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Starbucks fechará lojas nos EUA para capacitar equipe contra racismo

17/04/2018 17h26

Nova York, 17 Abr 2018 (AFP) - A Starbucks anunciou nesta terça-feira (17) que fechará mais de 8.000 lojas nos Estados Unidos na tarde de 29 de maio para realizar uma formação contra o racismo após a prisão de dois homens negros em um de seus estabelecimentos.

A decisão tem a intenção de responder a uma onda de indignação nos Estados Unidos e convocações de boicote após a detenção de dois homens que ainda não haviam consumido nada e esperavam um amigo em uma cafeteria na Filadélfia, situação gravada em vídeo que se tornou viral nas redes sociais.

"Passei os últimos dias na Filadélfia com a minha equipe de liderança ouvindo a comunidade, aprendendo o que fizemos de errado e os passos que temos que dar para solucionar", disse o presidente da empresa, Kevin Johnson.

"Embora não se limite a Starbucks, estamos comprometidos a sermos parte da solução", acrescentou em um comunicado publicado no site da empresa, fundada em 1971 e que tem mais de 25 mil lojas em todo o mundo.

A formação envolverá os 175 mil funcionários em todo o país e foi pensada "para enfrentar preconceitos, promover a inclusão, prevenir a discriminação e assegurar que todos dentro de uma cafeteria Starbucks se sintam seguros e bem-vindos".

O ex-procurador-geral Eric Holder e Bryan Stevenson, fundador da ONG Iniciativa para uma Justiça Equitativa e um advogado de fama internacional que defende condenados à morte, se destacam entre os especialistas consultados para projetar a capacitação, indicou a Starbucks.

- Desculpas não bastam -Embora Johnson já tenha pedido desculpas aos dois homens detidos, o prefeito da Filadélfia, Jim Kenney, considerou que isso não era suficiente e ordenou investigar as práticas da empresa.

O vídeo da prisão, que teve mais de 10 milhões de reproduções e foi divulgado por uma cliente branca da Starbucks, Melissa DePino, mostra vários policiais interrogando e depois algemando os dois homens negros, que não resistem.

Em primeiro plano, um homem branco, também cliente, questiona a detenção e pergunta repetidamente a um policial: "O que eles fizeram? O que eles fizeram?"

"Chamaram a polícia porque esses dois homens não haviam pedido nada. Estavam esperando que um amigo aparecesse, que chegou enquanto os levavam algemados por não fazerem nada. Todo o resto de pessoas brancas perguntaram o porquê nunca aconteceu algo assim conosco quando fizemos o mesmo", tuitou DePino.

A advogada dos detidos, Lauren Wimmer, disse ao canal CBS que os dois estavam esperando que outra pessoa chegasse para uma reunião de negócios.

O delegado de polícia da Filadélfia, Richard Ross, que é negro, disse que a polícia recebeu uma chamada do número de emergência de um funcionário do Starbucks por invasão.

Ross disse que os agentes "educadamente" pediram que os dois homens saíssem da cafeteria, antes de finalmente prendê-los.

Os dois foram liberados quando a Starbucks não apresentou acusações.

"Aguardar em uma Starbucks se for negro é crime?", questionou no Twitter o baterista Questlove, do grupo Roots, com a hashtag "#NuncaMais @Starbucks".