cuarta de Santiago.

"Ele está em processo de tratamento relativamente bem. Tem um problema psicológico relacionado ao tema do acidente (na mina) e alguns problemas cotidianos, como a falta de trabalho", afirmou ao mesmo veículo o mineiro Omar Reygadas.

Várias mensagens foram enviadas do fundo da mina, mas o papel escrito por José Ojeda foi o único encontrado pelo operários que trabalhavam no resgate em 22 de agosto de 2010, quando já não tinham muitas esperanças.

Os 33 mineiros tinham ficado presos 17 dias antes, em 5 de agosto, enquanto eram buscados com sondas. Nem os operários, nem as famílias estavam muito otimistas, mas a aparição do bilhete mudou tudo.

"Não era a única mensagem. Foram várias mensagens, os primeiros escreveram com caneta", contou à AFP o próprio Ojeda, um ano depois do resgate.

O papel veio à tona atado a uma sonda pelo estreito tubo que conseguiu contactá-los no fundo da mina San José. Primeiro, foi encontrado por um operário, depois tomado pelo então ministro da Mineração, Laurence Golborne, e finalmente o presidente Sebastián Piñera mostrou ao mundo.

"Isso saiu hoje das entranhas da terra", disse emocionado Piñera. "É a mensagem de nossos mineiros, em que nos dizem que estão vivos, que estão juntos", completou o mandatário.

"Realmente, eu não vejo como uma mensagem, é um informe técnico. Com os anos que trabalhei com mineração, sabia perfeitamente que se acontecesse algo tinha que dizer a quantidade de pessoas e o lugar em que estávamos localizados", afirmou o mineiro, que doou a mensagem original ao museu do Atacama.

Outros mineiros também sofrem as consequências do duro trabalho na mineração. Mario Gómez, o mais velho do grupo, continua internado em uma clínica no Atacama por causa da silicose - uma espécie de pneumonia causada pela inalação excessiva de sílica, elemento que constitui a areia.