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Greenpeace encontra recifes amazônicos em áreas petroleiras da Total no Brasil

17/04/2018 19h57

Brasília, 17 Abr 2018 (AFP) - A ONG ambientalista Greenpeace afirmou nesta terça-feira que o recife de coral descoberto na foz do rio Amazonas, ao norte de Brasil, se estende também por áreas onde o grupo francês Total pretende buscar petróleo.

A formação coralina de água doce foi descoberta em 2016, mas agora cientistas a bordo de um barco do Greenpeace constataram "evidências" de que sua extensão é maior do que pensavam e abrange áreas de prospecção da Total, a 120 km da costa norte do Brasil.

"A descoberta prova a existência de uma formação de recife na área e invalida o Estudo de Impacto Ambiental da Total, que afirma que a formação de coral mais próxima está a oito quilômetros de um dos blocos de petróleo", detalha o comunicado da ONG.

Contatada pela AFP, a Total se negou a fazer comentários.

"Agora que sabemos que a extensão dos recifes se sobrepõe ao perímetro dos blocos da Total, não resta outra opção ao governo brasileiro que negar à companhia a licença para extrair petróleo na região", afirmou Thiago Almeida, chefe da campanha "Defenda os corais da Amazônia" da Greenpeace.

Os pesquisadores descreveram a área recém-explorada como uma região de rodolitos, algas coralinas que compõem o habitat dos recifes.

"Quanto mais pesquisamos sobre os recifes do Amazonas, mais descobrimos. Ainda sabemos muito pouco sobre este fascinante ecossistema, mas o conhecimento que temos até agora indica que a extração de petróleo nesta área poderia danificá-lo seriamente", acrescentou o oceanógrafo Fabiano Thompson, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A Total se associou em 2013 com a britânica BP e a brasileira Petrobras para comprar blocos de exploração na foz do Amazonas. Mas ainda não obtiveram a autorização das autoridades para iniciar o trabalho.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) fez um grande número de observações ao estudo de impacto ambiental da Total, em particular sobre a possível dispersão de poluentes na área que pretende explorar.

O governo suspendeu até 2019 o processo de licitação à espera de uma conclusão do processo de licenciamento ambiental.