IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

América Latina se recupera, mas Venezuela despenca, segundo FMI

17/04/2018 13h58

Washington, 17 Abr 2018 (AFP) - A América Latina vai manter sua recuperação neste ano e no próximo, com uma melhora sensível do Brasil, a maior economia da região, mas com uma queda pronunciada da Venezuela, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) em sua mais recente projeção divulgada nesta terça-feira (17).

"A recuperação na América Latina e no Caribe está se fortalecendo, e se prevê que o crescimento da região aumente de 1,3% em 2017 para 2% em 2018 e 2,8% em 2019", apontou o FMI em seu Panorama Econômico Mundial de abril.

Esta expansão é menor do que o crescimento esperado da economia global, de 3,9% neste ano e no próximo, mas traz sinais de otimismo: a região fortemente afetada pela queda dos preços de matérias-primas entre 2014 e 2016 continuará sua reativação gradual, segundo o Fundo.

O Produto Interno Bruto (PIB) se expandirá especialmente no Brasil e no México, com crescimento moderado na Argentina e um panorama pessimista na Venezuela.

A recuperação do consumo e do investimento apontam para a melhoria da situação no Brasil, onde o Fundo estima um aumento de 0,4 ponto em relação à projeção de janeiro para o ano, bem como para 2019.

"Após uma profunda recessão em 2015 e 2016, a economia do Brasil voltou ao crescimento em 2015 (1%) e deve melhorar para 2,3% em 2018 e 2,5% em 2019, auxiliada por um consumo privado e um investimento mais fortes", afirma a entidade.

Apesar da recuperação econômica, o desemprego continuará sendo uma grande preocupação no Brasil, com 11,6% em 2018 e 10,5% em 2019, alertou o FMI. Já a inflação - atualmente em 2,68% no acumulado de 12 meses - deve se manter sob controle.

- Incerteza eleitoral -O FMI também destacou a expansão no México, onde prevê um PIB de 2,3% em 2018 e de 3% em 2019, após crescer 2% em 2017. A economia mexicana se beneficiará da melhoria dos Estados Unidos e da execução de reformas estruturais, afirmou.

"No México, a implementação de certos aspectos da ampla agenda de reformas aprovada há anos avançou bem, inclusive nos setores de energia, finanças e telecomunicações", apontou.

Neste sentido, o FMI mencionou o impacto econômico das eleições deste ano em Brasil, México e Colômbia.

"A incerteza política aumenta os riscos na implementação de reformas, ou a possibilidade de reorientar agendas políticas", alertou.

O Fundo ainda citou reformas tributárias aprovadas na Argentina no fim de 2017, consideradas "um guia para a disciplina fiscal". Contudo, disse que serão necessários "mais cortes" de gastos para alcançar as metas de déficit primário.

O FMI projeta que o crescimento da Argentina passe de 2,9% em 2017 para 2% em 2018. Esta estimativa é 0,5 ponto menor que a de janeiro, graças ao efeito da seca sobre a produção agrícola e ao ajuste para melhorar a sustentabilidade das finanças públicas e reduzir a alta inflação (prevista em 22,7% em 2018 e 15,4% em 2019).

A Argentina se recuperará gradualmente, a 3,2% em 2019, estimou o organismo.

- Deterioração de Venezuela -O FMI destacou a magnitude da crise econômica e humanitária na Venezuela, "cada vez maior desde 2014" no âmbito do colapso da produção e exportação de petróleo.

O PIB venezuelano deve cair 15% em 2018 e 6% adicionais em 2019, "uma revisão significativa para baixo em comparação com as quedas projetadas no Panorama Econômico Mundial de outubro (de -9% e -4%, respectivamente)", afirmou o Fundo.

A inflação galopante, de 1.087,5% em 2017, chegará a 13.864,6% em 2018 e a 12.874,6% em 2019, apontou. Espera-se que o desemprego passe de 27,1% em 2017 para 33,3% em 2018, podendo chegar a 37,4% em 2019.

A Venezuela, o país com as maiores reservas de petróleo do mundo, teve "uma deterioração mais rápida do que o esperado" em sua produção, que era de 2,38 milhões de barris diários (mbd) de petróleo em 2016.

"A última cifra de produção é de 1,62 mbd em dezembro de 2017, e muitos esperam que diminua a cerca de 1 mbd ao fim de 2018", apontou.

O FMI disse em janeiro que, se as previsões forem confirmadas, a economia da Venezuela experimentaria um recuou de quase 50% nos últimos seis anos.